A análise dos conceitos de
identidade étnica numa questão de compreensão numa questão e comunidade
nacional não são se resume numa questão de compreensão, mas numa questão que
diz respeito à totalidade do ser humano pois, o homem como um todo tem as suas
raízes plantadas tanto na identidade étnica
como na comunidade nacional. A adesão à identidade étnica e à comunidade
nacional não é apenas um assunto da vontade, mas diz respeito ao homem como um
todo, porque tanto a identidade étnica como a comunidade nacional, merecem todo
amor de uma pessoa.
Desta forma a pergunta pelo
sentido da identidade étnica e a pergunta pelo sentido da comunidade nacional é
uma pergunta pela plenitude, uma pergunta pelo amor. Em primeiro lugar é uma
pergunta pelo significado da plenitude
pois, o destino dos cidadãos deste mundo
navega neste caudal ao encontro do seu objetivo. É também uma pergunta que
envolve o amor, pois tudo o que no homem é bom, verdadeiro, belo e heróico
desenvolve-se ao longo desse caudal pleno de veracidade e de fecundidade.
O mor constitui-se num conceito
de fundamental importância quando perguntamos pela natureza da nossa identidade
étnica e da nossa comunidade nacional. A ele cabe transmitir vida e calor na
busca pelo significado da identidade étnica e da comunidade nacional.
O amor é um componente de grande
peso no momento em que nos lançamos à tarefa de
indagar pela natureza da nossa identidade étnica e da nossa comunidade
nacional. Como energia única cabe-lhe a tarefa de acalentar a nossa busca,
porque a identidade étnica e a comunidade nacional significam, antes de mais
nada, a vida e evolução. Ainda mais. É preciso que o amor faça o papel de
“Leitmotiv”, porque a identidade étnica pode ser definida como uma comunidade
de berço e a nacionalidade como uma comunidade de objetivos, e nada é capaz de
unir mais os homens entre si do que um berço comum e objetivos comuns.
I. Vamos à resposta da primeira
pergunta: O que se entende por
identidade étnica? O que se entende por comunidade nacional? As duas significam
a mesma coisa?
É da própria natureza do presente
ensaio, que só é possível enunciar o mais essencial. Por isso na primeira parte
limitar-nos-emos a uma explicação
genérica dos dois conceitos, relacionando-os brevemente com as nossas
circunstâncias teuto-brasileiras.
O
que se entende por identidade étnica?
O conceito de identidade étnica
compreende em si dos elementos: a maneira de ser e a língua.
a) Expliquemos o que se entende
por maneira de ser. Sob o ponto de vista meramente científico, nós teuto-brasileiros
somos de outra cepa do que os nossos concidadãos de origem lusa ou outra. Essa
realidade é visível a cinqüenta passos de distancia e não há poder no mundo que
apague essa diferença. Emergimos de um miscigenação de raças nórdicas, alpinas e fálicas, somadas a uma
fraca incidência de sangue mediterrâneo. Esta é a base biológica da nossa
identidade étnica.
Sobre esta realidade
biológica estrutura-se a essência , a
alma da nossa identidade étnica. Em nossos dias
a ciência logrou penetrar profundamente nas oficinas da vida. A cada dia
descobre mais relações entre o corpo e a alma. Em nossa corrente circulatória
navegam os minúsculos portadores das nossas peculiaridades raciais. Estimulam
para a ação todas as energias dos membros do nosso corpo, põem em vibração as
ondas da nossa alma e fazem com que cada etnia manifeste a sua maneira própria
de pensar. Pessoas do mesmo sangue costumam vivenciar estímulos do espírito e
do coração semelhantes. Imprimem na sua alegria e na sua tristeza as mesmas
características e vestem com roupagem parecida o seu mor e a sua vida. Os
portadores das nossas características raciais que circulam sem descanso em
nosso sangue, codeterminam até a
concepção que temos de Deus e da bondade, da grandeza que comove o coração do
homem e de toda a beleza que o empolga. A identidade étnica é como uma família
ampliada: como os filhos dos mesmos pais se assemelham assim também se parecem
os parentes de sangue do mesmo grupo humano. O resultado vivo desta realidade
chamamos identidade étnica.
