Identidade Étnica – Comunidade Nacional – VI Hans Doetzer Jr.

O que se entende por identidade étnica?

Este conceito usado com tanta freqüência aparece quase  todos os dias nos jornais. No plano das percepções qualquer um sabe do que se trata. Mas poucos provavelmente tentaram  até agora formular em poucas palavras o seu significado.

Se não me engano o conceito de identidade étnica apareceu a primeira vê nos escritos de Jahn. Ele deu forma e sentido à expressão e reuniu em torno de si a juventude tomada do ideal nacional.

Empregamos espontaneamente a expressão “nossa identidade étnica”, ou “identidade étnica no Brasil”. Pensamos com isso apenas superficialmente no conjunto das pessoas de sangue alemão. O sentido da expressão “identidade étnica” é, porém, mais abrangente e mais profundo. Diz respeito menos ao indivíduo do que às suas manifestações. As manifestações são de natureza íntima, étnica e cultural. O conjunto delas, a compreensão como um todo, implica no conteúdo do conceito de identidade étnica.Os mesmos costumes, os mesmos usos, a mesma maneira de ser, a mesma língua, as mesmas expressões culturais, etc.,  formam uma unidade étnica. A identidade  étnica não conhece fronteiras. Ela é propriedade de uma determinada comunidade de pessoas. Não é passível de abandono, de troca, de negação, como se troca uma casa por outra. Porque no seio da identidade étnica encontram-se valores que foram reunidos no homem durante séculos. Identidade étnica é a herança que os nossos antepassados nos legaram. Representa assim o fundamento da nossa vida. Temos a consciência que a nossa energia vital, os frutos que amadurecemos, são o resultado de incontáveis  vivencias, amealhadas pela nossa estirpe no decorrer dos tempos.

Impõe-se então o fato: “não somos nós que vivemos mas os nossos antepassados que vivem em nós”. Conclui-se que se nós não existimos por nós mesmos, mas através de nós  se expressa aquilo que os nossos ancestrais construíram e plasmaram, perdemos totalmente as nossas raízes, se jogarmos ao mar essa herança. O nosso eu, visto isoladamente, não tem valor, é vazio e pobre. É incapaz de realiza, de construir alguma coisa, sem que a identidade étnica herdada dos antepassados atue em nós. Como ninguém pode trocar a sua identidade étnica, tão pouco pode renunciar a ela pois, a identidade étnica é o produto de uma evolução que recua até os idas primigênios da história do homem. Essa evolução processou-se organicamente, naturalmente e lentamente, de geração em geração e seu resultado provisório manifesta-se em nós. Essa evolução no seu acontecer marcou fronteiras precisas entre os povos. Compreende-se assim que ninguém está em condições de abrir mão, de uma hora para a outra, da sua identidade étnica e assumir outra. Para incorporar uma identidade étnica estranha falta-lhe o direcionamento condicionado pela natureza das coisas. A súbita adoção de uma identidade étnica alheia tira o homem inteiro do equilíbrio. Na verdade fica sem identidade étnica alguma. Significa abrir mão da identidade historicamente  condicionada, para preencher o vazio com uma outra que lhe é estranha. Entre a identidade étnica adquirida e o ser humano, falta o elo de ligação natural, fruto da evolução natural histórica. O resto só pode ser uma caricatura de homem.

O que se entende por Comunidade Nacional

Comunidade nacional é uma expressão que apenas em tempos mais recentes teve o seu uso generalizado. Mas não é uma invenção, melhor dito, não é uma conquista do nosso tempo. A comunidade nacional vem a ser a consciência  do pertencimento comum das pessoas a um Estado. Nem a unidade de pensamento político é determinante. A comunidade nacional materializa-se no amor ao próximo, no reconhecimento dos valores dos outros e na valorização da sua concepção social, cultural ou outra, dentro do todo. Consiste assim na inserção do indivíduo ou de certos grupos de indivíduos no todo, com a finalidade de promover  o bem estar do todo.

Dessa caracterização de identidade étnica e comunidade nacional, deduz-se claramente que não conceitos idênticos. É possível que em estados do tipo nacional, os dois sejam reunidos, misturados e torçados. Nossa tarefa consiste em enfrentar e tratar do problema, a partir de um ponto de vista próprio, como veremos a seguir.

