Reflexões sugeridas pela Encíclica Laudato si - 31 -

Proteção à Natureza

Depois de nos termos alongado numa análise que teve como finalidade chamar a atenção para o bem estar material e espiritual da humanidade, chegou o momento de refletir sobre possibilidades e ações de proteção efetiva da natureza, da “nossa casa” conforme a Encíclica do Papa Francisco. De passagem já tocamos várias vezes no assunto. A pergunta resume-se no seguinte: o que pode ser feito de concreto depois que a agressão chegou aos extremos em que nos encontramos? Evidentemente não tem mais como recuperar as espécies extintas. Está nas nossas mãos, entretanto, evitar a perda daquelas que correm sério risco e cuidar que as outras não cheguem ao limite da resistência. Trata-se de um desafio de bom tamanho para não dizer grandes proporções. Encontramo-nos na situação que a agressão à natureza chegou a um nível em que “desperta a dor perante a destruição de suas feições naturais, e o desejo de as conservar, senão no seu conjunto, ao menos em alguns lugares e nos traços mais característicos”. (Rambo, 1942, p. 338). Essa sentença parece resumir o que pode e deve ser feito. Mas o tempo urge e medidas eficazes não podem esperar ou serem empurradas para as “calendas de março” ou para um futuro a perder de vista. À primeira vista, o caminho a ser percorrido é óbvio. Resume-se em salvar as espécies em risco de extinção, preservar os habitats  e ecossistemas naturais, empenhar-se em recuperar o que foi danificado e permitir que ecossistemas se restaurem em áreas degradadas. Vamos passo a passo.

O salvamento de espécies em sério risco  de extinção, está intimamente condicionado pelo habitat ou ecossistema natural do qual dependem. Sendo assim torna-se urgente proteger essas áreas do avanço predatório da atividade humana. Nesses verdadeiros santuários a presença do homem deve ser reduzida ao mínimo para não interferir na harmonia do ambiente e assim não perturbar a rotina do acontecer da vida em toda a sua riqueza e complexidade. Na prática relembramos os “hot spots” – “os pontos quentes” de Edward Wilson”, analisados mais acima. Na condição de autênticos santuários da natureza exigem serem tratados como tais, com a reverência, o respeito e a devoção do sagrado. Sob hipótese alguma podem ser abertos à visitação de um público indiscriminado, o que demandaria uma infraestrutura que perturbaria  o  ir e vir do ritmo entregue aos  preceitos da natureza. Em princípio a visita a esses “pontos quentes” deveria permitir-se apenas a pesquisadores devidamente credenciados. De mais a mais a inviolabilidade desses ecossistemas, desses santuários da natureza, só poderia ser confiada a guardas florestais devidamente treinados. Além de guardá-los intactos, bem vindo seria ampliação de suas áreas entregue à própria capacidade de recuperação. A utilidade dessa política de preservação é óbvia. O acontecer da natureza pode ser observado e entendido no seu laboratório original.

 A criação de parques e reservas naturais complementam os cuidados pela preservação. Os parques  são áreas maiores características, em linhas gerais não degradas pela presença do homem, de tamanho considerável – mil ou mais quilômetros quadrados, - postas sob a jurisdição pública, nacional ou regional. Diferentes dos “pontos quentes”  são postos à disposição do público para “o lazer e o recreio do povo”, como foi definido pela lei que criou os parques nos Estados Unidos. Pela sua própria natureza os parques e reservas naturais coincidem de um lado com a finalidade dos “pontos quentes” e do outro divergem. Coincidem pelo objetivo preservacionista. Tanto os parques quanto as reservas destinam-se à manutenção da natureza em seu estado original. E manutenção no seu estado original não significa apenas não explorar os recursos naturais, proscrever a caça e pesca. Significa também não permitir sons e ruídos que perturbam o sossego dos animais e pássaros que tem o seu hábitat nos parques. Por isso espetáculos, exibições, shows e encontros barulhentos  não podem ser permitidos. O sobrevoo de aviões só em grandes altitudes. Todas essas precauções tem como finalidade uma interferência mínima na sossego e harmonia dos parques e reservas.

Os parques e reservas diferem dos “pontos quentes” por se destinarem, além da preservação, ao recreio e lazer do povo. A legislação americana que disciplina o acesso aos parques prevê que ofereçam condições para que as famílias simples  tenham condições de, por uma ou duas semanas, usufruir o descanso e lazer em contato direto com a natureza virgem. Para atender a esse objetivo as instalações,  alojamentos, restaurantes, etc. são rigorosamente frugais, Hotéis de luxo, cassinos, boates, locais de festas, são impensáveis.