Resumindo é licito dizer: a
identidade étnica tem as suas raízes nas diferenças raciais do gênero humano.
Esta afirmação não tem nada a ver com o valor exagerado que se atribui ao
elemento raça ou com o endeusamento da raça. Trata-se simplesmente de uma
constatação e do reconhecimento de um fato objetivo.
b) A expressão mais evidente do
sangue comum e do espírito, d alma comum, do modo de pesar comum, é a
língua. A identidade étnica dispõe
obviamente de outras modalidades de ser e de outras formas de fazer visível a
sua cultura: musica, pintura, escultura, festas, trajes, usos e costumes. A
língua, entretanto constitui-se no sinal
identificador mais essencial da identidade étnica. Torna possíveis as demais
manifestações e até certo ponto as inclui. Para o nosso
teuto-brasileirismo em especial, a língua representa o elemento mais decisivo.
Justifica-se por isso que aqui façamos uma reflexão só sobre a língua.
A língua humana é, sem dúvida, muito mais do que um veículo
técnico de comunicação. Ela desabrochou do sangue e da natureza de um povo. Por
isso reluzem sobre suas folhas as reminiscências do orvalho dos tempos
primigênios e do seu cálice emana ainda hoje algo do perfume do mistério da
alma humana.
A língua materna é uma flor
milagrosa plantada por Deus na beira da estrada de todos os povos, para que
nela se alegrem. Aquele que a pisoteia e sob qualquer pretexto a rouba , danifica a sua alma e se
intromete criminosamente no santuário da alma humana.
Foi nesta língua que as pessoas
que nos deram a doce dádiva da vida, juraram fidelidade até a morte no altar do
matrimônio. Sem dúvida deve ser uma língua sagrada que foi capaz de tornar
visível um dom de tão alto valor! É a língua
na qual nossos lábios de criança
aprenderam a balbuciar Mãe, palavra de sentido inesgotável. Sem dúvida deve ser uma língua plena de amor, já que a
primeira palavra que aprendemos foi de amor. Foi nesta língua que demos vazão
ao nosso entusiasmo juvenil e, na sua sobriedade formulamos as decisões da
nossa idade de homens adultos. Deve ser uma língua de grande riqueza já que é
capaz de transmitir tanta coisa boa!
Há algo de singular, de
impressionante que nas horas mais solenes da vida o homem recorre
instintivamente à sua língua materna. Foi na sua língua materna, na frente do
carrasco, que a mãe dos Macabeus admoestou para a fidelidade à lei, ao seu
último e mais amado dos filhos. Foi assim que agiu São Francisco Xavier
enquanto lutava com a morte na praia de Sião. Esqueceu o espanhol, o latim e
todas as línguas da Índia e balbuciou
suas derradeiras orações na língua materna de suas montanhas bascas. Nem o
salvador foi exceção. Suspenso na cruz na mais amarga angustia mortal,
pronunciou as palavras jamais externadas
pó um ser humano, envoltas na angustia do derradeiro abandono, não na
língua do Império Mundial de Roma, ao
qual pertencia politicamente, não na língua do mundo cultural grego em que
estava inserido, nem mesmo na sagrada língua dos eu povo usada nas Sagradas
Escrituras. O Salvador buscou as palavras
que redimiram o mundo na sua amada língua materna aprendida na oficina
de Nazaré.
A língua materna simboliza a
mesma maneira de pensar e a mesma maneira de sentir. Sob este aspecto
ela representa um dos tesouros mais sagrado dos povos. Por essa razão a
Igreja Católica sempre insistiu que às crianças fossem ensinadas as primeiras
noções das verdades sagradas, de Deus e da eternidade, na língua da sua mãe.