A comunidade nacional é, em última análise, uma comunidade de destino. A seguir tentarei expor as razões dessa afirmação.


Identidade étnica e comunidade nacional no Brasil

Pela nossa maneira de ver as coisas não existe identidade étnica no Brasil pois, o Brasil está sendo povoado por elementos étnicos heterogêneos, dos quais cada qual tem a sua identidade própria. Contamos com identidade étnica portuguesa, alemã, italiana, polonesa e outras, mas não brasileira. Trata-se do óbvio, porque cada qual procura preservar a sua herdada dos seus antepassados. A par disso, porém, há algo que é comum a todos e este novo poderíamos chamar de brasileirismo. O brasileirismo não exige o abandono da maneira de ser herdada e inerente às pessoas, mas somente tornar úteis os valores próprios de cada um em função do bem de todos, isto é, o Brasil.

Nem poderia ser diferente com o brasileirismo. Assim como a natureza não dá saltos, não há como forçar uma evolução que se processa conforme  lógica a natureza, a enveredar numa direção e por caminhos artificiais. Neste caso nem se poderia falar em brasileirismo mas em opressão das identidades étnicas numericamente inferiores, pelas mais poderosas. Este fato, de forma algum, impedirá  a formação de uma identidade étnica brasileira.  Ela evoluirá do brasileirismo, o qual se construirá na única base possível para a identidade étnica. A evolução é lenta e se passarão séculos até que se possa falar  em identidade étnica brasileira.

A evolução natural das coisas  leva nessa direção. Da mesma forma como não se pode obrigar as pessoas a abrir mão da sua identidade étnica, de uma geração para a outra, sem grandes danos para os valores permanentes, tão pouco será possível sustar o processo de amálgama, estimulado pela lógica das leis naturais. Dá na mesma se é possível ou quando é possível verificar um resultado definitivo. Os maiores escritores brasileiros como Euclides da Cunha o consideram discutível. Consideram-no impossível e até perigoso do ponto de vista da miscigenação racial. As razões que alega são indiscutíveis e de validade perene.

Basta-nos para nós o nosso brasileirismo em cuja sombra vivemos felizes e satisfeitos no Brasil. O nosso brasileirismo se constitui na base da identidade étnica brasileira.

Existe uma comunidade nacional brasileira. É a conclusão lógica das considerações feitas acima. Caso nao existisse o Brasil como um todo, dificilmente subsistiria, tendo em vista a composição étnica heterogênea  do seu povo. Somente a comunidade do povo como um todo, evidente para todos desde o Oiapoque até o arroio  Chuí e do Cabo Branco ao Javari, faz com que o Brasil seja o colosso que é. O comum, aquilo que o povo possui como uma comunidade, é o brasileirismo.

Resumindo pode-se dizer.

1. Ainda não existe uma identidade étnica brasileira.
2. Mas existe uma comunidade nacional brasileira,

Como se comporta a identidade étnica alemã e a comunidade nacional no contexto brasileiro e em relação à comunidade nacional brasileira?

Em suas poesias uma poetisa teuto-brasileira deu-nos a resposta para  a pergunta. Com sua amável permissão cito seus versos como resposta à pergunta feita pois,  linguagem poética, como se sabe, toca o coração e é o que pretendemos. Os nossos companheiros de estirpe que nos entendam e o melhor caminho para entender  são os versos do poeta:

Existe identidade étnica no Brasil
O cemitério está ali. Palmeiras farfalham
O vento veloz por seus leques passa,
Como se aqueles homens o fossem escutar
Que há muito sob suas raízes se decompuserem.

Percebo o elo que nos une
A nós e  a terra, em que os mortos descansam
Que nos une com nossos companheiros de estirpe,
Pela mesma palavra, o mesmo destino, a mesma obra.

Nós filhos da terra os costumes preservamos
Que do nosso mais profundo ser são a essência
Tão alemães como nossos pais
Que há muito são terra da nossa terra.

Tão alemão como outrora nossos pais foram,
Plenos de energia alemã, orgulho e vontade alemã,
Assim permaneça por muitos anos a germanidade
Dos filhos dos filhos o maior tesouro.

Eis uma confissão de fé cálida para com a maneira de ser e os costumes dos antepassados.

