Reflexões Avulsas - Identidade Étnica e Pátria - II Franz Metzler


A nossa identidade étnica alemã (Deutschtum) já não basta . A nós só nos é possível conservar a nossa identidade étnica alemã herdada na condição de cidadãos brasileiros plenos e completos. Enquanto nós brasileiros de sangue alemão nos afinamos com essa realidade, somos novamente incompreendidos, desta vez pela germanidade (na sua nova versão). Segundo ela  já não basta o que nós entendemos por identidde étnica. Exige-se que sejamos membros da "comunidade étnica" alemã.

Houve um tempo em que o "Reich" alemão nem se importava com os seus filhos emigrados, muito menos com os seus descendentes. Foi então que a Alemanha derrotada na guerra e sangrando por milhares de feridas, descobriu grupos étnicos no estrangeiro que exibiam suas características. Esses tentaram durante os dias, os meses e os anos da guerra, mediante a sua influência, infelizmente de repercussão restrita, modificar a opinião pública em favor da Alemanha, contra a propaganda  bélica anglo-francesa. Ao mesmo tempo eles se engajaram na cruzada de minorar os sofrimentos resultantes da guerra e do após-guera, enviando à Cruz  Vermelha alemã doações vultosas ou modestas, em qualquer dos casos, porém, oferecidas com o maior espírito de sacrifício. Desencadeou-se a partir daí uma política da terra de origem, conduzida por instituições privadas, com o objetivo de fortalecer esses grupos étnicos, utilizando os meios da propaganda cultural legal, junto aos povos nos quais estão inseridos.

O Povo alemão dos cem milhões
Foi então que fomos novamente descobertos pelo terceiro "Reich" que na visão do "Führer" que, para o seu poder e glória reinvindica um povo-de-sem-milhões. Nele não se contam apenas as minorias, que, pelo tratado de Versalhes, foram despojados à força de seu pertencimento à comunidade nacional alemã e obrigados a transformar-se em franceses, poloneses ou outros. As estatísticas do povo alemão de cem milhões incluem entre os alemães, sem mais nem menos, os suiços e austríacos. E nós também não fomos esquecidos.

Na Nova Alemanha foi criada uma organização, a NASDAP, destinada a0s 30 ou 35 milhões de alemães  que lamentavelmente são obrigados a viver no estrangeiro, porque o país Alemanha não tem condições de lhes oferecer espaço. Esta organização nos acolhe com carinho, nos tutela, nos ensina que somos alemães e como devemos sê-lo. Em nome do novo conceito étnico o qual reinvindica exclusivamente para si tudo o que é alemão segundo o sangue, somos novamente obrigados a escutar o conceito depreciativo de "adubo cultural", que "nós alemães" já não estamos dispostos a representar, "depois que finalmente nos reencontramos novamente  no seio da sociedade nacional alemã nacional-socialista".

Aquele que põe em dúvida a "comunidade étnica"  não passa de um renegado. Um periódico alemão chamou-me de separatista em uma de suas "famosas cartas" nacional-socialistas do estrangeiro, quando defendi o ponto de vista do teuto-brasileirismo em relação ao alinhamento com a NASDAP. Quando se trata do movimento separatista traidor da região do Reno, a classificação não passa de uma expressão de uma ofensa, dirigida no mesmo escrito também ao Sr. engenheiro Faulhaber de Neu Wirttemberg, filho do falecido pastor evangélico Faulhaber, por ter publicado vários artigos muito valiosos em jornal teuto-brasileiro.

É agradável para mim e constitui-se  em especial satisfação o fato de eu, a julgar pelo viés nacional-socialista em relação ao conceito de etnicidade (identidade étnica)  em nosso país, não fui o único a ser taxado de "separatista" malvado  - não apenas porque sofrimento compartilhado é meio sofrimento e em determinadas circunstâncias, dependendo da companhia em que a gente se encontra, uma palavra de desprezo se transforma em título honorífico - mas porque esta comparação não permite que que as injúrias lançadas contra mim não sejam mal interpretadas no futuro, que eu não simpatizo com o nacional-socialismo porque sou católico. Aqui não se trata de rejeitar o nacional-socialismo em si, visto como uma cosmovisão, mas do julgamento e do combate de suas escrescências, que cedo ou tarde irão vingar-se e, por sinal, em nós brasileiros de origem alemã. A rejeição de uma situação  insustentável e insuportável transplantada para o nosso País, por organizações partidárias estrangeiras, não tem nada ver com religião, mas somente com os dois conceitos que hoje examinamos: Identidade étnica (etnicidade) e pátria. 

Na medida em que levamos a sério a nossa profissão em relação à identidade étnica e pátria, não podemos permitir que, Por parte do  naacional-socialismo e de suas organizações ágeis,  nos seja impingido um novo conceito de etnicidade, que petende alinhar-nos com a "totalidade" exigida pelo partido nacional-socialista, fazendo com nos tornemos separatistas em relação à comunidade étnica brasileira. Nossas características como alemães nos impedem de harmonizar esta atitude com o nosso sentimentos (postura) em relação à pátria,  independente do fato de atrair-mos grandes sofrimentos sobre nós.

"Alinhar" é preciso
No caso de a organização para o estrangeiro NSDAP ser chamada para dar uma explicação  que ela não persegue o objetivo de dominar  totalmente os 35 milhões de "alemães no estrangeiro" através de um alinhamento  uma incorporação incondicional na comunidade étnica alemã, é preciso que da nossa parte saibam que, no que nos diz respeito, que as suas ramificações entre nós serão castigados pelas  suas mentiras. Entre nós o partido somente então desistiu do alinhamento dos representantes da germanidade no sentido mais amplo, onde não logrou impor-se, porque  se defrontou com uma resistência intransponível.

A posterior declaração que não estava em questão o alinhamento autoriário dos teuto-brasileiro, sugere a história da raposa que diz que as uvas eram azedas demais, quando não as alcançou. Por acaso não foi aqui em Santa Cruz que um orador nacional-socialista exigiu com a comovente sinceridade e obviedade (do ponto de vista de sua posição nacional-socialista), a reunião de toda a "germanidade" sob o chapéu nacional-socialista? Por acaso a estrutura partidária nacional-socialista não tentou com toda a seriedade, tomar sob seu controle  a totalidade das associações populares alemãs? Provavelmente não se deve a eles e à sua determinação por  não alcançarem o seu objetivo. Os casos em que o alinhamento de algumas sociedades em particular teve sucesso,  testemunha ainda hoje os esforços feitos durante os "dias dos grandes combates".

Como se procede hoje
Quem poria em dúvida que neste meio tempo a tática mudou? Deixa-se em paz o teuto-brasileiro que por educação não se predispõe  a brigas. Tratam-no com luvas de pelica e passam mel em sua boca. Não se abre mão porém, do objetivo e a batalha por sua concretização continua. Estaria em condições de relatar vários exemplos. Baste um:

A Federação de Cantores do Rio Grande do Sul concretizou a sua filiação à Federação dos Cantores do Brasil. Parece que a decisão deveria ser motivo de satisfação, porque pode parecer que se trata de uma conquista no caminho da realização da vida associativa do teuto-brasileirismo. Contudo fizeram-se ouvir vozes contrárias. Na verdade a Federação dos Cantores do Brasil está filiada à Federação dos Cantores Alemães de Berlim. Depois que na Alemanha todas as manifestações étnicas  e culturais foram politizadas, levanta-se a suspeita que os estatutos da Federação dos Cantores Alemãs de Berlim contenham determinações que não sintonizam com o espírito brasileiro que anima os associados daqui.

Causa estranheza que a Federação dos Cantores do Brasil associada à organização maior de Berlim, não esteja em condições de mostrar os estatutos. Foi por causa disto que alguns das sociedades de canto membros da Federação dos Cantores do Rio Grande do Sul solicitaram que se exigissem os estatutos de Berlim e somente depois de estarem disponíveis decidir sobre a filiação. (observe-se que as manifestações não se voltaram diante mão contra a filiação, de forma que o adiamento da decisão de maneira alguma significa uma pretensão descabida). Havia, porém, forças em ação que numa assembléia forçaram a filiação "cega" por 6 a 5 votos. Não se pode negar que que a decisão não pode ser atacada.

Quando a grande maioria das sociedades integrantes da Federação dos Cantores do Rio Grande do Sul não se fez presente na assembléia, embora a convocação tivesse sido expedida no tempo regulamentar e segundo os estatutos, sinalizaram, sem dúvida, com a sua ausência, que estavam de acordo com a decisão que seria tomada. Da mesma forma  é certo também que a decisão significa um passo a mais no caminho do "alinhamento de toda a germanidade", idependentemete do que contenham os estatutos da Federação de Cantores de Berlim. Não vem ao caso aqui examinar como foi preparado o terreno para a tomada de uma decisão tão precipitada. Seria contudo interessante verificar como se procede numa ocasião concreta, ao realizar  um alinhamento gradativo.

Há exemplos como se procede hoje. Não poucos entre eles são mais representativos e mais claros  do que aquele que eu escolhi, porque se encontra na memória recente de todos os envolvidos.