Pelo fato de reunirem numa só finalidade a preservação da natureza e o recreio do povo, os parques são obrigados a oferecer um mínimo de infraestrutura, como vias de circulação, alojamentos, restaurantes, locais de confraternização. Portanto, os parques devem ser lugares para os que passam a maior parte do tempo  em ambientes onde de dia e de noite, são obrigados a respirar monóxido de carbono e sentir o odor do asfalto. terem condições de se reencontrarem consigo mesmos  na harmonia da natureza.

De outra parte oferecem excelentes condições para fazerem o papel de escolas e universidades ao ar livre. Crianças, jovens, adultos e idosos têm muito que aprender no contato direto com a mestra natureza. Sendo assim, é de suma importância que, principalmente, em períodos de maior frequência, ambientalistas em férias ou não, professores, guardas florestais, organizem sessões educativas sobre a história natural do parque. Sob a rubrica: história natural do parque compreende-se sua história e características geológicas, sua fisionomia geográfica e, de modo especial, sua fauna e flora. Além disso os guias tem que estar preparados para informar os visitantes sobre tudo que pode ser observado nas trilhas que percorrem. Num parque de verdade não se toleram hotéis e restaurantes de luxo, cassinos, salões de eventos, pistas de motocross etc. Não entram em questão aeroportos nas imediações e muito menos no perímetro dos parques. Quem não consegue prescindir dessas benesses que fique onde estão disponíveis de qualquer forma.

Enfim, o parque só então será um verdadeiro ambiente de “recreio e lazer”, quando permitir que os visitantes se reencontrem com um cenário  próximo daquele alimentou e abrigou seus ancestrais há centenas e milhares de anos passados. Só então faz sentido se, por algumas horas ou dias consegue fazer perceber as pessoas a agradável lembrança e a nostalgia de um paraíso perdido mas não esquecido. Os parques nacionais, portanto,  “são territórios maiores em que a natureza original permanece intata, aumentando-se-lhes os atrativos com o acréscimo discreto de elementos consoantes, quando for conveniente”. (Rambo, 1942, p. 341). Depois da viagem em 1956 aos Estados Unidos e visitados os grandes parques nacionais daquele país e neles inspirado, o Pe. Rambo consolidou o conceito do que deveria ser um verdadeiro parque.

O parque deve estar à serviço da proteção da natureza e do recreio e lazer do povo. O rico que aparecer deve ser obrigado a viver com a mesma simplicidade que o operário e o colono. As pessoas que não conseguem dispensar o hotel caro, o rádio, a televisão, a dança e o jogo, fiquem onde tudo isso está disponível de qualquer forma. Em nenhum parque jamais escutei um rádio berrando, nem observei um aparelho de televisão, nem percebi música e dança, nem presenciei chás dançantes. De maneira alguma quero afirmar que o americano médio é melhor que nós. Uma coisa é certa. Ele tem mais compreensão, mais decência e mais respeito perante a beleza e tranquilidade da natureza criada por Deus. (Rambo, 2.015, p. ?)

No rol da proteção e preservação permanente constam ainda os assim chamados “monumentos naturais”. Como tais entram em questão árvores de grande beleza e tamanho, como são as figueiras nativas. Na Europa aldeias e cidades preservam com devoção carvalhos milenares, às vezes a custos elevados. Na Itália os pinheiros romanos emprestam à paisagem um que de nostalgia histórica. As gigantescas e várias vezes milenares sequoias dos parques americanos são conhecidas pelo mundo afora. Um exemplar de extraordinária beleza e tamanho de pinheiro da Califórnia, conhecido como “red wood” – “madeira vermelha” – é religiosamente preservado na cidade de Palo Alto – “cidade da árvore alta”. O culto à árvores chegou ao ponto de cidades tornarem carvalhos donos legais de ruas, de papel passado e tudo o mais.

Entre os monumentos naturais que merecem destaque enumeram-se  acidentes geográficos e formações geológicas de perfil estético e beleza especial além do interesse científico. Espalhados pelo mundo afora há centenas e milhares deles. Lembrando apenas alguns: os segmentos mais característicos das cadeia de montanhas; montanhas familiares a qualquer pessoa com mínimo de instrução: o Everest, o Aconcágua, o Osorno, o Vila Rica, O Materhorn, o Fuji, o Kilimanjarro, o Vesúvio, o Etna, o Stromboli, só para mencionar alguns; formações geológicas de impacto como o Grand Canyon, o Taimbezinho, o Fortaleza, os morros de tabuleiro no sudoeste do Rio Grande do Sul, o Sapucaia, o Itacolumi, o Botucarai e por ai vai.

Tenho a impressão  que, com as reflexões que vimos fazendo até aqui, ficou claro o que se entende por proteção à natureza e suas modalidades quando postas em prática. A menor ação que for feita nesse sentido, contribui par saldar a dívida que a humanidade contraiu pelo exagero na exploração dos recursos naturais e pela agressão pura e simples perpetrada contra “a nossa casa”. De outro lado faz parte também da responsabilidade que a atual geração tem para com as futuras. Concluímos as reflexões sobre esse capítulo da Encíclica Laudato si, do Papa Francisco. com a conclusão final do Pe. Rambo no seu livro A Fisionomia do Rio Grande do Sul.