Há muito os primeiros imigrantes jazem decompostos em  terra brasileira, mas nós temos a obrigação de guardar a sua herança, se nos quisermos mostrar dignos deles. Toda a nossa força encontra-se  na nossa identidade étnica. Se a largarmos de mão, largamos a nós mesmos de mão.

Cabe-nos, portanto, preservar a nossa idntidade por razões egoístas.

Continuamos a guardá-la como legado dos nossos antepassados e finalmente pelo bem da nossa pátria.

Somos portadores da identidade étnica alemã no Brasil. Como nos situamos então frente à comunidade nacional alemã? Logo no início afirmamos que para nós comunidade só pode significar comunidade de destino. Nosso destino está e estará sempre ligado ao Brasil. Pertencemos à comunidade nacional brasileira e para ela estamos  disponíveis. Quando na Alemanha se fala num povo de cem milhões, isto vale para nós somente na medida em que se considera a identidade étnica. No momento em que se pretende inserir-nos numa comunidade nacional de cem milhões, só temos um definitivo não como resposta. O que temos em comum com a nossa terra de origem é a participação e o comprometimento naquilo que é a sua alma.

Alem disto há um componente ético decisivo. Temos laços existenciais com a terra brasileira. É a nossa terra natal, é o chão que nos alimenta, é o nossos cemitério.

A alma da terra natal tomou posse do homem. A terra natal nos deu identidade, imprimiu o selo em nossas gerações. A diferença entre a terra natal dos alemães do “Reich” e dos teuto-brasileiros, impele-nos necessariamente ao encontro de uma outra comunidade nacional daquela que se encontra em território alemão. A nossa terra natal amoldou a nossa alma ao chão em que vivemos. A nossa identidade étnica alemã e a nossa terra natal confluíram numa unidade harmoniosa. Daí destaca-se gradativamente uma linha divisória nítida entre  os alemães do “Reich” e os teuto-brasileiros. Não é necessário, entretanto, que atue como uma fronteira que separa. Infelizmente contrapõe-se muitas vezes à nossa vontade étnica e política, uma cosmovisão que nega a condição de pátria, à terra em que nascemos e na qual vivemos. É algo que não faz sentido e só se justifica no caso d todos os homens de sangue alemão, nascidos no estrangeiro, regressem  futuramente à terra  dos seus antepassados. Já que isto se tornou impossível para as gerações que nasceram  no Brasil, alem de não quererem, realizou-se o processo de sintonia da alma para com a terra natal.

A alma da nossa terra natal
Que anima o nosso ser e existir
Ela tem em nosso lar, junto ao fogão
É a essência de nossos filhos

Fala-ns das profundezas silenciosas da mata virgem
Sua voz troa no rumor das cachoeiras
Encontra-se no perfume das orquídeas
Ao canto dos pássaros que enche o jardim e os arbustos.

A nossa adesão à identidade étnica alemã não sofreu nenhum dano por causa da nova postura da alemã. Firmamo-nos contudo em pés próprios. Deixemos a poetisa continuar:

Iremos sempre pela nossa maneira de ser
Confessar a nossa adesão ao ser e falar dos antepassados,
Jamais separaremos do nosso ser  e viver
Os  traços essenciais da terra natal.

Pois, cada planta, cada vivente
Que cada brasileiro carrega em si
A peculiaridade que da nossa maneira de  ser
Impressa no teuto-brasileiro.

Além da maneira própria da identidade étnica, que temos em comum com todos os alemães, exibimos a maneira de peculiar impressa pelo torrão natal. Se não tivéssemos   a nossa identidade não passaríamos de folhas murchas, jogadas para lê e para cá  pelo vento, para, finalmente, sermos entregues à degenerescência.

Chamar de querência natal uma terra que não conhecemos, nada mais seria do que perseguir um fantasma e nos transformarmos em alienados e desenraizados. Exatamente da mesma forma como todo alemão tem a sua pátria no “Reich”, nós temos a nossa. Possuí-la é indispensável para a nossa sobrevivência. Como cidadãos livres sentimo-nos orgulhosos de chamá-la nossa sem restrições. Acrescentemos os versos que conseguem expressar essa realidade elementar com maior precisão do que as minhas palavras.