A justificativa da presença dos grupos locais da NSDAP
Chamamos aqui de grupos locais, de células, de pontos de apoio da NSDAP aqueles que funcionam como postos avançados da organização (de propaganda) voltada para o exterior. Jamais neguei aos grupos locais o direito de existência, enquanto dispostos a limitar a su ação aqueles que estão alinhados com eles, portanto, aos companheiros de partido que se encontram entre nós ao molde, por ex., da Associação dos Combatentes alemães ou do DOB, que na verdade se limitam ao seu círculo como sempre o fizeram. Porque um grupo baseada num objetivo comum, sobre uma vivência , uma cosmovisão e tradições comuns, não se deveria congregar para uma atividade (ação) comum. Num determinado período existiu em Porto Alegre o grupo dos acadêmicos alemães a quem eu pessoalmente pertenci. Quem na ocasião levou a reunir os egressos de universidades e outras escolas superiores, não foi o impulso à exclusividade ao enquistamento, mas a experiência comum por terem freqüentado uma alma mater. Quem o teria interpretado como algo chocante? Ninguém nos levou a mal as poucas horas em que recordamos uma das quadras mais belas das nossas vidas. Ninguém, portanto, deveria ter o  direito de levar a mal ao NSDAP caso fizessem algo semelhante. Inocentemente espalha-se entre nós a idéia de que é assim. Ninguém pode permitir-se tal ingenuidade. Mentem, porém, os  membros da NSDAP que fazem essas afirmações enganosas.

O que são os grupos locais
Os grupos no exterior são, na verdade, instâncias representativas oficiais do Terceiro "Reich" compostas por funcionários remunerados. Suas credenciais e funções são semelhantes às dos consulados. É verdade não expedem passaportes, não realizam casamentos e não emitem qualquer outro tipo de atos administrativos. Fornecem, porém, cartas de recomendação que tem mais peso do que as recomendações consulares, representam a Alemanha ao lado dos consulados onde é preciso representar. Cabe-lhes a última palavra no que tange à propaganda cultural e informam sobre as nossas condições   aos seus superiores no "Reich", sem o concurso dos consulados. Estes, por sua vez, têm o poder de tomar as providências administrativas em nome da unidade do partido e do Estado.

Isto não está certo. As representações mútuas entre os Estados estão regulamentado até as minúcias no direito dos povos (internacional). Nenhum cônsul pode assumir as funções em algum lugar sem antes  lhe ser dado o "exequatur". Um Estado não pode mandar um representante ou um embaixador para um outro Estado sem que antes que lhe seja pedido e concedido o "agrement" pelo Estado onde deve servir. Com o envio de organizações completas de representantes a um país estrangeiro o Terceiro "Reich" quebra unilateralmente as normas representativas previstas no velho direito dos povos. Cedo ou tarde também o Brasil se recusará a aceitar este estado de coisas insustentável pelo  direito internacional. Hoje a Suíça já não é o único país que proíbe a fixação de organizações  estrangeiras em seu território, argumentando expressamente ser insustentável pelo direito dos povos.

Constatações deste tipo talvez não encontrem ouvidos favoráveis  em não poucos lugares, mas o que adianta não chamar as coisas pelos nomes. De qualquer forma os grupos locais e seus membros não têm dúvida a respeito. Não estou reinvindicando a proibição das células do NSDAP no Brasil, mas pela mudança na sua forma, para que se recolham sobre si mesmas, despidas de seu caráter  oficial e que declinem da pretensão de representar e conduzir "a germanidade como um todo". Na eventualidade de acontecer a proibição d NSDAP no Brasil teremos feito o papel de bobos se, como descendentes de alemães e falando alemão, pactuamos e nos comprometemos com eles.

Como atúam
Entretanto o Brasil e suas autoridades podem acompanhar o andamento das coisas enquanto acharem conveniente. No caso  de o "Reich" não  reconhecer que é preciso chamar de volta os  grupos locais da NSDAP , inclusive em relação aos alemães do "Reich" que não são membros do partido, chegará o dia em que as medidas deverão  estar cheias.

É possível que seja correto, - de qualquer forma não arriscamos nenhum julgamento - que o direito à livre expressão esteja cerceado na Alemanha. Escutar, porém, em nosso País as manifestações de alemães do "Reich": não posso externar o que penso sobre os acontecimentos na Alemanha., ou: Não me é permitido ler na Alemanha o "Deutsches Volksblatt" proibido lá, porque tenho ainda familiares lá, porque ainda tenho bens. Dito sem retiscências, é uma vergonha. Não passa de um brutal terror político em país estranho. Qualquer um pode constatar se  num círculo de alemães do "Reich", em que as pessoas não se conhecem,  alguém tem a coragem de expressar a sua opinião. Não o arriscam porque sabem muito bem que o partido os espiona e denuncia.
Há pouco li um relato em que o autor se queixa que em nosso País já fora feita a tentativa de mobilizar a polícia contra os nacional-socialistas. Não tenho conhecimento onde e quando o fato teria ocorrido, a não ser que se trate do antigo caso em que a polícia teve que intervir quando um membro do partido partiu para a agressão em plena via pública contra alguém que se desligara de suas fileiras. De outra parte tenho conhecimento de alguns casos em que nacional-socialistas denunciaram sem fundamento conpatrícios à polícias, acusando-os de comunistas.

Difamação e terror
Os teuto-brasileiros  estão sujeitos ao mesmo terror  que os nacional-socialistas praticam contra seus compatriotas, apesar de agirem mais discretamente contra eles, caso não se posicionem passivamente contra eles, como a maioria costuma fazer. Não sou o único que os nazistas de tempos em tempos  coloquem na mira. Estou autorizado, porém, a falar apenas em meu próprio nome. Quero apresentar-lhes alguns exemplos da minha experiência pessoal, como são as táticas de luta.

Certo dia um conhecido que me convidara para um copo de cerveja perguntou-me sorrateiramente onde eu tinha feito meus estudos. Dadas as devidas informações quis saber ainda se tinha feito o exame final. Quando, admirado lhe devolvi a pergunta, como poderia duvidar, que eu, mesmo que não desse importância de ser  nomeado com meu título acadêmico, contudo não me oponho que me seja concedido, contou-me, depois de desconversar um pouco, que alguém lhe tinha informado com toda a certeza que eu, embora tenha estado algum tempo na Alemanha e na Áustria e quem sabe ouvido algumas preleções na universidade, não teria realizado o meu exame final, que me daria direito a um título acadêmico. Devem concordar comigo que se trata de uma calúnia do mais baixo escalão tentada contra mim. Ao pressionar com a pergunta quem teria sido o gentil contemporâneo que se permitira uma pilhéria deste tipo para com o meu bom nome, tive apenas como resposta: o senhor certamente conhece seus bons amigos. Foi um deles.

Concedo que a organização do partido até argumente que não pode ser responsabilizada pela declaração insensata de algum de seus membros em particular. Acontece, porém, que a atmosfera que propiciou o combate ao ponto de vista teuto-brasileiro por mim defendido e à minha própria pessoa, utilizando-se de meios decentes ou indecentes, essa sim foi obra sua.


Mais um exemplo de como acontece o combate subterrâneo e de baixo nível contra mim. Eu publiquei No "Deutsches Volksblatt" um artigo com o título "Integralismo e Nacional-socialismo". O artigo trouxe à luz como se pensa sobre o integralismo em determinados círculos nacional-socialistas. No ponto em que as coisas se encontravam o meu artigo deve ser interpretado como uma defesa do integralismo contra acusações de baixo nível. Para mim estava claro que o artigo não podia agradar aos nacional-socialistas. Alguns dias mais tarde constatei com espanto que uma fonte bem determinada informou que eu teria pretensamente atacado o integralismo e que alguns jovens adeptos desse movimento  pretendiam aplicar-me uma boa surra. Sem condições de tomar uma iniciativa tive que deixar correr as coisas. Ainda alguns dias mais tarde recebi uma carta de um dos dirigentes integralistas, carta que guardo como uma preciosidade e como prova. O autor escreve que lhe chegara aos ouvidos, através de amigos partidários, a denúncia da parte de nacionalsocialistas que eu teria atacado o integralismo. Conforme costume seu providenciou, antes de mais nada, uma cópia do artigo para lê-lo. Cosntatou então com espanto que a acusação a mim dirigida carecia de qualquer fundamento. Muito mais. Dava-lhe motivo para me parabenizar pela matéria.

Também em relação a isso os espiões do partido podem negar a responsabilidade. Mas se a patifaria de interpretar erroneamente um movimento político nacional, por mim defendida, tivesse êxito, teria merecido  a surra, e teria havido satisfação na "casa alemã".