Ali, nos mirantes mais altos do Rio Grande do Sul, com as forças milenares da erosão a trabalhar diante dos olhos, com os temerosos abismos dos Canyons aos pés, com o pinhal, a mata branca e o campo, tão rio-grandenses, em derredor, com o oceano no horizonte, as gerações do futuro nos hão de agradecer a piedade e reverência, com que conservamos as mais grandiosas paisagens da nossa terra. (Rambo, 1942, p. 342)



Reflexões sugeridas pela Encíclica Laudato si - 30 -

Depois de descrever as diversas modalidades do “belo ameno” que se manifesta na harmonia das formas características de cada paisagem, os sentimentos e as emoções que desperta, leva a uma contemplação da natureza que resulta em tranquilidade, harmonia, satisfação, e repouso. Enfim, a harmonia das paisagens reflete-se na alma devolvendo-lhe a sensação de paz e equilíbrio. Já o “belo grandioso” impacta sobre a alma assustando-a ao mesmo tempo que a encanta. O encanto  do susto num misto de arrebatamento estético revolve as entranhas mais profundas do ser, do mistério, do acontecer na natureza. Esses componentes aparentemente contraditórios levam a perceber o fascínio e, ao mesmo tempo a grandiosidade e o assustador de paisagens e dos fenômenos naturais.

Passando da teorização para a realidade concreta, os fenômenos naturais capazes de  despertar  a sensação do belo grandioso ocorrem nas mais diversas modalidades: em tempestades, montanhas, cataratas, grandes florestas, oceanos, abismos, inundações, terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis ... O elemento assustador associa-se em muitas vezes à grandiosidade do espetáculo, resultando num misto de temor e  fascínio. É isso que faz uma pessoa contemplar o movimento do oceano; observar a aproximação de uma tempestade; um abismo insondável, a erupção de um vulcão. “Nunca o ser humano tanto se aproxima de si mesmo e do mundo, do que quando se deixa arrastar pelo imenso mar-oceano do belo” (Rambo, 1994, p. 222). Maria Rohde, descreveu um cenário desses, tendo novamente o rio Uruguai com centro.

Ao nosso lado estendia-se por toda a largura do rio e na frente sua gigantesca superfície avançando até onde a vista alcançava. Estávamos acomodados no fundo da canoa e deixamos que o poderoso espetáculo nos impressionasse, As crianças que nunca tinham visto algo maior que o Taquari, estavam fora de si diante da grandeza do caudal. Mil coisas ocupavam sua  atenção.  Ora eram os peixes que davam saltos ousados perto da canoa, ora era a  vegetação romântica e selvagem nos barrancos, ora árvores desconhecidas e, somando a tudo, a impressão avassaladora do conjunto  fez com que nessa primeira viagem pelo Uruguai, não se esquecessem do menor detalhe. Só enxergavam o grandioso todo desse gigantesco panorama da floresta virgem. Até onde alcançava a vista, sucediam-se as ondas que subiam e desciam, formadas pela floresta sempre verde e, no meio dela avançava, tranquila e alegre, a lâmina prateada do grande rio. (Rohde, 1950, p. 49).

Mais acima chamamos à atenção para alguns dos espetáculos da natureza capazes de despertar o estado de espírito do Belo grandioso. Em determinados casos o grandioso vem associado ao assustador. Entre esses espetáculos da natureza enumera-se terremotos, erupções vulcânicas, inundações de dimensões catastróficas ... Entre esses exemplos a maioria é episódica ou restrita a algumas circunstâncias geográficas e/ou geológicas regionais ou locais. Sendo assim um número limitado de observadores tem o privilégio de vivenciar o seu potencial estético, grandioso ou assustador. Entre eles o mais universal são as tempestades. São tão comuns quanto populares por ocorrem em muitas e vastas regiões da terra com circunstâncias climáticas favoráveis. Sob a denominação de tempestade catalogam-se diversas categorias de acordo com seu potencial estético e assustador. No topo da lista estão os tsunamis e os furacões de alto potencial de destruição. Nas trovoadas  tão comuns aqui no sul do Brasil nota-se um certo equilíbrio entre o belo grandioso e o assustador. Vale a pena reproduzir como exemplo a descrição de um temporal de verão sobre Porto Alegre, registrada pelo Pe. Rambo no seu diário de 3 de julho de 1946.