Porque ao lado da nossa peculiaridade racial
Existem as características próprias da querência natal
Cultivamos os dois na mesma medida,
Para que não se perca em nós.

Para na vida não perdermos as raízes
Para não sermos homens sem pátria
Para com o chão preservarmos a nossa relação
Sobre o qual flui o caudal da nossa vida.

Exatamente como entre nós  aliaram-se com a terra natal também a identidade étnica portuguesa, polonesa, italiana. As manifestações da alma daí resultantes sintonizam com as nossas.

Aquilo que nos une, o esforço em construir pontes sobre os contrários, faz com que tenhamos o mesmo destino, a mesma pátria, as melhores bases para construir a comunidade nacional brasileira. A poetisa acerta de novo na mosca quando escreve:

A certeza que uma parcela da pátria brasileira
Irriga a existência de todos os brasileiros,
E que pela ligação com a pa´tria
Também entre nós estamos unidos.

Unidos pelo mesmo objetivo na vida:
Promover e fortalecer a pátria!
Por cuja edificação damos o melhor de nós
Com suas obras cada um colabora.

E onde cada um retira de sua identidade
As energias para alcançar o objetivo
Nós brasileiros trabalhamos para a glória
Da amada pátria, para o teu bem, Brasil.

Apesar de pertencentes inteiramente à comunidade nacional brasileira, demonstramos muitas vezes, que em horas de   necessidade pensamos, na medida das nossas possibilidades, não apenas em nós, mas também em nossos irmãos na terra de origem. Provamos a eles que acima de todas as diferenças assumimos os nossos deveres para com a germanidade. Levamos a sério, muito a sério, essa obrigação. Serve de prova que não somos seres exóticos, como ultimamente costumam caracterizar-nos, quando sustentamos conscientemente a nossa tradicional posição teuto-brasileira e partimos em sua defesa.

Estamos inseridos na identidade étnica alemã. Temos uma pátria que é nossa e por ela batalhamos. Fazemos parte da comunidade nacional brasileira, porque declaramos a nossa adesão à pátria brasileira.

Nós brasileiros de ascendência germânica vivemos felizes sob o céu estrelado do cruzeiro do sul. Temos tudo que alguém precisa por ser feliz neste mundo. Não percebemos falhas nem há nada que nos possa tirar do equilíbrio, nem corporal nem espiritualmente. Movimentaram-se adaptados `s circunstâncias e estamos harmonicamente inseridos no todo. Não há nenhum milagre nisso, pois em nós se realizou:

Quem tem raízes no próprio chão
Este é sólido.
Quem preserva os costumes dos antepassados
Este é autêntico.
Quem ama intensamente a sua pátria
Este é bom
Com certeza merece elogio
Aquele que tudo isto faz.

Assim foi, assim será, como lema em homenagem ao “nosso dia”:

Em memória dos nossos antepassados
Para o nosso ensinamento
Para o bem da nossa Pátria.


O verso acima seja a expressão suprema da sabedoria de vida do teuto-brasileiro e a quintessência desta exposição.

Identidade Étnica – Comunidade Nacional – V José Carlos Englert

Há sessenta e cinco anos o jornal “Deutsches Volksblatt” empenha-se na preservação da identidade étnica alemã. Com sua postura aberta e independente colocou-se sempre em favor dos pleitos dos brasileiros de origem alemã. Mais uma vez se fez merecedor do reconhecimento pela louvável iniciativa do dia vinte e cinco de julho, propondo um concurso de ensaios para esclarecer de vez a nossa situação de brasileiros de origem alemã.

Partindo desta proposta quero, como brasileiro de origem alemã, tentar responder  às perguntas formuladas pelo concurso.

Costuma-se empregar a expressão “brasileiro de origem alemã” ou “brasileiro de raça alemã”. O fato de não poucos acentuarem a primeira parte da palavra teuto-brasileiro, deve-se talvez a uma compreensão errônea da língua. Isso poderia induzir que damos mais importância ao “teuto” do que ao “brasileiro”. Outros ainda poderiam interpretar o acento no “teuto” como declaração de pertencimento à comunidade nacional alemã no sentido nacional  socialista.