É próprio de todo e qualquer cruzada de difamação que os verdadeiros promotores não se deixam apanhar. Assim se espalhou a seguinte insinuação nada  interessante como uma moeda falsificada contra mim: De que maneira eu chegara a me apresentar como teuto-brasileiro, tamando em conta que eu devia todo o meu conhecer e saber a instituições alemãs. E um dos meus melhores amigos que conhece a minha vida desde o começo, perguntou-me  certo dia rindo: Afinal onde nasceste na Alemanha ou no Brasil? Quando então lhe dei um soco de amigo na barriga em resposta à pergunta boba, disse para me tranqüilizar: Certo nazista tentou convencer-me que tinhas nascido na Alemanha e quando  ri da sua afirmação, assegurou-me que ele tinha certeza disso.

Pensando bem certamente não julgaria como um defeito ter nascido na Alemanha, e agradeço ao destino que me levou às instituições de formação alemãs. Mas o que se pretende quando se espalham inverdades sem fundamento contra a minha pessoa? Nada mais do que uma grosseira difamação: difamar! Aquele que se sente ludibriado que pense: que sujeito mal agradecido; - o que tem e o que é  deve-o à Alemanha, até é um alemão nato e contudo combate o regime oficial alemão e os melhores e os mais credenciados representantes da germanidade - Está em causa a minha difamação frente  aos alemães e até diante dos teuto-brasileiros, que deveriam dizer: Uma pessoa assim não pode ser o nosso homem. A isso chamo de luta suja e a classificaria assim também caso de não ser  dirigida exatamente contra mim.

Difamação oficial
Mesmo que a responsabilidade por essa luta recaia apenas indiretamente sobre o partido, ele pratica também a sua campanha oficial de difamação contra todos aqueles que se opõe às suas pretensões, conseqüentemente também contra mim.

Há um ano ninguém mais do que ele conseguiu a proibição dos Deutsches Volksblatt para todo o território do "Reich". Financeiramente a proibição não teria levado a nada, pois as duas dúzias de assinantes que o Deustsches Volksblatt tinha na Alemanha, realmente não pesavam. Soma-se a isso que de dois ou três anos para cá nem recebíamos mais a maior parte do dinheiro por causa dos regulamentos sobre divisas e aceitávamos jornais e periódicos como contrapartida.  - Mas aqui se tratou de difamação. A proibição deveria colocar o Deutsches Volksblatt perante o mundo inteiro no plano das folhas comunistas que promoviam a agitação contra a Alemanha, folhas que nenhum alemão decente no estangeior lê e cujos conteúdos absolutament não lhe  interessam.

Acontgece que essa difamação não vingou, pois um trabalho honesto com o Deutsches Volksblatt, contando com uma tradição de 65 anos, não se derruba tão facilmente num país livre. O número de almas submissas que cancelaram a assinatura do Deutsches Volksblatt, porque foi proibida pelo "Reich" alemão-, via grupo local de Porto Alegre, é muito pequeno e é compensado em  muito por novas assinaturas que ocorreram. O público leitor, entretanto, mostrou, sem vacilar, compreensão para com a minha convocação "apesar de tudo, para frente!", que dei como resposta ao boicote, única resposta possível para um jornal que se chama Deutsches Volksblatt. Sob minha direção o Deutsches Volksblatt, como é humanamente compreensível, não se deixou rebaixar ao nível de uma folha agitadora, nem pela forma nem pelo conteúdo, por causa da proibição difamatória. De outra parte não permitiu que fosse privado do direito de dizer a verdade frente à pressão hostil e do boicote.

O Boicote
Um sim ao boicote! Afirmei que a proibição como tal foi um erro sob o ponto de vista comercial. Acresceu então um boicote dos anúncios em nosso jornal. Nenhuma firma alemã está autorizada a  anunciar  em nosso jornal, enquanto este permanece proscrito. Na verdade não existem firmas alemãs no Brasil, pois todas são pessoas jurídicas brasileiras  como manda o direito comercial. Este fato não impede que o capital seja alemão e como tal obedecer às ordens do poder político alemão. Seria uma  insensatez se quisse negar que as perdas impostas pelo boicote não atingem sensivelmente a editora, mesmo que não seja tão grave como se imagina nos círculos locais do NSDAP. Estão certos que o "Deutsches Volksblatt" ou cairá de joelhos ou quebrará e acham que uma outra coisa está prestes a acontecer.

Não me servi da realidade do boicote como pretexto para um contra ataque, porque preferi não lançar mão da luta aberta, da qual sempre resultam estilhaços. Pensando bem, é uma infâmia sem fundamento que um partido político vindo de fora se arrogue o direito de arranjar um boicote num país que lhe é estranho - uma falta de consideração também para com os próprios interesses se analisados friamente, tomando em conta a a decência do adversário. Pergunto-me a mim mesmo e ao senhor e pergunto ainda às ramificações  do partido político estranho: Afinal aonde vivemos ao ponto de aqui no País acharem que podem mandar, (abstraindo do terror que exercem aqui contra os seus próprios conterrâneos)? No Brasil um Estado amigo da Alemanha ou no último fundão da África?!

Uma palavra de apoio ao "Deutsches Volksblatt".
Amigos bem intencionados repetiram-me muitas vezes, que o "Deutsches Volksblatt" não tinha necessidade de expor-se à ira do partido. Que noticie sobre a Alemanha o que esta noticia sobre si mesma através do serviço transoceânico e deixe o tempo aparar as arestas que a Alemanha de momento apresenta. Aquilo que choca o "Deutsches Volksblatt", dizem, não passa de doenças da infância.

Acompanhamos com alegria não contida e com apoio irrestrito em nossa redação e  transmitimos aos nossos leitores, as grandes etapas da ascensão alemã depois do desmantelamento dos partidos (saída da federação dos povos, introdução do anos de prestação de trabalho, reintrodução das obrigações da defesa, a reocupação da zona do Reno, medidas visando a regulamentação do trabalho). Isto, porém, não nos deve tornar cegos perante "as arestas e cantos", pois nunca nos foi dado verificar que no vazio algo pudesse ser lapidado.  E se pudermos fazer com que sobre essa superfície de polimento o nosso "Deutsches Volksblatt" represente apenas um grãozinho de areia, estamos cumprindo o nosso dever de alemães como testemunhas da germanidade. Não podemos ficar tranqüilos mesmo que sejam enfermidades de crianças que a  nova Alemanha deve superar, pois já assistimos à morte de muitas crianças com enfermidades de crianças.

Por uma visão cristã do mundo
Outros pensam: o "Deutsches Volksblatt" poderia baixar um pouco o tom das críticas.
Não sou desta opinião. Para quem avalia o tratamento que o "Deutsches Volksblatt" experimenta da parte dos postos avançados do "Terceiro Reich" que aqui foram enviados, é humanamente compreensível que o "Volksblatt" fustigue ainda mais veementemente os excessos que podemos perceber.

Admitamos que aceitemos a bem intencionada recomendação em relação ao "Deutsches Volksblatt". Neste caso muita coisa que publicamos em nome da abrangência e da universalidade, seria omitido. Jamais, porém, nos seria permitido, como imprensa comprometida com princípios orientadores de uma cosmovisão, silenciar  perante o capítulo: O "Terceiro Reich" e as confissões cristãs. Nenhuma injúria pessoal, nenhum boicote e nenhum conselho bem intencionado  é capaz de fazer calar o "Deutsches Volksblatt" nesta questão. Em relação a isto, fiz minha a manifestação que o falecido Dr. Schreiber, bispo de Berlim, escreveu, já em 1928 ou 1929, numa carta pastoral. Reproduzo-a assim como a guardei na memória:

Está na hora que as confissões cristãs reflitam mais sobre aquilo que os une e apontem menos para aquilo que as separa. Chegará o dia, talvez não esteja longe, em que os povos cristãos, unidos numa frente cristã, deverã defender a cultura cristã contra o avanço  avassalador do ateísmo.

Foi uma palavra profética. É verdade que o bispo tinha em mente o comunismo como ameaça da cultura cristã, e uma olhada para Espanha mostra com que razão. Hoje, porém o cristianismo sofre na Alemanha, antes de mais nada, a ameaça do nacional-socialismo que pretende também ser uma cosmovisão.

Não precisava ser assim, mas assim é. Talvez tenhamos aqui uma dessas arestas a ser aparada o mais rápido possível. Parece-me que o combate contra a Igreja não faz necessariamente parte da essência do nacional-socialismo, ainda mais considerando que, segundo o programa do partido, o estado nacional-socialista, fundamenta-se em bases cristãs positivas. O sentido do conceito de "cristianismo positivo, porém,  foi torcido de tal maneira, que na verdade resultou numa negação do cristianismo.