A língua comum constitui-se no
veículo mais completo da compreensão mútua, não somente por causa dos mesmos
sons e das mesmas palavras, mas antes de mais nada pó causa das mesmas
percepções que elas transmitem. A língua materna comum permite a formação da
comunidade de destino comum. Por ela
somos capazes de superar com maior facilidade a enorme solidão da nossa
existência e trilhar com mais segurança
a difícil, a longa, a íngreme e a escura trilha da nossa vida. Ninguém se basta
a si mesmo. Pelo contrário. Quanto mais importante é o homem tanto mais sente a
solidão e a impotência e com tanto maior ânsia procura os homens que Deus lhe
concede como companheiros de viagem, para que a vida a dois, a três ou a muitos
se torne menos solitária.
De tudo isto resulta um grande
dívida para com aqueles que falam a língua materna, a língua que nos alimenta
espiritualmente, que contribui para que possuamos os bens mais preciosos que o
homem pode ter, o conhecimento do espírito e as riquezas do coração.
No momento, portanto, que
alguém prestigia a sua língua
materna por ser o símbolo e a expressão
da sua identidade étnica, ele dá prova da mais bela das lealdades humanas. A
língua humana assemelha-se ao primeiro chilrear do filhote do pássaro no ninho,
antes mesmo de adquirir a capacidade de voar e começar a navegar pelos oceanos
dos ares como um caçador livre e um musico de Deus. Foi por esse motivo que os
homens autênticos e leais empenharam tudo em favor do tesouro sagrado da
língua. O povo da Irlanda nos oferece um exemplo vivo dessa afirmação. Depois
de séculos de campanhas de extermínio os ingleses lograram acabar com a língua
irlandesa, excetuando algumas relíquias. Logo que conquistou a sua autonomia,
este povo que sofrera mais do que qualquer outro por causa da sua fé e por
causa da sua identidade étnica, enviou os melhores dos seus filhos em busca das
longínquas áreas de turfa e das montanhas, para reaprender a língua materna com
os carvoeiros e os lenhadores.
A identidade étnica é, portanto,
na sua essência uma comunidade de berço e a fidelidade a ela significa
fidelidade ao berço. A identidade étnica significa a autenticidade ancorada no
sangue e na língua. A identidade étnica é a verdade fundamentada na imagem de
Deus visível no homem. A identidade étnica é a inocência infantil enraizada na
mãe-terra das nossas energias. A identidade étnica compara-se a um “sim”
vencedor para com tudo o que é belo e verdadeiro com que Deus nos brindou no
berço e que nos acompanha na jornada da nossa vida.
Identidade étnica significa
também um “sim” sem reticências a tudo o que é bom, verdadeiro e belo que os homens de outras origens receberam de Deus
como herança. Aquele que não é capaz de respeitar a identidade étnica e a
língua dos estranhos pois, cada língua e cada identidade étnica é a
manifestação do pensamento eterno de Deus.
A fonte última do ser emana de
Deus e Deus ama a diversidade de suas criaturas. Nem mesmo duas pessoas foram
moldadas segundo o mesmo figurino, nem duas peças, nem duas peças executadas de
acordo com a mesma melodia. Cada uma das criaturas humanas é, individualmente, uma obra de arte, revestida
de uma preciosidade sem réplica. Cada uma das partituras de Deus oferece uma
música de solenidade sem igual. Cada identidade étnica encarna uma das
realizações do pensamento eterno. Cada raça concretiza, consciente ou
inconscientemente, um dos seus planos eternos.
É aqui que o mistério da
identidade étnica tem o seu começo. É preciso que tomados de silencioso
respeito, nos prostremos diante da nossa identidade étnica e a dos outros. É
preciso declarar um “sim” cheio de gratidão infantil, pleno de alegria, frente
à dádiva de Deus que é a nossa identidade étnica. É nosso dever também
considerar a identidade étnica dos outros como um santuário, apesar de estar
fechado para nós.
O
que é comunidade nacional?
Define-se como sendo a comunidade
do caminho comum, a comunidade comprometida com a mesma obra.