As opiniões sobre as questões propostas pelo concurso envolvendo identidade étnica e comunidade nacional, divergem muito. Pode-se falar até em caos. É preciso iluminar esse caos que resultou das opiniões individuais que proliferam sem controle. Na definição do que seja identidade étnica e comunidade nacional encontra-se a chave para a sobrevivência da germanidade no estrangeiro em seu sentido mais amplo.

Os conflitos experimentados  pelos brasileiros de raça e costumes alemães em relação ao sentido desses problemas, não passam de ficção. Desmoronam no momento em que os conceitos forem claramente definidos. Basta um pouco mais de lógica, um pouco mais de amor à pátria  e não se deixar de desnortear com teorias que levam ao fanatismo, para que se esclareça tudo que aparece tão confuso e tão complicado.


Identidade étnica e comunidade nacional
São a mesma coisa?

Obviamente identidade étnica e comunidade nacional não são a mesma coisa. Identidade étnica é um atributo enquanto comunidade nacional é um forma de vida.

Pretendemos tornar a questão mais clara aprofundando a compreensão dos conceitos propostos.

O que se entende por identidade étnica?

Perguntemos, antes de mais nada, se nós brasileiros de raça e costumes  alemães  nos inserimos na identidade étnica alemã. Em caso de reposta afirmativa permitimo-nos mostrar como vivemos a identidade étnica alemã. Nós brasileiros de descendência alemã pertencemos, indubitavelmente, à identidade étnica alemã pois,

1. Somos filhos de pais alemães

Herdamos dos nossos pais a maneira de ser. Neste momento é preciso chamar a atenção que nossos pais ou avós vieram para o Brasil e aqui se fixaram, com o propósito de encontrar uma nova pátria. Só conseguiram sob a condição de uma permanência definitiva. Havia nesta decisão um certo risco para a manutenção da identidade étnica. Aqui está a explicação do fato de que nem todo aquele descende de pais alemães, ainda pode  ser classificado como pertencente à identidade etnia alemã. O sangue é uma herança não perceptível, a identidade étnica não. Por esta razão o sangue não pode ser a característica única e determinante na definição da identidade étnica. O sangue a favorece e se constitui num dos elementos em que ela medra. Podem pertencer à identidade étnica alemã pessoas que, no que se relaciona com o sangue, nao são alemães. Quanto sangue francês não se diluiu na identidade étnica alemã, quando os huguenotes abandonaram a  e se fixaram na Alemanha, depois da revogação do edito de Nantes por Luis XV em 1685. Quem ousaria negar a identidade étnica alemã, aos seus descendentes que adotaram  a língua e os costumes alemães? Quanto sangue eslavo, inteiramente germanizado, não circula hoje na Alemanha? Também  não é legítimo excluir da identidade alemã as antigas famílias judias, há muito inseridas na população alemã. Nós brasileiros de origem alemã estamos inseridos na identidade étnica alemã, porque em nossas veias circula o sangue alemão. Mas não é o suficiente. O que nos falta então para nos podermos incluir na identidade étnca alemã? Falta-nos:

2 A comunidade cultural alemã.

A comunidade cultural lema não é o suficiente. No sentido lato define-se a cultura como sendo as conquistas do homem que complementam as suas aptidões e potencialidades. A cultura pode  ser material e espiritual.

A cultura material consiste na totalidade das conquista do homem, referentes à melhoria e ao bem estar da sua vida animal, como por ex., as conquistas no campo da indústria, da técnica, da agricultura, da mecânica, etc.

A cultura espiritual consiste na totalidade das conquistas do homem relacionadas com a sua vida espiritual como, por ex., a moral, a literatura, a ciência, etc.

A cultura alemã engloba a totalidade das conquistas no plano material e espiritual.

Ao lado do sangue a comunidade cultural alemã constitui-se num pressuposto para a identidade étnica alemã. Não é, porém, propriamente a identidade étnica em si, caso contrario seria necessário ampliar muito mais a compreensão do conceito de identidade étnica.

Todo luso-brasileiro que assimilou o espírito alemão e aprendeu a entende-lo pela literatura alemã, conquistou uma relativa posição  em meio à comunidade cultural alemã. Nem de longe, porém, pode-se afirmar que por isso mesmo faz parte a identidade étnica alemã.