Rosenberg
Como prova que o nacional-socialismo tem como objetivo a eliminação do cristianismo, basta citar o nome de Rosenberg, nomeado para o cargo de ministro do Ministério da Cultura do partido nacional-socialista. Conheço à saciedade a objeção que me é feita: Em seu livro anti-cristão Rosenberg expressa apenas a sua opinião particular.
Como se explica então que foi escolhido como responsável pela educação cultural de um partido todo poderoso e supostamente cristão em seu programa, exatamente um homem anti-cristão pelas suas convicções? Em outras situações costuma-se procurar para tais postos homens, cujas convicções pessoais coincidem com tarefa oficial. Caso, porém, Rosenberg deve ser o homem a quem caberá  educar culturalmente o povo alemão, é de se desconfiar que, ou ele não empenhe todo o seu esforço pessoal no cargo, ou já não se leva a sério o "cristianismo positivo" proposto pelo partido.
Na verdade os fatos todos confirmam e demonstram essa suspeita. Supondo que o nacional-socialismo é cristão, Rosenberg que se utiliza de todos os meios disponíveis na sua função para fazer valer as suas convicções anti-cristãs particulares, deveria ser acusado de grosseiro e indevido uso do cargo e  ao mesmo tempo deveria ter sido responsabilizado perante um tribunal do partido. Nada disto, porém aconteceu. Em compensação ouve-se que uma ordem de serviço ordenou que as obras de Rosenberg fossem incorporados nas bilbiotecas das escolas, inclusive das escolas elementares e que, por ordem do partido, os ensinamentos de Rosenberg sejam obrigtoriamente objeto de estudo nas noites de doutrinação da juventude hitlerista.

Pode parecer que com essas observações  me tenha desviado do tema. Não é o caso, pois a proibição do "Deutsches Volksblatt" deve ser tratado, depois que a proibição inviabilizou o seu serviço em favor da etnicidade e da pátria. E se a proibição foi justificada que o "Deutsches Volksblatt" pecou ao “atiçar continuadamente as desavenças confessionais", a questão da defesa do cristianismo merece certamente uma preocupação exaustiva da parte do "Deutsches Volksblatt".

O que a Espanha deveria provar
Os inauditos, tristes e sangrentos acontecimentos  na Espanha são tomados por parte do nacional-socialismo, como justificativa da sua participação no campo de batalha. Não consigo entender bem em que o bolchevismo da Rússia e da Espanha tem algo a provar em favor das aberrações do nacional-socialismo. O "Deutsches Volksblatt" deu  sempre publicidade e reconhecimento ao que o nacional-socialismo trouxe de bom e de grande em benefício da Alemanha. Para quem olha de fora é possível, seguindo a lógica, que o bolchevismo no máximo poderia ser visto como um alerta para o nacional-socialismo, caso se queira insistir numa relação entre eles, no sentido de, caso não aceitar outra solução, superar imediata e radicalmente as aberrações.

Provocações confessionais
De resto nem é verdade que a assim chamada provocação cofessional, que foi apresentada como motivo plausível tenha motivado a proibição, difamação e o boicote ao "Deutsches Volksblatt".

Estou em condições de revelar que nestte meio tempo a alta direção da organização partidária reconheceu que a proibição não passou de uma grande insensatez (abstarindo inteiramente do fato de ter sido uma grande in justiça!) As medidas talvez fossem revogadas se eu  me dispusesse a armar uma ponte de ouro. Um pequeno reconhecimento de culpa e um pequeno compromisso de moderação  para o futuro, bastariam para induzir um ato magnânimo.
A certa altura a suspensão da proibição já constava como fato consumado nas fileiras dos filiados do partido em Porto Alegre. Bastaria eu me comprometer a reconhecer o que há de bom no nacional-socialismo - eu teria liberdade de opinar sobre questões de cosmovisão. Enquanto em repetidas ocasiões o  "Deutsches Volksblatt" sob minha direção não se omitiu em reconhecer o que o nacional-socialismo tem de bom, chamo a atenção para a liberdade que me seria concedida em tratar questões de cosmovisão. Porque assim tão de repente?. E justamente no contexto das discussões sobre a suspensão da proibição, que, ao que parece, foi imposta a seu tempo, exatamente por provocação confessional.

O verdadeiro motivo
Certamente não estou errado quando procuro nos meus artigos sobre o teuto-brasileirismo o verdadeiro motivo da proibição do "Deutsches Volksblatt". O interesse pelos artigos foi tão grande que, sem propaganda, uma edição de 1000 exemplares, uma parte impressa em forma de brochura, esgotaram-se em menos de três meses. O meu ponto de vista a todo e qualuer pretensão de engajamento da parte do NSDAP encontrou tamanha repercussão que eu não poderia pressupor. Representa agora para mim uma prova que  comunidade teuto-brasileria, queira-se  ou não, é uma realidade. Convenceu-me também em enxergar um adversário na organização partidária do nacional-socialismo que merece ser podado a qualquer custo e com todos os meios disponíveis.
Tenho, porém, a convicção que, com os artigos e com cada linha escrita  do fundo do coração em favor daquela causa, prestei um sagrado serviço à minha identidade étnica e à minha pátria,

O nacionalismo chama o nativismo
Fecho com isto o círculo enquanto relembro o que disse no início: Como teuto-brasieliros temos que nos comprometer com a nossa identidade étnica e a nossa pátria. Nesta tarefa contamos com pouca compreensão, para não dizer oposição, na batalha que se trava em ambos os arraiais dos quais procede a nossa identidade. O nativismo brasileiro não é muito simpático para com a nossa identidade étnica e o nacionalismo alemão força-nos a uma situação equívoca em relação a nossa pátria. Ele se nega a admitir este fato mas  comprova-o com a perseguição sem freio contra aqueles que se subtraem à sua influência totalitária. E na suposição de estarmos imunes contra o aliciamento do nacional-socialismo por causa da nossa pátria, sobraria contudo a conseqüência embaraçosa, resultante do desdobramento de suas atividades, despertando o nativismo latente,  atiçando-o contra nós. Um exemplo recente para comprová-lo. Não o mencionei na minha palestra porque ainda não tivera conhecimento dele.

O coordenador nacional dos grupos do NSDAP no Brasil, o sr. von Cossel fez um relato sobre a germanidade entre nós, no contexto da assembléia das organizações do "Reich" no exterior, exatamente nos dias da minha permanência em Santa Cruz. Consta que ele declarou que no Brasil existem 2000 escolas alemãs. Não temos em mãos o registro das declarações de von Cossel. Mas basta apenas um número para mostrar a evidente tendência da Havas. A assembléia do "Reich", convocada pelas organizações no estrangeiro do NSDAP, ocupando-se com "as nossas 2000 escolas alemãs  no Brasil", bastou para desencadear uma grrande agitação relativa ao nativismo na capital da União, que por enquanto ficou sem seqüelas. Mas as conseqüências  virão com toda a certeza, no caso de um partido insistir em usar as escolas teuto-brsileiras para a própria glorificação. Aliás não lhe assiste nenhum direito para tanto, pois essas escolas são mais antigas do que o nacional-socialismo. São a criação livre dos antigos imigrantes que não quiseram permitir que seus filhos crescessem como analfabetos. São a obra daqueles a quem devemos tudo o que somos - nossos antepassados, a cuja maneira de ser queremos permanecer fiéis, preservando e continuando a sua obra. As nossas escolas teuto-brasileiras serão aniquiladas no caso de um partido político estrangeiro da alguma forma se adonar delas.

Seria possível viver em paz com todos, sem sermos obrigados a bater constantemente na tecla da nossa brasilidade, para a irritação dos alemães do "Reich" e alegria dos nossos  compatriotas brasileiros. Parece que de um lado pretendemos excluir das nossas fileiras os alemães do "Reich", o que não é o caso, pois seus filhos serão o que somos. De outro lado sugere  uma intimidade de que também não temos necessidade, pelo simples fato de, como brasileiros,não termos necessidade de nos legitimarmos.  

Tudo isto não teria necessidade de ser, caso não houvesse entre nós pessoas que, de acordo com a vontade de uma organização nacional-socialista no estrangeiro, formando um grupo de vanguarda coeso, que exibem no peito em vez de no coração, a sua nacionalidade e suas intenções (infelizmente intolerantes). Seria mais conveniente que as guardassem para si e assumissem "viver motivados pela convicção íntima" uma postura inatacável e correta e fazê-la valer no todo da germanidade.   