Sobre os montes do outro lado do rio subia negra parede de nuvens. Enquanto eu atravessava a mata um trovão surdo e prolongado ecoou sobre a planície. ( ... ) Retirei-me do mato e sentei-me no alpendre da velha casa de madeira, Por cima do rio que escurecia, rolavam vapores de nuvens branco-cinzentas. Nas alturas do céu cruzava um lista densa de neblina, que com boa velocidade ascendia mais e mais. Adiante, lá no fundo, armavam-se em conjuntos  irregulares, montanhas gigantescas de nuvens, que da cidade avançavam em direção à laguna. E no meio desse jogo furioso de bruma e nuvens, de luz e iminente crepúsculo, uivava sem cessar o Teu trovão. Qual flagelo de chamas coriscavam os Teus raios de uma ponta a outra da fronteira dessa trovoada, baixando tremeluzentes e cintilantes, através da cortina da chuva, em direção à terra. Um estrondo e um rugido contínuo, entremeado por estampidos de trovões que sacudiam a natureza inteira, acompanha a passagem furibunda do Teu carro tonitruante pelas montanhas do matagal de nuvens. A região toda, céu e terra, está imersa em ameaçadora treva, luzes faiscantes e raivosos estalos de trovão. Algo barbaramente grandioso e misterioso falava de dentro da arena, em que se desenrolava a Natureza. Mais e mais a escuridão envolvia a paisagem, ( ... ). Eis que uma leve viração do vento começa a agitar o arvoredo! Seguiu-se um vento morno e forte, fazendo com que as copas dos eucaliptos se arqueassem e inclinassem  e as primeiras gotas estalaram sobre a folhagem e o telhado. Por cima estourou o estrondo de um trovão, que fez tremer a cassa toda. E começou a chuva, um aguaceiro pesado, regional, fustigado pelo vento que, em questão de minutos converteu tudo em correntes, despejando água e mais água, como se fossem eternas e inesgotáveis as Tuas nuvens. De quando em vez, uma breve pausa. Logo mais um novo relâmpago, seguido de trovão, fazia as Tuas quedas de água esbravejarem. (Rambo, 1994, p. 261-262).

Depois de descrito o fenômeno o autor faz uma reflexão na qual procura entender o que age por trás deste e de outro fenômenos com potencial de impacto semelhante sobre o existencial mais íntimo do observador. Para começo de conversa é preciso não se esquecer, que o Pe. Rambo parte da premissa de que a Natureza é obra da Criação. Atrás do ser e acontecer dela age um Criador e ponto final. A estética, a harmonia e o belo que se observam e vivenciam não passam de infinitas formas e modalidades da Natureza, refletindo a beleza e a harmonia do protótipo Divino. Em outras palavras a Natureza é O livro aberto da Revelação. Esse caminho de que se vale para revelar-se aos homens, inspirou São Paulo ao escrever os versículos 19 e 20, do capítulo primeiro da Carta aos Romanos: “Porque o que se pode conhecer de Deus lhe é manifesto a eles: porque Deus lho manifestou. Na verdade, as perfeições invisíveis de Deus se tornaram visíveis depois da criação do mundo pela consideração das obras que foram feitas: e assim também seu poder eterno e sua divindade, de tal sorte que são eles inescusáveis”.

O notável nesses versículos é a definição de Revelação Natural sem a intermediação de uma tradição específica, viciada  pelos cacoetes inevitáveis  das diferentes cosmovisões  histórico-culturais, como por ex., a judaico-cristã. Em outras palavras. São Paulo não se meteu a ensinar como Deus criou a natureza. Apenas ensina que Seus atributos permeiam e iluminam a natureza como um todo e os seres vivos em particular, de maneira que qualquer pessoa de espírito desarmado é capaz de perceber. E se Deus se manifesta nas criaturas a lógica manda conclui que foi Ele que de alguma forma as criou. A criação direta e imediata de cada espécie em particular como ensina o fixismo foi descartada pela ciência. Superadas foram também as hipóteses que defendem a intervenção direta de Deus em momentos da história da vida em que a ciência e a razão não tem respostas convincentes: a explicação pelo “Deus ex machina” ou pelo “Design inteligente”. Para São Paulo a criação é um fato. Como se deu esse acontecimento, se foi uma única vez quando o “estofo” do universo” se fez realidade no começo de tudo, ou em mais momentos da história do mundo e da vida, é tarefa da Filosofia e da Ciência. Cabe aos dois aliarem-se num esforço comum e solidário, esclarecer essas questões. Qualquer resposta que apresentarem não mexe no essencial: A Natureza é obra do Criador  e o Criador se manifesta através dela.

Todo o acúmulo do saber é inútil, a não ser que, a semelhança da árvore, enterre suas raízes no solo materno do Teu mistério cósmico, lá onde os Teus mananciais jorram para dentro da vida eterna. Toda a Ciência acaba na soberba Faustina, se não navegar pela corrente do Eros controlado, buscando o que é verdadeiro, bom e belo e abraçando todas as  criaturas com amor nupcial. A pesquisa e a ciência só enriquecem o homem, quando lá embaixo, nas últimas radículas do ser, se entrelaçam e absorvem sua seiva vital de mananciais do Ser como tal. (Rambo, 1994, p. 308).