Como veremos exigem-se muito mais pré-requisitos, além dos já citados, requerem-se ainda

3. O uso regular da língua alemã.

Isoladamente também este pressuposto não é suficiente. O uso da língua alemã sinaliza, sem dúvida para a identidade étnica, mas nem todo aquele que domina e se serve regularmente da língua alemã, faz parte da identidade étnica alemã. Parece que o elemento  mais importante  que determina o pertencimento à identidade étnica alemã, são:

4. Os hábitos alemães.

Por meio deles expressa-se o estilo de vida dos alemães. Não há como falar em identidade étnica sem a presença do estilo de vida peculiar, sem o organismo dos costumes e usos, que compõem um estilo de vida integrado.

A cultura assim como a língua isoladamente não define a identidade étnica. Identidade étnica não se confunde  com a comunidade cultural ou a língua, mas com o uso regular desses elementos enraizados na carne de no sangue, oferece a chave para a compreensão do que seja identidade étnica. Identidade étnica vem a ser um estilo de vida, um atributo, que varia de povo para povo, porque cada povo possui a sua cultura, a sua língua e a sua forma de viver próprios.

Identidade étnica alemã significa estilo alemão. Nela participa aquele que  percebe este estilo como sendo o seu.

O que se entende por comunidade nacional?

Mais acima já observamos que o conceito de comunidade nacional é pouco claro, por causa das muitas opiniões individuais e conflitantes.

O nacional socialismo coloca o sangue como fundamento da comunidade nacional. Partindo deste princípio, de um lado muitos alemães foram excluídos da comunidade nacional alemã e de outro lado muitos vivendo em outra comunidade nacional foram incluídos.

Nós brasileiros e origem alemã fazemos parte da segunda categoria, pelo fato de em nossas veias circular sangue alemão. Qual a nossa posição frente a essa proposta? Para nós comunidade nacional, como diz a palavra, nada mais significa do que a comunidade do povo que declara como tendo a mesma pátria. O fundamento da comunidade nacional não é o sangue mas a terra natal e num sentido mais amplo a pátria.

O conceito de pátria engloba
Uma escala de valores composta de
Muitos elementos

O território comum. A grande pátria na qual vivemos formada por diversas regiões, onde vigoram os mesmos direitos e deveres sociais mútuos, que nos vinculam com os demais cidadãos, um governo acima de nós que tem como objetivo zelar pelo bem comum, sobretudo o espírito de comunidade com aspirações e finalidades comuns em seus empreendimentos.

A pátria não é uma ficção mas uma personalidade moral que nos une como uma mãe reúne os filhos. Como cidadãos devemos à pátria o mesmo amor filial que dedicamos à mãe de sangue.

A comunidade nacional significa  para nós o entorno em que vivemos, a pátria, o chão da nossa terra natal. Não se requer nenhuma violência para amá-la com toda a força e dedicação. O nosso amor à pátria é a nossa comunidade nacional . Não reconhecemos nenhuma comunidade nacional que possa ferir o nosso amor sem restrições para com a pátria.

Existe uma contrapartida brasileira
para identidade étnica e comunidade nacional?

Como já foi dito a resposta para esta pergunta depende novamente do conceito que temos de identidade étnica e d comunidade nacional. Na suposição de partirmos do fator sangue não temos como encontrar o correspondente brasileiro para o conceito de identidade étnica e comunidade nacional.

No momento, entretanto, em que tomarmos como base a nossa concepção em relação à questão, excluindo o princípio da raça por não lhe caber o significado determinante, é permitido afirmar: “Sim existe a contrapartida  brasileira para identidade Étnica e comunidade nacional.

Existe uma identidade étnica brasileira, porque existe uma tradição brasileira peculiar, uma maneira de ser brasileira com dinâmica própria.

Mesmo que na língua brasileira não  e encontre termo para designar “Volkstum”, temos contudo a palavra “brasilidade” para significar a identidade étnica brasileira. A “brasilidade” não tomou conta de todo o povo, no mesmo nível e no mesmo nível em todas as camadas da população. Apesar disto está presente. Constitui-se num fenômeno que se faz visível com tal evidência, que a língua cunhou o termo correspondente.