Mais dois exemplos
Não nos é permitido nem calar nem transigir em nome da nossa identidade étnica, no momento em que o fanatismo vindo do exterior nos pretende subtraí-los ambos. Tenho plena consciência da gravidade da acusação. Por essa razão quero, ao finalizar, apresentar-lhes, para a reflexão, mais dois exemplos para justificar as minhas acusações, na hipótese de não terem entendido as minhas considerações.
Quando no dia 29 de março o povo alemão foi para o plebiscito, a organização partidária daqui houve por acertado, promover um "ato eleitoral simbólico". Na suposição de se restrigirem ao círculo dos cidadãos alemães, nada teríamos a objetar. Em se tratando, porém, de um  "ato eleitoral simbólico", os mentores da idéia julgaram-se autorizados a dirigir-se também a cidadãos brasileiros. Embora tenham conseguido um bom número de assinaturas de teuto-brasileiros, é preciso insistir que não é lícito supor que cidadãos brasileiros cumpram mesmo "simbolicamente" uma obrigação cívica privativa de alemães. No mínimo era de esperar-se que os propagandistas em favor do ato eleitoral simbólico desistissem ao deparar-se com uma simples recusa.
Chegou ao meu conhecimento um outro caso que merece todo o crédito. Um teuto-brasileiro abordado para dar o seu apoio integral à política de Hitler para a Alemanha, subscrevendo a lista, recusou a adesão com o argumento que Hitler não era o seu "Führer", pois conforme o esclarecimento introdutório da lista deveria sê-lo para todos os signatários. O empolgado nacional-socialista então observou: Obviamente é Hitler seu "Führer", porque ele é o "Führer" de todo o povo alemão independentemente da nacionalidade de cada um em particular. O teuto-brsileiro interrompeu. Esclareçamos logo a questão do "Führer". Suponhamos que o Brasil e a Alemanha estejamem guerra. O "Führer" almão convoca o povo alemão para pegar em armas em defesa da pátria. Também o Presidente da nossa República convocará seu povo para pegar em armas em defesa da pátria. A que chamamento o senhor acha que irei seguir? Escutemos estupefactos e dominemos a revolta ao ouvir a resposta, pois partiu de um ignorante, mas de qualquer forma de um ignorante fanatizado e desorientado por pessoas instruídas: "obviamente a convocação do "Führer".
Como classificaremos a exigência? Não há dúvida trata-se de uma instigação à alta traição.
Num outro caso, para o qual lamentavelmente não disponho de testemunha, - procurei e enconrei mais uma - alguém nascido aqui no País, portanto um filiado ao partido com cidadania brasileira, teria declarado, por ocasião de uma festa, que ele (como pessoa) não se levantaria durante a execução do hino nacional.
Acontece que exatamente esta atitude é totalmente anti nacional-socialista, porque o nacional-socialista tem por obrigação expressa o dever de manifestar o mesmo apreço  para com os hinos estrangeiros, que demonstram para com o seu. Mas "brasileiro" imbecil (no discurso que pronunciei usei o termo imbecil, podia ter empregado o termo patife, mas achei que a burrice era maior do que a velhacaria da intenção), revlelou-se um completo renegado, um indivíduo sem pátria.
Estes são os frutos que o nacional-socialismo é capaz de produzir na medida em que não se limita às suas próprias  fronteiras e que não será capaz de evitar.
Na medida em que o nacional-socialismo não se contentar   em permanecer nos próprios limites, será incapaz de evitar os frutos de sua doutrina amadurecidos no chão da burrice e do abastardamento do espírito.

Pela identidade étnica e pela pátria
Estimados ouvintes. Sugiro que levem para casa e conservem na memória especialmente as duas imagens que lhes apresentei na introdução. Sempre os lembrarão do que somos: brasileiros de origem alemã e a maneira como estamos inseridos no todo do povo brasileiro, na condição de um grupo étnico de natureza peculiar.
Numa das visitas que realizei um ouvinte  de rádio contou-me, que por ocasião da assembléia do partido em Nürenberg, teris sido repetido e aprofundado o seguinte princípio:
O nacional-socialismo não é artigo de exportação, mas patente de propriedade do "Reich" alemão e limitado exclusivamente às fronteiras da Alemanha.

Consta que, como conseqüência da manifestação de Hitler, o coordenador do círculo teria  proibido às organizações nacional-socialistas no exterior, de estender suas atividades para além do círculo de seus associados.

Não encontrei nem no jornal nem escutei  no rádio, semelhantes manifestações. Se, porém, o meuinformante não ouviu mal, o que pode acontecer freqüentemente com aqueles que escutam rádio, e  se essa orientação deve de fto ser traduzida em ação, com  um golpe cairiam 9/10 das nossas restrições, objeções e acusações contra as organizações do NSDAP no estrangeiro. Ninguém mais do que nós teuto-brasileiros nos alegraríamos, pois importa-nos defender a nossa identidade étnica e a nossa pátria.


Identidade Étnica e Pátia - I Dr. Franz Metzler.

Reproduzimos hoje a primeira parte do discurso pronunciada em Santa Cruz no dia 16 de setembro, pelo nosso diretor de edição e redação, o Sr. Dr. Franz Metzler. O Sr. Dr. Metzler observa que falou livremente tendo em mãos um esquema com as palavras-chave. Com a presente publicação não se trata, portanto, de uma reprodução literal do seu discurso, mas da redação posterior aqui impressa. Algumas seqüências do tema tratado foram reproduzidas e impressas tal e qual como foram pronunciadas no discurso. Isto vale principalmente para o caso de uma eventual tradução para a língua do País, daquelas partes, que se relacionam com ameaça à nossa identidade étnica por parte do nativismo brasileiro. Tendo sempre em vista essa possibilidade, foi necessário desenvolver um pouco mais, sempre dentro das naturais limitações, certos pensamentos, que para a um público teuto-brasileiro requerem apenas uma insinuação. De resto o presente texto reproduz com auenticidade (fidelidade), o que o Sr. Dr. Metzler disse e queria ter dito no seu discurso. Isto deve ser expressamente declarado e entendido com toda a clareza, a fim de neutralizar diante mão o argumento daqueles que se agarram a palavras ditas de passagem. O Sr. Dr. Metzler esclarece que responde todo e inteiramente pelo seu discurso assim como o pronunciou e deixou por escrito. Posto isto pensamos ter prevenido as distorções que possam ter ocorrido no caminho de Santa Cruz para  Porto Alegre.

Identidade étnica e Pátria em discussão.

Muito estimados ouvintes
Senhoras e senhores

Antes de mais nada quero saudá-los e agradeço por terem atendido em tão grande número ao meu convite. Quando há um ano tive o prazer de proferir uma conferência aqui em Santa Cruz, fui obrigado a contentar-me com um público muito menor. Na ocasião o tempo me foi desfavorável, a publicidade provavelmente insuficiente e talvez não houvesse  interesse por uma conferência sobre o tema "A aplicação de uma teoria social", que me fosse permitido contar com um público maior. Entretanto se passou um ano inteiro. Neste lapso de tempo muita coisa se modificou. De qualquer forma olho hoje para um salão lotado, o que me rende uma satisfação toda especial  e me faz devedor de gratidão a todos que afluíram para ouvir a minha conferência sobre "Identidade étnica e Pátria".

Um depoimento
Antes de entrar no meu tema "Identidade étnica e Pátria", quero  apresentar-me. Meu nome, quem e  o que eu sou é do conhecimento dos senhores que atenderam ao meu chamamento. Este conhecimento superficial e aparente, porém, que posso por, talvez não seja suficiente, que a seu ver me legitimar para tratar do tema proposto. Por isso quero, antes de mais nada, deixar-lhes um depoimento.

Eu sou brasileiro. Declaro-me filho da minha pátria a quem amo com todo o calor do meu coração e com toda a força da minha personalidade. - não menos do que qualquer outro  deve amar a sua e para a quem a pátria é sagrada.
Na medida em faço a min há profissão de fé pela minha pátria, faço-a também pelo povo que comigo vive na mesma pátria e comigo lhe dedica o mesmo grande amor.
Além disso faço a minha confissão de fé em favor da identidade étnica alemã, em favor da maneira alemã de ser e agir. Procedo de uma família visceralmente alemã. Quis o destino que eu  passasse grande parte da minha vida na Alemanha. Freqüentei escolas alemãs e depois preparei-me  para a minha profissão em universidades alemãs. Durante a minha longa permanência na Alemanha, período que em parte coincidiu com os  difíceis anos da guerra, aprendi a amar o povo alemão do qual procedo e também a paisagem da Alemanha. Assim como para inumeráveis imigrantes o Brasil se tornou a segunda pátria, assim a Alemanha e em especial a bela Suábia, transformaram-se para mim numa segunda pátria, e não gostaria de ignorá-la na minha  vivência íntima. Meu amor e a minha admiração pelo povo alemão não sofreu nenhum dano durante os difíceis anos que se abateram sobre a Alemanha com o infeliz desfecho da guerra. E este amor persiste ainda hoje, embora  não consiga aplaudir tudo que acontece na atualidade alemã e de outra parte, eu próprio na condição de teuto-brasileiro,  não compreenda o novo homem alemão engendrado pelo nacional-socialismo.
Todos conhecem a afirmação: "Permanecemos fiéis à nossa identidade étnica alemã, porque através dela servimos melhor à nossa pátria o Brasil". Escutámo-la em qualquer discurso festivo ou de declaração de princípios da parte teutobrasileira. Também eu  subscrevo sem restrições que pretendemos levar ao pleno desdobramento nossas características de personalidade, mantendo-nos fiéis à identidade alemã e desta maneira sermos membros úteis da sociedade e como brasileiros integrantes positivos da comunidade nacional. Percebo, porém, na formulação concisa da frase posta em discussão, uma restrição na conclusão sobre a própria afirmação, como se não nos importássemos pelo cultivo e preservação da identidade étnica alemã, no caso de a pátria assumisse uma atitude de indiferença em relação a ela. Não aceito a validade dessa restrição. Sou muito mais de opinião que, sob determinados aspectos, a identidade étnica não necessita de uma justificativa invocando  um valor superior a ela e conseqüentemente perseguida por nós em razão dela mesma. Entendo naturalmente como uma grande sorte que a nossa fidelidade para com a identidade étnica herdada se insere sem contradição naquilo que se relaciona com a nossa pátria.