2) Nas mais diversas
circunstâncias em que os grupos humanos se encontram e se comprometem entre si,
origina-se a comunidade de jornada. Essa relação é de bem outra natureza do que
aquela motivada pelo sangue e, em muitos casos, não menos sólida. Constata-se
esse fato em muitas amizades de humanos de procedências diferentes, alimentadas
no sofrimento suportado e nas alegrias
degustadas em comum. O mesmo se observa
no casamento entre pessoas de raças diferentes, sólido como a morte,
sorrindo, chorando e peregrinando pelas estradas da vida.
Enquanto na primeira parte nos ocupamos longamente com os elementos que
constituem especificamente o conceito de identidade étnica, no presente
passamos a analisar o ambiente concreto em que vivemos. É um fato indiscutível
que a nossa identidade étnica teuto-brasileira está comprometida, para o que
der e vier, com a jornada comum do povo brasileiro. Um comprometimento para a
vida e a morte como acontece nas comunidades de jornada comum de tantos outros
Estados.Como por ex., a Bélgica, a Suíça ou velho Império Austríaco, cujo
esfacelamento foi um mal. Há cem anos partilhamos de todos os perigos e de
todos os sucessos pelos quais a Providência Divina conduz a nossa pátria, o Brasil.
Os nossos antepassados entenderam
de imediato a situação e engajaram, sem perder tempo, na caminhada comum com os
nossos concidadãos de outra identidade étnica. O fechamento sobre nós mesmos
para seguir obstinadamente a nossa trilha, não passaria de uma miopia absurda,
em meio à grande comunidade nacional. Significaria um beco sem saída porque não
tomaria em conta realidade dos fatos.
A caminhada comum com a
totalidade do povo brasileiro deve apontar, necessariamente, a direção a seguir
no futuro. Cabe-nos marchar com ambos os pés nessa estrada comum, unidos e
alegres, como os portadores dos destinos da nossa pátria comum, depositados nas
mão de Deus.
b) Comunidade nacional significa,
em segundo lugar, o comprometimento com
a construção da obra comum.
Não faz sentido perder muitas
palavras sobre a missão do teuto-brasileiro no contexto da nossa pátria. Basta
a consciência que temos uma missão e que
estamos determinados a cumpri-la da melhor forma possível.
Temos motivo para olharmos com
discreto orgulho para os cem anos em que, em parceria com nossos concidadãos de
outra origem étnica, construímos a obra comum. Perguntamos agora o que
conseguimos realizar? Isto nos poderá sinalizar para o que nos cabe fazer no
futuro. Os nossos antepassados foram os primeiros que ousaram enfrentar a mata
virgem, com inquebrantável força de vontade,
herdada dos homens de étnica alemã, lançando assim as bases da
florescente agricultura no sul do Brasil. Os nossos antepassados foram os
primeiros que, com a vontade empreendedora do alemão, instalaram as primeiras
indústrias, puseram em marcha os primeiros veículos de auto abastecimento do
País. Nossos pais e irmãos foram os primeiros a desbravar as vastas regiões do
Hinterland, subindo até o Paraná, franqueando o acesso até as fronteiras do
País.
Não foram, porém, os bens
materiais que, numa proporção significativa, resultaram da fiel colaboração na
obra comum entre os nossos parceiros de origem étnica e os demais brasileiros.
Uma significativa parcela da educação, a começar pela escola elementar até as
escolas de nível superior, encontra-se nas mãos
dos filhos da nossa etnia. Eles labutam, ombro a ombro, com os cidadãos
de outra procedência étnica, na edificação do progresso cultural do nosso País.
O maior orgulho da parcela
católica do nosso povo é o fato de que a
renovação religiosa no Sul do Brasil ter dado os primeiros passos a partir das
comunidades alemãs localizadas na mata. Aos curas de almas que seguiram os
imigrantes e aos filhos dos desbravadores
alemães que se decidiam pelo
sacerdócio, coube dar vida nova à fé do Império que nascia. Desde então seu
numero, somado aos provenientes de outras etnias, cresceu sem interrupção,
transformando o Sul do Brasil numa das porções mais abençoadas em vocações da América do Sul.