Se a natureza em si, pelas suas formas, paisagens, cenários e elementos individualizados, é capaz de  estimular a sensação do belo em todas as intensidades, a presença do homem e suas obras, acrescem tonalidades singulares ao belo natural. É difícil localizar uma território geográfico maior onde a presença do homem não conta séculos e milênios. Por tudo que já vimos refletindo até aqui, chega a ser redundante chamar a atenção que a saga das civilizações mascarou profundamente o chão em que se consolidaram. Essa simbiose entre as civilizações e seu chão, resulta num belo todo particular.  Não só particular mas em todas  as sua intensidades. Avaliado sob esse viés, os vestígios e as obras que marcam a presença do homem na história falam uma eloquente linguagem. A sensação do belo que despertam vão do lírico e romântico, ao grandioso, misterioso e assustador. Os exemplos são muitos. Podem ser admirados nos lugares mais impossíveis como na ilha da Páscoa isolada no Pacífico Sul. Não é só a imponência daqueles personagens esculpidos em monoblocos, pesando toneladas. Contemplando essas esculturas a  imaginação começa a viajar em busca da origem e identidade do povo daquela ilha perdida nos confins do oceano. Donde e como chegou até lá, de que se alimentavam, qual o estágio de tecnologia de que dispunham para esculpir aqueles blocos de rocha maciça. Aquelas  figuras em pedra enfileiradas no descampado pareciam em atitude do último adeus aos seus artífices. Aquelas estátuas olhando para o oceano a perder-se no horizonte, falavam mais alto do que qualquer contador de histórias ou documentos escritos. Por séculos, quem sabe, por milênios, a ilha foi a pátria de uma estirpe de homens e mulheres de um respeitável nível cultural. O imaginário, o mítico, o místico fala uma linguagem carregada de significados através da fisionomia impassível daqueles gigantes talhados em rochas vulcânicas.

E o que dizer dos templos, pirâmides e esfinge do Egito? Principalmente as pirâmides e a esfinge sentinela daqueles monumentos que há milênios dominam a paisagem da entrada do grande deserto. Também eles dão testemunho de um povo que dominava a arte de calcular, a astronomia, técnicas avançadas de extração de pedras de grande volume e peso, seu transporte por quilômetros até ao local da construção e sua elevação a dezenas de meros de altura. Os colossos rigorosamente geométricos e orientados de acordo com referências  astronômicas, dão testemunho de um povo com conhecimentos profundos de matemática, engenharia e astronomia. E o que mais impressiona no cenário das pirâmides é a esfinge com sua expressão enigmática. Os autores desses monumentos fúnebres alertam o homem do século XXI para um imaginário que tem a morte como referência central. Dizem respeito à pergunta existencial que todos os povos de alguma forma tentaram responder: a morte é fim da existência ou a transição, a passagem para uma outra dimensão? Esses monumentos que dominam o cenário da entrada do maior dos desertos da terra, falam mais alto do que os papiros com seus hieróglifos. São testemunhos mudos mas eloquentes da perenidade do “humano” no homem que perpassa todos os tempos. É, sem dúvida uma paisagem humanizada de um belo grandioso excepcional.  Aliás o deserto em si, independente de obras humanas é de um belo que mexe fundo na alma de quem o consegue captar. Cabe aqui a observação de um idoso e experimentado guarda dos parques nacionais norte-americanos. “Há quase 50 anos estou a serviço nos parques e conheço todos os parques nacionais do país. O maior prazer sinto no deserto. Aí Deus está mais perto”. (Rambo, 2.015, p, 314).

No Egito os templos e, principalmente, as pirâmides conferem à paisagem a sensação do belo grandioso. Esse papel cabe também aos monumentos megalíticos espalhados pela Europa. Como as pirâmides são monumentos fúnebres, o que lhes empresta diante mão a aura de belo grandioso envolto em mistério. Aquelas estruturas de blocos maciços  de muitas toneladas, podem parecer aos imediatistas do século XXI como um desperdício no mínimo desnecessário. Sendo monumentos funerários, porém, são majestosas testemunhas de  culturas que, à sua maneira tornaram perene a compreensão que tinham da morte como um acontecimento da existência do homem que sugere perenidade. Dispersos pela paisagem falam uma linguagem eloquente de povos e culturas do passado que se faziam as mesmas perguntas que ainda hoje fazemos; a morte é o fim de uma existência ou a passagem para um outro nível? Os monumentos que chegaram até nós, provam que  seus idealizadores e construtores acreditavam, sinceramente de que se tratava do momento de uma passagem e por isso merecia ser imortalizado com blocos de rochas maciças, o que para eles materializava a perenidade e/ou a imortalidade. Permanece a incógnita como os edificadores desses monumentos conseguiram por em pé blocos daquele tamanho e peso  e sobre eles peças de iguais dimensões para formar portais como em “Stone Henge” na Inglaterra. Também esses monumentos conferem à paisagem um belo profundo, místico ou misterioso.