Assim eu me posiciono como brasileiro em relação à identidade germânica, um brasileiro que ama a sua pátria e se entregou inteiramente a ela, que, com ambos os pés, se posiciona firme e responsavelmente na comunidade nacional, que encontra na pátria o seu ele de união.

A Teoria da Sociedade em Quadros

Quando há um ano falei neste mesmo lugar senti a necessidade de, antes de mais nada, elaborar as bases teóricas que explicam o aparecimento do teuto-brasileirismo. Não sei se na ocasião me desincumbi a contento da tarefa. Meus amigos foram em todo caso sinceros o bastante para dizer-me com  mais ou menos enfeites que meu discurso fora demasiadamente "teórico", em outras palavras, cansativo. Eu poderia ter "previsto" este resultado, pois, constitui-se sempre uma empreitada temerária querer tratar, resumindo no espaço de uma conferência, um tema que normalmente deveria ser desenvolvido numa série de preleções. Talvez também deveria ter me lembrado que meus ouvintes  estavam mais interessados em apreciações e conclusões práticas do que em teoria. Apesar disto não foi possível decidir-me por deixar de lado a teoria, porque estou convencido que os "julgamentos mais perfeitos" de fatos temporal e espacialmente descontextualizados, só é possível com o pressuposto de uma teoria bem fundamentada e que garantem a relação lógica interna dos juízos (julgamentos) isolados. 
Da mesma forma sinto-me tentado também hoje a apresentar-lhes como iponto de partida  uma teoria da sociedade. Talvez me seja permitido fazê-lo sem entediá-los (aborrecê-los), ao oferecer a teoria ilustrada com exemplos (comparações), capazes de tornar palpável a relação do teuto-brasileirismo em sua relação  com identidade étnica e pátria.

Tomo emprestado o primeiro exemplo de um teuto-brasileiro,  que  há dois anos, fora destacado para representar no seu discurso o teutobrasileirismo, no encontro tradicional de Pentecostes da germanidade de São Paulo  na sua posição de   alinhamento sem futuro. O discurso (proferido pelo Dr. Busch de Blumenau, apresentado como teuto-brasileiro de terceira geração), colheu um ruidoso aplauso da platéia. Alguns jornais em língua alemã do País o reproduziram e em Porto Alegre houve até alguém que tinha dinheiro sobrando para mandar imprimí-lo e distribuí-lo em milhares de exemplares. Também a mim foi entregue um volante destes acompanhado da observação anônima, que eu tomasse como exemplo o iluminado teuto-brasileiro de terceira geração, Dr. Busch de Blumenau. No discurso apresentou como ponto central a metáfora que neste momento lhes apresento com a intenção de corrigi-la. Imaginemos um pomar com muitas e boas árvores frutíferas. Bem perto do limite ergue-se uma macieira, cujos ramos estendem-se para dentro do jardim do vizinho. No tempo dos frutos maduros um deles caiu no chão estranho e das sementes que foram cobertas pela terra, nasceu uma nova macieira e perfeita. Cresceu e, depois de alguns anos, ela própria produziu seus frutos.

Patético o orador paulistano perguntou então os seus ouvintes. Que frutos julgam que a nova árvore irá carregar? Maçãs ou pêras? Ele próprio se dá a resposta à pergunta banal: Obivamente maçãs!  -  para acrescentar a conclusão que nós teuto-brasileiros como descendentes dos imigrantes vindos da Alemanha, jamais poderemos ser outra coisa do que alemães e somente alemães, assim como a macieira em pomar "estranho", o rebento da grande macieira "mãe", só é capaz de produzir macãs e somente maçãs.

A figura da macieira até que não  é má, mas a pergunta a partir dela formulada por seu autor e a conclusão tirada   é tão simplória que é de se admirar dos aplausos que o orador colheu da parte do seu público, pela fulminante descoberta, que uma macieira não produz pêras.

Permitam-me que eu pergunte: A quem pertence a macieira que lançou suas raízes em terra estanha, ao ponto de este chão lhe permitir alimento, crescimento e desenvolvimento? A quem pertencem os frutos? Deixem que eu responda: árvores e frutos pertencem ao pomar  vizinho, sobre isto não resta dúvida. Se a jovem macieira significa a imigração alemã e o pomar  estranho o Brasil, a metáfora faz concluir que nós, como descendentes dos imigrantes alemães somos da mesma natureza (espécie) que o foram os nossos antepassados. O orador paulistano, porém, apontou incorretamente que nós teuto-brasileiros pertencemos total e inteiramente ao Brasil como nossa pátria. 

A forma como nos situamos dentro do povo brasileiro fica claro numa outra metáfora.
Quero comparar o povo brasileiro com um parque muito bem cuidado. Nele há trilhas, caminhos, prados e muitas árvores de tudo que espécie isoladas ou em grupos inseridas no todo.

É óbvio que o parque como um todo será tanto mais belo e tanto mais completo, quanto mais perfeita for cada árvore na sua evolução individual. Um pinheiro que se ergue esbelto contra o céu será um ornamento para o parque, não menos do que a copa de um grupo de palmeiras agitadas pelo sussurro do vento ou açoitadas pela tempestade. Plantas estropiadas, sejam elas palmeiras ou pinheiros desfiguram o belo parque.

O jardineiro cuidadoso procurará levar todas as espécies ao melhor desenvolvimento possível tendo em vista o todo. Seria um louco caso tentasse enxertar copas de palmeiras em troncos de pinheiro. Destruirá ambas em detrimento do seu parque.

Entendam por essa metáfora a maneira de ser alemã como simbolizada pelo pinheiro e a maneira de ser da maioria luso-brasileira da população pelas palmeiras, conclui-se que o parque como um todo simboliza o povo brasileiro. Este  tira o maior proveito quando não se tenta modificar artificialmente a riqueza e a diversidade de suas vertentes étnicas, mas se permite que desdobrem plenamente suas identidades. Trata-se da mesma conclusão que está expressa na frase: "Nós preservamos a identidade alemã e entendemos que assim estamos em condições de servir melhor a nossa pátria o Brasil. Se nos decidíssemos hoje de uma hora para outra a  enxertar o nosso estilo de vida alemão, a nossa maneira  de ser e de agir na maneira de ser que os nossos concidadãos herdaram de seus antepassados lusitanos e desenvolveram segundo a sua índole, aniquilaríamos a nossa natureza, sem que uma outra possa surgir, degradando-a ao nível de uma caricatura.

São metáforas, honrados ouvintes, comparações, que, como qualquer comparação são capengas. Aquele que quiser penetrar ao fundo nas implicações sociológicas, será obrigado a se haver com a teoria nada obscura mas esclarecedora da teoria sociológica da  sociedade, por nós banida da conferência  desta noite. Os quadros contudo ilustram de alguma forma a discussão sobre a identidade teuto-brasileira e sua relação para com  identidade étnica e pátria.

Nativismo e nacionalismo alemão.
O trágico em nós consiste em que muitas vezes a nossa maneira de ser não é compreendida e equivocamente interpretada oferecendo assim as armas para sermos atacados. Investidas deste gênero partem de dois lados, ou da parte da  nossa identidade étnica  ou da nossa nacionalidade. Em meio a maioria teuto-brasileira da população alguns acreditam que devem mostrar descontentamento  em relação a nós, pois intepretam nossos grupos étnicos como corpos estranhos. Não é possível concordar com um grupo que se diz personificar  a "identidade étnica alemã) (de acordo com um sentido restritivo recente do pensamento, com o qual , em última análise, nada temos a ver, porque dele não fazemos parte, por procedermos de uma identidade étnica de uma época anrterior). Queremos e devemos afirmar diante desta posição enquanto deixamos claro o que somos, e, se necessaário, assumir a defesa da nossa maneira de ser eagir.

Contra o Nativismo
Os antepassados de nossos concidadãos (Voksgenosse) luso-brasileiros tomaram posso do País 300 anos antes dos nossos antepassados. Eles já haviam conquistado a independência em relação à terra-mãe (Mutterland), na data em que, a convite do Imperdor do Brasil, empreenderam pela primeira vez a viagem para cá. Aqui encontraram um povo que de braços abertos os recebeu para, como  parceiros e pioneiros, descobrir e desenvolver o País. Desembarcaram num país em que os imigrantes anteriores já tinham dado forma e desenvolvido o modelo (paradigma) de vida pública e o portugês se consolidara como língua oficial.

Nossos antepassados inseriram-se com lealdade neste contexto objetivo e jamais lhes veio à mente mudar alguma coisa nele. Ocupando o seu posto de vanguarda avançaram na dura luta pela existência, conscientes que o que estava em causa era a conquista à mata da querência e da pátria para os seus filhos. De resto viviam e agiam à sua maneira sem serem contestados. Buscaram a força no apoio mútuo ao construírem a sociedade, pra realizando  a grande obra de povoamento alemão nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e esporadicamente em outros estados da União Brasileira. Tomados de espanto e de admiração encontramo-nos hoje frente a esta obra, a não ser  que não nos tenhamos habituado criminosamente a menosprezar o próprio passado.