Honra aos nossos antepassados que
empenharam as suas energias em favor dos seus concidadãos, na tarefa de
construir essa grande comunidade nacional! É exatamente neste particular que se manifesta que a autenticidade
étnica e a nobreza da comunidade
nacional não são antagônicas, mas estimulam e se dão vida mutuamente. Quando os
nossos antepassados aportaram aqui, seus concidadãos brasileiros generosamente lhes ofereceram os
espaços cobertos de mata, para que os aproveitassem sem restrições, alem da
ampla liberdade de se desenvolver em meio à mais plena autonomia. E nossos
antepassados tomaram posse desse espaço, semearam nele a sementeira da cultura
própria trazida da velha pátria. E vejam só! Os frutos que no começo pareciam
destinados apenas para os próprios imigrantes, beneficiam hoje toda a
comunidade nacional. A verdadeira comunidade nacional é assim. É amor
verdadeiro sem retórica.
Como conclusão é lícito arriscar
um olhar para o futuro da obra comum empenhada em construir a nossa pátria. De
uma maneira geral o Sul do Brasil irá evoluir obviamente para um pólo de
irradiação da vida cultural. O Sul do Brasil, a terra do futuro como nenhuma
outra na América Latina, formada por uma mescla singular de homens pertencentes
a diversas identidades étnicas. Situa-se entre as duas maiores metrópoles do
continente, banhado no leste pelo oceano. Possui todos os requisitos para
desenvolver a agricultura, a criação de gado e a mineração. Aos nossos
descendentes, alimentados pelo espírito étnico que herdaram, caberá a
responsabilidade de continuar a tarefa de construir a obra comum da pátria
brasileira.
II. Chegou o momento de responder
a segunda pergunta:
Existe uma identidade étnica
alemã?
Existe uma comunidade nacional
alemã?
Existem os correspondentes
brasileiros?
Sem dúvida existe uma identidade
alemã expressa na maneira de ser e na língua alemã. Sem dúvida existe uma
identidade étnica brasileira expressa na maneira de ser e na língua brasileira.
Sem dúvida existe uma comunidade nacional alemã que consiste no caminho e na obra do povo alemão. Sem
dúvida existe uma comunidade nacional brasileira que consiste no caminho e na obra dos cidadãos
brasileiros.
Aqui se faz necessário
acrescentar os seguintes comentários.
1. A nossa identidade étnica aqui
no Brasil não pode ser simplesmente equiparada à identidade étnica na Alemanha.
Os cem anos de evolução no Brasil não deixaram de marcar nossa a identidade étnica. A paisagem, a
história, os concidadãos de outras étnicas, imprimindo características
peculiares ao teuto-brasileiro. Entre a imigração dos nossos antepassados e a
identidade étnica alemã de hoje, passaram-se cem anos de cultura marcada pela
máquina e pela indústria pesada, cem anos plenos de terremotos políticos e
grandes saltos na mudança de rumo nos acontecimentos europeus. Enquanto os
nossos colonos teuto-brasileiros mal e mal foram tocados por tudo isso,
processaram-se poderosas reviravoltas nas entranhas da Europa. Certamente não
alteraram a essência da identidade étnica e, contudo, induziram diferenças. A
nossa identidade étnica, a quem nos declaramos fieis, não é uma identidade
étnica alemã internacional difusa, nem aquela da Alemanha do final do ano de
1936. Trata-se, pelo contrario, de um teuto-brasileirismo bem caracterizado, sólido
e singular. De forma alguma, porém, queremos com isso assumir uma postura
hostil em relação à identidade étnica alemã na Alemanha pois, estamos
plenamente conscientes que necessitamos do seu apoio para preservarmos a nossa.
2. Para os descendentes de alemães nascidos no Brasil existe
obviamente apenas uma comunidade nacional e esta é a brasileira, como afirmamos
mais acima.