Poderíamos continuar enumerando obras ou monumentos que o homem deixou implantados na paisagem natural pelo mundo afora desde tempos imemoriais. A muralha da China, as sete maravilhas do mundo antigo, as pirâmides dos Maias, as cidades incas, os castelos e catedrais da Idade Média, o Cristo Redentor do Corcovado e outros mais. E para encerrar esse tópico lembramos ainda a contribuição para o belo grandioso e sobretudo carregado de sentido histórico das ruinas dos Sete Povos no noroeste do Rio Grande do Sul.

A paisagem mais profundamente impressionante é o das antigas reduções jesuíticas. Ali não falta nenhum  elemento humano: os cantos de guerra das tribos guaranis, a entrada épica dos missionários e dos bandeirantes, a cruz de Cristo chantada nos mirantes do “Tape”, a caridade cristã implantada nos corações dos bárbaros, a bondade humana simbolizada na nascente cultura, a malícia humana nas suas formas mais repelentes – florescimento, progresso, abandono e destruição  - ruínas e destroços. E por cima de tudo isso nova vida medra e frutifica nos nossos dias: é um quadro simbolizando todas as fases da atividade e das paixões humanas, (Rambo, 1942, p. 337) 

Depois  dessas reflexões  sobre o estético e o belo  que a natureza oferece numa infinidade de modalidades, é oportuno acrescentar algumas conclusões. Para desfrutar o que há de  belo e estético na natureza pressupõe-se, não um grau esmerado de formação acadêmica, mas um espírito aberto capaz de usufruir dos encantos que a natureza oferece. O privilégio de empolgar-se com o belo na natureza, não é reservado a qualquer um. Não se pode esperar gozo estético do madeireiro que percorre um pinheiral e os avalia em metros cúbicos de madeira ou dúzias de tábuas, nem de um caçador de tocaia para abater uma onça, nem do fazendeiro avaliando o rebanho em arrobas de carne. Enfim a sensibilidade para o estético e o belo não é “o negócio” dos que se aproximam da natureza com a finalidade de auferir resultados econômicos, proveitos políticos, vantagens estratégicas, reconhecimento e prestígio pessoal. De outra parte a percepção do estético e o gozo do belo  está ao alcance  de qualquer pessoa dotada de um mínimo de receptividade, de imaginação e de instinto e de capacidade de farejar os encantos e os mistérios  naturais que a rodeiam. Ricos, pobres, poderosos e humildes, em termos, nivelam-se ao sentirem o pulsar do “humano” contemplando as maravilhas da Criação. A visão de um por se sol, dum campo em flor, duma catarata, duma cachoeira, dum abismo, duma montanha, dum vulcão, duma floresta, do oceano,  ecoa nos arcanos mais profundos do ser humano. Essa capacidade de vivenciar, de gozar, de deleitar-se em contato com a natureza, radica no próprio cerne da existência do ser humano. Irrompe no momento oportuno caso não estiver sufocado por razões às quais já fizemos referência mais acima. Essa relação das pessoas com o habitat natural não é racional, nem irracional. É simplesmente “humana” – “Menschlich”. Esse conhecer e usufruir não segue nem a lógica filosófica nem a lógica científica . O caminho para perceber e conhecer do Belo é a intuição pois, não é mensurável nem quantificável pelos métodos e instrumentos científicos nem racionalizado  pela lógica, assim como “humano” não é quantificável nem reduzível a um silogismo.


Assim o belo da paisagem é senão a expressão o parentesco íntimo do espírito humano com o mundo que o rodeia, e com o Criador que está acima Dele. Tanto a abstração completa do belo na ciência pura, como a projeção do sentimento puramente subjetivo sobre a paisagem, não correspondem à realidade total, essa está na resposta com que a alma simples e sã reage às impressões da paisagem harmônica e grandiosa; a sensação do Belo. (Rambo, 1942, p. 337)

Reflexões sugeridas pela Encíclica Laudato si - 29 -

A tonalidade e a combinação das cores tem um efeito estético fora do comum. O belo que perpassa uma paisagem iluminada como um todo pela combinação de cores abrangendo grandes extensões, dependendo do caso, é capaz de induzir à sensação do belo lírico ou aproximar-se do belo grandioso. Maria Rohde  pioneira na colonização de Porto Novo no extremo este de Santa Catarina, descreveu o cenário que se desdobrou diante dos seus olhos quando aguardava pela travessia do rio Uruguai numa tarde de  dezembro de 1927.