Do esforço comum, da necessidade comum e dos sucessos comuns emergiu uma sociedade nativa,  (bodenständig), que exibe em larga escala as marcas de sua origem. Como uma planta brasileira, porém, apresenta também as características - oriundas de um contato mais do solto nas décadas anteriores - do contato com elementos oriundos do segmento majoritário da população e em parte de formações  locais novas.

A mais evidente as marcas que apontam para a origem é o uso da língua materna. É ela que está em primeiro lugar sob mira dos representantes brasileiros adeptos da teoria pela qual nos estigmatizam como "corpo estranho". Eles gostariam de proibir-nos imediatamente a língua alemã. É preciso conceder honestamente que ela deve ser considerada como língua estrangeira. Os "nativistas" acreditam que a língua estrangeira estranha não combina com a índole brasileira. Trata-se de um equívoco fatal, como o prova o exemplo do povo suíço.

A língua não vem a ser decisiva para a índole nacional de um segmento do povo. Os alemães e franceses suíços são igualmente integrantes da confederação. Porque então os brasileiros de fala alemã, que paralelamente e de acordo com as possibilidades a seu alcance esforçam-se  por aprender a língua do País, devam ser considerados como brasileiros menos confiáveis e de segunda categoria? Conforme teoria nossa, que serve como argumento contra o nativismo, no fato de permanecemos fiéis à nossa língua materna, aos usos e costumes de nossos antepassados, somos capazes de sermos fiéis à pátria como o somos em relação a nossa maneira de ser. Os melhores e mais nobres dos nossos conterrâneos luso-brasileiros constataram essa relação ao avaliarem a trajetória do jovem povo brasileiro. Imbuídos de um espírito patriótico bem entendido não se chocam  com o fato de cultivarmos a cultura e a tradição de nossos antepassados a fim de colocá-lo à disposição da pátria como o melhor que possuímos. Com certeza nos culpariam e nos menosprezariam no caso de trairmos a nossa índole.

Estas são para nós questões importantes  que brasileiros ilustrados e verdadeiramente grandes entendem e, sobre as quais, no passado,  não esclarecemos suficientemente os nossos compatrícios de língua portuguesa. É preciso, entretanto, deixar clara a questão em legítima defesa da nossa herança e da nossa identidade. Esse esclarecimento necessário acontece, quem sabe, no plano de uma dura batalha defensiva em favor da auto afirmação da nossa maneira de ser no contexto do todo do povo brasileiro e contra  o nativismo que na sua raiz mais profunda não passa de um anti-brasileirismo. Trata-se de uma batalha da qual não nos é possível furtar caso não nos quisermos degradar ao nível de personalidades esquizofrênicos em prejuízo nosso e da pátria.

Não nos é possível deter um processo orgânico de ajuste  que já vem ocorrendo hoje  na periferia e até seria insensato querer interferir. Mas é da nossa obrigação exigir que se respeite a natureza que rege também a formação das sociedades e que opera com períodos de longa duração. Não sabemos se depois de centenas de anos ainda haverá quem fale alemão no Brasil. Apesar da resposta negativa que a intuição nos sugere em relação a essa suposição, porém, não nos é permitido colocarmo-nos à disposição de tentativas perigosas de promover uma assimilação étnica precipitada. Queremos ser à nossa maneira o que somos e queremos também que os nossos filhos sejam como nós somos assim como nós somos como foram os nossos pais.


No caso de se desencadear uma batalha pela identidade étnica, uma batalha que se anuncia no horizonte para um futuro não distante, nas ameaçadoras leis "nacionalistas", não "nacionais" (pois nacional é somente aquilo que é útil à nação), sobre a imigração e a escola, iremos combatê-la movidos por um impulso íntimo. Estaremos, porém, somente então em em condições de combatê-la com êxito se a convicção da nossa brasilidade for capaz de enfrentar ao que der e vier. (Obviamente não se supõe aqui uma batalha com o emprego de meios de força, mas uma luta que se trava no terreno constitucional que assegura a liberdade pessoal e se vale dos meios que a nossa legislação coloca nas mãos do cidadão para evitar prejuízos à liberdade).

Identidade Étnica – Comunidade Nacional - VII Fr. W. Richter

Sem falar dos tempos mais antigos, quando tudo que se relacionava com o social e o estrutural do Estado, emanava do povo, nunca como antes no concerto dos povos e nas respectivas nações, o terceiro elemento, o povo conquistou tamanha influência sobre os acontecimentos políticos e sociais. Por mais que se tenha abusado da grandiosa idéia  da auto-determinação  dos povos para fins de dominação política, a idéia está aí mais cedo ou mais tarde dará seus resultados. Para que o cidadão se possa apropriar de clareza e de bases sólidas em relação à estrutura jurídica do Estado, é preciso fixar o significado do sentido de certos termos, que se encontram hoje na boca de todos: Comunidade Nacional e Identidade Étnica.

Menciono intencionalmente a comunidade nacional em primeiro lugar, porque, no decurso  a gênese histórica das nações, acontecia como passo inicial, a reunião de indivíduos isolados numa comunidade social. O fato de essa união implicar em quase toda a parte em homens da mesma origem ou raça, nada mais foi do que o resultado  espontâneo da própria formação das raças e grupos de parentesco.

No primeiro momento essa comunidade nacional tornou-se  tão robusta, que foi capaz de manter-se  como uma estrutura autônoma. Mais tarde evoluiu no seio do convívio dessa comunidade étnica (Volksgemeinschaft) uma identidade étnica forte e autêntica, como expressão de todas as características raciais, lingüísticas e espirituais dessa comunidade de destino comum.

O spiritual mostrou-se sempre mais forte do que o meramente material, apesar de todas as afirmações em contrario e apesar de todas as más experiências. Desta maneira a identidade étnica no seu significado espiritual, muitas vezes cresceu para alem das fronteiras da comunidade nacional Permaneceu como precioso patrimônio para os companheiros que por espírito de aventura, na condição de comerciantes ou por carestia de terra, migraram para outras terras. Comunidades nacionais estranhas são capazes de influenciar culturalmente, como nos é dado observar entre os helenos e os romanos. Os dois conceitos definem-se claramente. Comunidade nacional como um conceito de pessoas unidas por um pacto político-social. Na maioria dos casos uniram-se  por pertencerem à mesma raça, falarem a mesma língua, às vezes também por circunstâncias econômicas ou políticas. A identidade étnica, por sua vez, define-se pela expressão cultural de uma determinada cultura. Como tudo que é cultural, a identidade étnica não se deixa sustar por fronteiras artificiais. Radica essencialmente no indivíduo e na família.

Os indivíduos isolados, portanto, e os grupos racialmente  aparentados, separados do corpo étnico, já não pertencem à sua mas à nova comunidade nacional, no seio da qual desenvolvem suas atividades. Isto não significa que também abriram mão da sua identidade étnica. É contrario à realidade quando hoje, por ex., se tenta impedir o acesso à comunidade nacional alemã, por parte de círculos teuto-brasileiros ou mesmo por imigrantes radicados no País. Uma associação para promover a gemanidade no exterior tem o efeito de uma bênção no seu espaço de influência. Uma associação para promover  a comunidade nacional no estrangeiro, seria um instrumento inaceitável.

Um fato todo particular facilita a distinção entre esses conceitos tão controvertidos. A consciência do pertencimento a uma comunidade nacional pode brotar de um chão, no qual alguém se percebe inserido como na sua terra natal, independentemente da identidade étnica herdada. O fato torna-se ainda mais evidente quando essa pátria foi atribuída pelo direito de nascimento, com é o caso dos teuto-brasileiros. O vinculo com o espaço vital dado constitui-se num fato tão poderoso como o pertencimento a uma determinada identidade étnica.

Constatamos todos os dias nos filhos dos recém imigrados quão poderoso é, ao lado do sangue, o chão como formador das características. Numerosos testemunhos da literatura alemã contemporânea nos chamam com muita insistência a atenção, para mostrar como o chão em que nascemos, é capaz de influir na alma. E é do Brasil o chão em que nascem os teuto-brasileiros.

A pergunta se comunidade nacional e identidade étnica podem significar o mesmo, embora espacialmente separados, depende da dinâmica interna, do valor ideal da identidade étnica e a preocupação do todo pelas partes territorialmente separadas. Também aqui no Brasil encontramos exemplos correspondentes. A mãe-pátria Portugal desenvolveu no seio da sua identidade, no lusitanismo, potencialidades ideais, que ultrapassaram em muito as fronteiras do pequeno reino e se alastraram até os continentes mais longínquos. No Brasil, principalmente, edificaram um poderoso reino colonial que como tal, no início, no que diz respeito à camada dominante, com certeza, pertencia à comunidade nacional lusitana. Sem demora, porém, a super poderosa influência do entorno, fez despertar a consciência de uma comunidade nacional brasileira. A conquista da independência política rompeu finalmente os laços com a comunidade nacional lusa. Permaneceram contudo as relações no plano dos valores superiores da identidade étnica lusitana. Hoje nenhum português se atreveria a rotular como traidor da identidade a um luso-brasileiro, pelo fato de já não participar das vicissitudes políticas de Portugal. Pelo contrario. Ninguém negaria ao luso-brasileiro a admiração pelo fato de, apesar de sua inferioridade numérica, conseguir manter como modelo a identidade do gigantesco reino.