III. Pergunta: É possível que
alguém que pertence à identidade étnica alemã e respectivamente à comunidade
nacional alemã, pode inserir-se da mesma forma às correspondentes brasileiras?
1. É possível que alguém
pertencente à identidade étnica alemã, faça parte da comunidade nacional
brasileira?. Não há dúvida que sim pois, identidade étnica e comunidade
nacional são realidades diferentes. Podem coexistir e enriquecer-se mutuamente.
2. É possível que alguém possa
inserir-se simultaneamente na identidade étnica alemã e na comunidade étnica
brasileira? De forma alguma se entendermos os conceitos no seu sentido rigoroso
pois, identidade étnica significa na sua essência fidelidade ao berço. E
fidelidade ao berço entra em questão somente uma, para alguém de origem alemã e
de fala alemã, assim como existe só um berço para os de origem e fala
brasileira. Em numerosos casos, porém, não é tão simples. Ocorre, por ex., em casos de
miscigenação biológica e bilingüismo desde a primeira infância.
3. É possível que alguém pertença
da mesma maneira à comunidade nacional alemã e à brasileira? De forma alguma
pois, o caminho e a obra brasileira é diversa do caminho e da obra alemã.
4. É desejável que a nossa
identidade étnica se extinga, para que a comunidade de jornada e de objetivos e
a comunidade de sangue e de língua coincidam? De forma alguma pois, com o
nivelamento de todas as diferenças a pátria fica privada de um conjunto de
forças que, há cem anos, contribuíram
para seu progresso.
5. Qual a posição do
teuto-brasileiro em relação ao Estado alemão? Pretendemos responder com
brevidade e sem preconceitos. A Alemanha é a terra natal de nossos
antepassados, a terra natal da nossa cultura. Por isso é natural e legítimo
que, dentre todos os países, lhe dediquemos, ao lado do Brasil, o nosso amor.
Como crianças e como jovens acompanhamos de coração acelerado as lutas heróicas
dos alemães e as grandes façanhas das armas alemãs. Sentimos o íntimo
dilacerado no momento em que a nossa pátria declarou guerra à pátria dos nossos
antepassados. Sentimo-nos atingidos pela inominável ignomínia por que passou a Alemanha
derrotada. Assistimos com júbilo a Alemanha reconquistando passo a passo a sua posição no mundo e
ocupando novamente o lugar que lhe cabe como um grande povo. Aprovamos
alegremente tudo que a Alemanha de hoje mostra de bom e de grande. Reconhecemos
com gratidão o sentido da posição histórico-mundial
que tomou contra a investida do anticristo do bolchevismo.
Declaramos a nossa repulsa
inequívoca a apenas três questões de natureza política da Alemanha de hoje. O
primeiro não pronunciamos como pessoas:
dissemos um não ao atentado por pare do
Estado à liberdade da pessoa humana. O segundo não pronunciamos como cristãos e como católicos: um não ao
paganismo alemão. O terceiro não pronunciamos como teuto-brasileiros: um não a
qualquer tipo de composição do
teuto-brasileirismo com a política partidária da Alemanha.
Ao finalizar essas considerações
não queremos ignorar que pouco se alcança com discussões eruditas. O problema
que envolve a questão da identidade étnica e a questão da comunidade nacional,
não se resolve na escrevaninha mas na arena da vida. Tenho prazer em caminhar
entre as fileiras de túmulos dos cemitérios das colônias velhas. Enfileiram-se,
ombro a ombro, como imagens talhadas em pedra dos incansáveis soldados do
trabalho que sob elas descansam.
Sim, eu acredito que a nossa
análise erudita dos conceitos pode até
ser um sinal patológico. Perdemos a segurança e a naturalidade relativos à a
identidade étnica e à comunidade nacional. Creio também que é inútil
procurarmos a solução em livros. É preciso procurar a fonte na origem mesma da
identidade étnica e de toda e qualquer
comunidade de jornada e de objetivos, e a fonte encontra-se junto aos
nossos colonos.