Graças a Deus! Finalmente chegamos! Ao descermos do caminhão ouvimos de todas gargantas profundos suspiros de alívio. O motorista gritou para o outro lado  “Vem-nos atravessar!”. Estupefatos contemplamos o espetáculo na nossa frente. Os últimos raios do sol perto do horizonte rebrilhavam na superfície esverdeada do rio. Não demorou o vermelho e o ouro mergulharam a paisagem toda no púrpura e ouro. Nosso olhar não se cansava. Diante de nós o majestoso caudal refletindo ambas as margens em suas águas tranquilas. Lá na encosta da outra margem a sede da colônia de  Porto Novo. Identificamos nitidamente as simpáticas moradias com seus estilos de construção que faziam-nos uma boa impressão. A clareira na floresta era bem ampla e a nossa estupefação não tinha limites. (Rohde, 1950, p. 45)

Ainda no mesmo mes de dezembro de 1927, num passeio de canoa pelo rio Uruguai, deixou outra descrição do entardecer que merece ser citada.

O melhor de tudo, entretanto, foi a magnífica volta para casa, coroando o primeiro Natal na floresta virgem. Enquanto sentados em absoluto silêncio na estreita canoa, voltando o olhar para trás, para o por do sol, ninguém ousou dizer uma palavra de admiração. ( ... ) Meu marido colocou o remo na canoa e deixamos que a correnteza do meio do rio nos levasse. O verde azul da água foi tomado pelo  vermelho-cobre, depois pelo vermelho-sangue, em seguida pelo violeta. No oeste vislumbravam-se os contornos de figuras inusitadas em meio ao clarão glorioso do sol que se punha. Em ambas as margens o rio refletia a floresta numa tonalidade de ouro profundo, com tamanha nitidez, que pareciam selvas de verdade. Parecia estarmos no mais belo reino de fadas e ninfas que, na forma de peixinhos, subiam e mergulhavam na corrente. Os últimos raios do sol mergulharam no horizonte e tudo ao seu redor, transportou-nos de volta para o reino fantástico dos contos de fada da nossa infância. (Rohde, 1950, p. 66).

Na visita que fez ao Grand Canyon e demais  parques norte-americanos em 1956, o Pe. Rambo antou no seu diário.

Nos dias  seguintes, passei muitas horas no alto, sentado, contemplando o Grand Canyon, no jogo da alternância da luz e cores. Quando os primeiros raios do sol da manhã, vindos da direção do Painted Desert, derramam sua luz sobre os abismos escuros, os rochedos do leste brilham na tonalidade ouro de uma delicadeza impossível de definir, enquanto nas encostas do oeste, os  vales e os abismos jazem mergulhados em cores negro azulados. Pela hora do meio dia as cores fortes vão desmaiando para o amarelo-cinza, o marrom-cinza, o vermelho-ferrugem e o branco. No final da tarde repete-se na sequência inversa a mudança dos jogos de luz e sombra da manhã. Mas o vermelho-dourado da manhã transforma-se em vermelho-púrpura do ocaso. A maioria das fotos coloridas, reproduzidas em livros, foi tirada nesse horário. Deixam a impressão  de que o Grand Canyon veste, por natureza esse manto real colorido. Pouco  depois do por do sol, o vermelho passa para um púrpura escuro e as tonalidades cinza, amarelo e verde se modificam para um azul fantasmagórico, que vai mergulhando cada vez mais na escuridão da noite. (Rambo, 2015, p. 307).

Na contemplação da natureza um dos elementos importantes são pontos específicos que se destacam na paisagem. Atraem a atenção e convidam para a reflexão. São de natureza múltipla esses pontos e se incarnam numa infinidade de modalidades. Atraem a atenção pela maneira singular com que chamam a atenção e convidam para deleitar-se com  a sua beleza. “No meio da multiplicidade das formas, coloridos e agrupamentos, a vista procura um ponto ou uma linha de repouso, na qual possa descansar por um momento, à qual possa como que amarrar suas reflexões”. (Rambo, 1942, p. 334). Pontos de repouso ou de reflexão podem ser identificados em qualquer paisagem. Nos Campos de Cima da Serra, os capões em que algumas araucárias centenárias escaparam à sanha dos madeireiros, são de uma beleza que beira o sublime. Um ou outro fica bem perto da estrada Tainhas-Cambará. Um deles, às esquerda de quem viaja para Cambará, é excepcionalmente belo. As coroas majestosas de meia dúzia de araucárias  seculares elevam-se bem acima do mato branco. Com os galhos curvados para cima parecem sentinelas do planalto em atitude de oração. “Ali, o maior símbolo da floresta é a araucária. Vista de baixo para cima, os galhos parecem tocar o céu. Mas é só desviar os olhos em direção à terra para ver que há raízes fortes encravadas no chão. Rambo costumava dizer que, nesse lugar, à sombra dessa árvore, era a sua pátria no mundo. Talvez visse nos pinheirais a mediação entre o céu e a terra, uma caminho próximo para entender Deus. (Tavares- Dalto, 2.007, p. 12).

