Francis Collins (1950 .... )
O perfil de Francis Collins. Francis Sallers Colins nasceu em 14 de abril de 1950 no vale do Shenandoha na Virgínia onde viveu a infância e adolescência. Foi educado pela mãe e aos 16 anos entrou na universidade da Virgìnia. Começou os estudos orientados para a Química. Mudou para a Biologia e depois para Medicina na Universidade da Carolina do Norte. Obteve o Ph.D em Física e Química na Universidade de Yale em 1974. Munido com sólidos conhecimentos de Bioquímica especializou-se em DNA e RNA. Formou-se em Medicina em 1977 na Universidade da Carolina do Norte e de 1978-1981 trabalhou como residente e chefe dos residentes no Memorial Hospital em Chapel Hill. Ele mesmo conta que foi agnóstico até aos 21 anos e depois, até os 27 ateu convicto. O trato com os pacientes do hospital colocou-o em contato com pessoas comuns, com o mundo do quotidiano do povo, com seus dramas, incertezas, sofrimentos, pequenas alegrias e a fé sólida de muitos deles. Aos poucos a convicção no ateísmo foi perdendo força até ser substituída por uma sincera crença em Deus. De então em diante não perdeu nenhuma ocasião para deixar claro ao público em geral, aos ateus, aos cientistas e ao mundo da intelectualidade em todos os seus níveis e especialidades, que não há nenhuma contradição em ser uma das maiores referências, senão a maior, em Genética Médica e crer em Deus. O momento mais importante, a consagração do Dr. Collins aconteceu por ocasião da apresentação oficial pelo Presidente Clinton, do mapa do Genoma Humano, projeto liderado pelo pesquisador. O mapa do genoma humano apresentado solenemente pelo Presidente foi classificado por ele como sendo “o mapa mais extraordinário e mais importante já produzido pela humanidade”. O comentário do Presidente, porém que deixou uma impressão profunda no público e de modo especial nos cientistas e no Dr. Collins foi: “Hoje estamos aprendendo a linguagem com que Deus criou a vida. Ficamos ainda mais admirados pela complexidade, pela beleza e pela maravilha da dádiva mais divina e mais sagrada de Deus” (A Linguagem de Deus, p. 10). A esta declaração do Presidente Clinton, o Dr. Collins acrescentou o seguinte comentário:
Será que eu, um cientista rigorosamente treinado, fiquei desconcertado com uma referência religiosa tão espalhafatosa, feita pelo presidente dos Estados Unidos num momento como aquele? Fiquei tentado a mostrar-me irritado ou olhar envergonhado para o chão? Não, nem um pouco. Na verdade, eu trabalhara como o redator do discurso do presidente naqueles dias de frenesi que precederam o evento, e fui enfático em meu apoio à inclusão desse parágrafo. Quando chegou o momento em que precisei acrescentar algumas palavras de minha autoria, fiz coro com esse sentimento: É um dia feliz para o mundo. Para mim não há pretensão nenhuma, e chego mesmo a ficar pasmo ao perceber que apanhamos o primeiro traçado de nosso manual de instruções, anteriormente conhecido apenas por Deus.
O que se passava lá? Por que um presidente e um cientista no comando do anúncio de uma marco da Biologia e da Medicina, se sentiram impelidos a evocar a conexão com Deus? Não existe um antagonismo entre as visões do mundo científico e espiritual? Ambas não deveriam, ao menos, evitar aparecer lado a lado no Salão Leste? Quais os motivos para evocar Deus nesses dois discursos? Poesia? Hipocrisia? Uma tentativa cínica de bajular as pessoas religiosas ou de desarmar as que talvez criticassem o estudo do genoma humano como se este reduzisse a humanidade a um maquinário? Não. Não para mim. Muito pelo contrário. Para mim, a experiência de mapear a sequência do genoma humano e descobrir o mais notável de todos os textos foi, ao mesmo tempo, uma realização científica excepcionalmente bela e um momento de veneração. (Collins, 2007, p. 11)
Para o Dr. Collins não há nenhuma incompatibilidade entre a Ciência e a Fé. Pelo contrário, as duas são complementares e a Verdade é possível somente quando as Ciência Naturais, as Ciências do Espírito, as Ciências Humanas, as Letras e Artes se decidem a compartilhar seus dados, e num clima de espíritos desarmados, com humildade, com respeito mútuo, se aliarem para, num esforço comum, construírem o conhecimento que tem como objetivo último o encontro com a Verdade. Acontece que a Verdade só é possível pela confluência harmônica das muitas contribuições oferecidas por todos os campos do conhecimento. “Doctrina multiplex, Veritas una” – “Muitas são as doutrinas, a Verdade uma só”, já diziam os antigos romanos