De outro lado depende também das potencialidades internas e das condições no plano político, até que ponto uma identidade étnica é capaz de influenciar uma comunidade nacional  racialmente heterogênea. As razões que fizeram com que o lusitanismo lograsse impor a soberania sobre os indígenas autóctones e sobre os escravos negros importados foram, de um lado, a ausência de uma unidade política e uma cultura incipiente e estagnada e, do outro, a falta de cultura e a condição de submissão dos escravos. O imigrante europeu não lusitano, entretanto, que veio por decisão livre e espontânea , ou até convidado pelo governo era, na maioria dos casos, portador de uma identidade étnica, no mínimo do mesmo nível, embora de outra configuração. Por mais que desejasse inserir-se na comunidade étnica brasileira, não dependia da sua vontade deixar para trás, sem mais nem menos, a identidade étnica herdada e substituí-la por outra, cujos componentes de qualidade duvidosa, não significariam uma troca de igual qualidade.

Todas essas minorias étnicas inseriram-se na comunidade nacional brasileira e dedicam-lhe seus préstimos. Jamais alguma delas negou ao Estado o que é do Estado. Mesmo em tempos de guerra permaneceram fieis à comunidade nacional, apesar de manter-se fiéis `sua identidade étnica e, por isso, não  poucas vezes foram alvos das mais graves suspeitas. De outra parte observamos no exemplo da Áustria até que ponto uma parte da nação é capaz de preservar a identidade étnica, prestando-lhe relevantes serviços, embora separada da comunidade nacional dos demais membros da raça. Também a Suíça confirma que identidade étnica e comunidade nacional são dois conceitos inteiramente diversos que, entretanto, não necessariamente entram em conflito.

Infelizmente, tanto o imigrante aqui radicado, como o teuto-brasileiro aqui nascido, sentem-se acuados de dois sentidos: sofrem a acusação de ainda não estarem inseridos na comunidade nacional, porque mantém a adesão à identidade étnica alemã.Confunde-se uma comunidade étnica, ainda longe de ser configurada, com comunidade nacional. De outra parte sofre a acusação de traição para com a comunidade nacional alemã, que lhe é necessariamente estranha por causa da sua fidelidade  para com o Brasil sua terra natal. É normal na vida que os filhos da mesma mãe construam a  própria casa inteiramente separada. Ao a construírem  rejeitarão evidentemente qualquer tentativa de comprometimento.

Quando então se coloca  questão se é possível alguém  com identidade étnica alemã e inserido na comunidade nacional alemã poder pertencer, ao mesmo tempo e da mesma maneira, às  correspondentes brasileiras, a resposta não pode ser a mesma. É possível que alguém que mora no Brasil faça parte da identidade étnica alemã e da comunidade nacional alemã, no caso em que a permanência for passageira ou motivada pelo serviço prestado ao Estado natal. Neste caso evidentemente não se pode dizer que o respectivo faça pare de uma correspondente brasileira. Pode-se ainda imaginar o caso de alguém  de nível cultural mais apurado, tanto aqui no País como na Alemanha, situado igualmente próximo da identidade étnica lusitana e alemã, apresentar o mínimo que o nativismo lusitano exige de imigrante. Não faria nenhum sentido, porém, afirmar que alguém possa pertencer tanto à comunidade nacional alemã como a brasileira, pelo fato de este conceito estar intimamente relacionado com a atividade política do Estado e com seus objetivos político sociais.

A maioria dos teuto-brasileiros que vivem no seio da comunidade nacional brasileira cabe, como conseqüência, continuar a cultivar e representar  a identidade étnica alemã, adaptada às circunstâncias locais.

O teuto-brasileiro encontra-se inserido  na comunidade nacional brasileira pelo princípio do “ius soli”. Este princípio garante-lhe o direito à pátria onde nasceu, onde como criança experimentou as primeiras vivencias  e onde o ambiente como um todo, lhe serviu de fator de educação. Também segundo as leis lógicas, cada ser vivo vem a ser mais ou menos produto do meio. A adaptação a esse meio  se processará com tanto maior facilidade, quanto maiores facilidades biológicas e culturais for capaz de oferecer. O Brasil sempre romântico e liberal, pondo com liberalidade o seu chão à disposição, ofereceu um local de permanência ideal para o elemento germânico amante da liberdade, um pouco aventureiro, porém, ansioso por um pedaço de chão se.

Gostaria de acentuar a palavra “livre escolha”, principalmente para aqueles imigrantes, que por quaisquer razões , na maioria dos casos relacionadas com o próprio caráter,  adaptação se prolonga ou simplesmente não acontece. Por isso dão vazão à desilusão fazendo observações mordazes contra o Brasil pois, são incapazes de compreender e conhecer a própria situação. A essas pessoas resta darmos a calorosa sugestão de retornar para a terra dos seus sonhos. Ninguém o levará a mal. Pelo contrario servirá, até certo ponto, como motivo de estima. Quem, entretanto, migrar para cá livremente – e ninguém jamais foi forçado para tanto como os escravos negros – e quem pretender permanecer aqui, obriga-se a si mesmo, perante os filhos da nova terra, a deitar raízes definitivas, isto é, incorporar-se à comunidade nacional.

Apesar disso é de sua obrigação honrar a herança  racial e cultural de sua identidade étnica, a ele confiada pelo Criador, cuidar da sua preservação, em memória dos antepassados, para o seu próprio ensinamento e pela honra da Pátria. Do ponto de vista cultural e tomando em consideração o que foi dito acima,  na verdade não é mais preciso insistir, embora o luso-brasileiro não queira aceitar que  a preservação da respectiva identidade étnica venha também venha em proveito da pátria  brasileira. O Estado necessita de cidadãos completos, homens de caráter, enraizados em sua identidade étnica claramente definida e consolidada.

O teuto-brasileiro estará em condições de se dedicar inteiramente à preservação da sua identidade étnica,  somente depois de cumprir de todo seus deveres para com a comunidade nacional brasileira. Aliás estas foi sempre a sua maneira de proceder quando se oferecia uma ocasião como, por ex., no aprendizado da língua do País. A demonstração inequívoca de estar cumprindo a sua obrigação  perante os outros membros da comunidade nacional brasileira, só então é possível  quando estiver em condições  de exercer seus direito políticos e seus direitos de cidadania. Para o teuto-brasileirismo ainda hoje deveria ser considerado como a primeira de todas as prioridades, organizar um círculo  de lideranças autóctones. Os pressupostos foram em parte cumpridos. A fome pela formação impele o teuto-brasileiro para as escolas mais adiantadas, inclusive escolas superiores. Desta forma lhe é permitido aspirar à carreira acadêmica e, ao mesmo tempo, despertar o interesse pelos problemas de política interna, conquistas feitas sob duras penas e sob ameaças de opressão étnica. Uma grande porcentagem  desses vanguardeiros infelizmente transfere-se para a brasilidade, sendo perdidos para os interesses da germanidade. Abre-se aqui um grande espaço  para dar um acompanhamento à juventude. É preciso oferecer a ela muito mais do que agora, a fim de  não perdê-la e evitar que suas cabeças sejam confundidas  com idéias estranhas à realidade.

Não á necessidade que o teuto-brasileiro se feche a qualquer novidade vinda de for, como inflelizmente tem acontecido em tempos de maior agitação.  Servirão de estímulos valiosos e de enriquecimento para o imigrante alemão sinceramente empenhado em procurar uma pátria. Esta sua abertura de espírito, porém, não deve ser mal interpretada, como se as orientações políticas vindas do estrangeiro fossem necessárias, no momento em que perseguem objetivos políticos  estrangeiros (por mais desagradável que possa soar  o vocábulo estrangeiro).


Se por caso os arautos da grande comunidade nacional alemã em nossa terra-mãe querem realmente ajudar-nos a preservara a nossa identidade étnica, eles precisam entender uma coisa. O teuto-brasileiro é, antes de mais nada, um brasileiro sob o aspecto da comunidade nacional. O litoral coberto de palmeias, o amplo pampa,  misteriosa mata virgem e os costumes brasileiros, fazem seu coração bater mais forte. A floresta de pinheiros alemães, o inverno alemão, a vida nas casernas de Potsdam e outras coisas mais, lhe são interessantes, mas não passam de conceitos tão exóticos como são como são por ex., para os alemães as orquídeas e os animais fantásticos do alem oceano. O teuto-brasileiro pisa o chão da realidade e alimenta suas energias, do sangue e da terra, da mesma maneira como o exige  nova Alemanha.