Para culturas que se consolidaram à sombra de floretas, espécies de maior destaque transformaram-se em símbolos. No Antigo Testamento fala-se com empolgação dos cedros do Líbano e dos cipreste do Monte Sião. Entre os povos germânicos o carvalho simboliza a solidez do caráter e a tradição profundamente enraizada. Cultos em homenagem aos deuses costumavam ser celebrados sob as copas gigantescas de carvalhos milenares. A história narra o episódio em que São Bonifácio derrubou um desses carvalhos diante do povo atônito, como demonstração prática que o Deus do cristianismo era mais poderoso do que os deuses pagãos. Exemplos encontramos também entre nós no sul do Brasil. A araucária veio a simbolizar personalidades a prova de tempestades, raios, trovões e granizo: “inabalável como um pinheiro!”. A integridade moral tem no cerne da cabriúva a sua referência: “incorruptível como o cerne da cabriúva”. A nobreza tem no louro o seu símbolo: “Seu rosto parecia talhado num tronco de louro”, diziam os pioneiros do extremo oeste de Santa Catarina do Pe. Johannes Rick consolidador daquela fronteira de colonização. A madeira do cedro incarnava algo de místico e por isso  gozava de preferência na confecção de altares e demais móveis nas igrejas. O símbolo da persistência e perseverança apesar de tudo coube à canafístula: “Somos como a canafístula lá o alto do morro. Resiste ao embate de qualquer eventualidade e não se importa se sobre seus galhos andam os quatis ou pousam os urubus”, declarou um velho  colonizador  pioneiro  do  oeste de Santa Catarina.

Há ainda a harmonia dos contrastes “que comunicam à paisagem um elemento novo. Na paisagem natural, seus  elementos estão antes de tudo nas linhas de contato de várias formas de relevo e na distribuição da vegetação”. (Rambo, 1942, p. 334). São exemplos as linhas de transição entre elementos contrastantes de uma paisagem. Os exemplos são muitos. Esse tipo de harmonia pode ser observado e apreciado na transição do campo aberto e os capões no planalto e na mesma paisagem a transição ente o campo aberto e o mato branco com as araucárias que acompanham as bordas dos Aparados da Serra.

A última categoria de paisagens  descrita pelo Pe. Rambo é a paisagem humanizada. A paisagem fruto da harmonia entre as obras do homem no seu habitat natural. Relembrando a metáfora do Papa: a harmonia que resulta da  inserção da moradia humana na “casa  natural” do seu meio geográfico. Em outras palavras. A simbiose harmônica  entre a obra do homem  e seu habitat natural. Essa harmonia desaparece por completo onde a artificialidade  da intervenção do homem na natureza quebrou o equilíbrio entre a obra humana e a obra da natureza. Assim, um floresta devastada, uma metrópole na qual o relevo e a vegetação foram mascarados pela geometria dos traçados, o concreto e o asfalto, falar em harmonia do conjunto só com muita imaginação. O verde das árvores em ruas,  avenidas, praças e parques parecem implorar por um pouco de sol e ar puro, afogados num mar de concreto  e asfalto.  Nem chegam a fazer parte do conjunto. Dão a impressão de intrusos num complexo de cimento armado. No momento em que atrapalham a abertura ou ampliação  de ruas e avenidas, ou se encontram numa área favorável para a implantação de um condomínio a vegetação e as árvores são sumariamente  eliminados. A obrigação legal de compensar a destruição plantando árvores em outro lugar, quando obedecida, não muda nada no dano estético já causado. A harmonia entre a paisagem natural e a presença do homem  só então é real quando “as obras humanas se adaptam ao estilo natural da região, quanto mais a conservação das belezas naturais denota o respeito do homem pelas obras da mão do Criador, tanto mais o sentimento estético nelas se deleita”. (Rambo, 1942, p. 334)

Exemplos da harmonia, da simbioses estética entre a obra da natureza e a obra homem, ainda hoje podem ser apreciados. O Pe. Rambo destaca no Rio Grande do Sul as estâncias da Campanha acomodadas à paisagem, os arrozais distribuídos entre as coxilhas, a paisagem rural no vale do Taquari  as taipas de pedra nos Campos de Cima da Serra. “o belo ameno da paisagem é condicionado a fatores semelhantes aos que se encontram na pintura; e é este o motivo porque a maioria das pinturas de paisagem tem como conteúdo o belo ameno”. (Rambo, 1942, p. 335).

Até aqui nos ocupamos com as várias modalidades do belo exibido pelas paisagens. Ao “belo ameno” associa-se em condições especiais o “belo grandioso”. “É aquela sensação estética, que, de um lado abala o espírito em sua pequenez diante das forças da natureza, do outro lado, compensa tais abalos pela consciência íntima da realeza humana sobre todas as forças naturais”. (Rambo, 2942, p. 335). (Obs. As reflexões sobre o Belo continuam na próxima postagem).