Obviamente a brasilidade é passível de uma evolução futura e de ulteriores desdobramentos pois, o povo brasileiro é muito jovem. Seria um equívoco não respeitar a identidade étnica brasileira porque sob muitos aspectos lhe falta o acabamento. Este fato deve entusiasmar também a nós  brasileiros de origem alemã a colaborar, na medida do possível, na sua concretização. Carregamos na bagagem de nossa identidade étnica alemã um tesouro que de  muitas formas poderá ser proveitoso para a identidade étnica brasileira em formação.

Repetem constantemente e de forma ostensiva, exatamente aqueles que, por causa da nossa identidade étnica, exigem de nós que, como cidadãos brasileiros, contribuamos com o que temos de melhor, para a edificação da nossa pátria. Contribuamos, portanto, para a construção da sua identidade. A instigação qeu cada bom brasileiro aceita com gosto não inclui a renúncia à identidade étnica alemã. Os nossos melhores brasileiros de origem alemã como, por ex., o prefeito da cidade major Alberto Bins, repetem constantemente  em ocasiões adequadas: Não abrimos mão da nossa identidade étnica alemã, porque assim estamos em condições de servir melhor a nossa pátria, o Brasil.


a) Cultura brasileira

Existe evidentemente uma cultura brasileira. Constatam-se inegáveis conquistas no terreno material e espiritual. Existe uma comunidade cultural brasileira, que nos últimos cinqüenta nos se distanciou em muito da influência estrangeira. Por ex., só para mencionar a literatura brasileira.  No gênero romântico formou-se um caráter inteiramente brasileiro. O romantismo voltado para a glorificação do passado histórico da pátria, canta os feitos de seus heróis e das suas grandezas. Como o Brasil não tem um passado de Idade Media,  nossos escritores, entre eles Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Taunay, Graça Aranha, Alencar, cantaram e glorificaram o passado histórico do Brasil, nos primeiros anos apos o descobrimento. Existe também um direito brasileiro explícito. Leia-se a respeito o que Pontes de Miranda escreveu em Comentários à Constituição.

Seria muito oportuno ocuparmo-nos mais com a cultura brasileira afim de penetrar mais profundamente no espírito brasileiro, para, desta maneira, participarmos mais no seu desenvolvimento peculiar.

b) A língua comum.

No Brasil há uma língua comum. Toda e qualquer pessoa aqui nascida tem a obrigação de aprofundar-se  nas suas belezas e particularidades. É lamentável que os estrangeiros, apos uma permanência de três ou mais anos entre nós, não sejam capazes de se fazer entender e afirmam, quem sabe, até com convicção e por lhes faltarem elementos, que não existe identidade étnica brasileira alguma.

c) A maneira brasileira de ser

Existe também uma maneira brasileira de sr. Na verdade apresenta-se muito regionalizada e não desenvolveu  ainda uma unidade. Mas esta se faz cada vez mais visível e forma generalizada. Certamente assumirá, com o tempo, uma configuração mais acabada.

Basta considerar neste momento os quatro elementos no seu todo. A conclusão é óbvia: existe uma identidade étnica brasileira batalhando pela moldagem defintiva do seu perfil.

Evidentemente existe também uma comunidade nacional brasileira pois, como cidadãos brasileiros temos um território comum no qual vivemos, uma pátria comum que nos cabe amar e respeitar. Como brasileiros temos deveres sociais inegáveis para com os nossos concidadãos, embora pertençam a uma outra raça. Ostentamos esses laços com muito mais vigor do que podem imaginar os teóricos da teoria do sangue, que conhecem apenas laços de sangue.

Com certeza existe a comunidade nacional brasileira. Não é a comunidade de sangue mas a comunidade de cidadãos e os filhos da pátria. Essa comunidade nacional é também a nossa, dos brasileiros de origem alemã. Não permitimos que seja falseada. Não a queremos perder deixando-nos ludibriar com teorias novas que não são aplicáveis ao nosso povo e nossa terra.

É possível que alguém pertença d mesma forma e, o mesmo tempo, à identidade étnica alemã e à comunidade nacional alemã e às correspondentes brasileiras?

Esta terceira questão colocada pelo concurso contem a s conclusões das outras. A sua resposta obriga-nos a nós brasileiros de origem alemã, a definir clara e inequivocamente a posição que nos cabe assumir.

Vamos desdobrar as perguntas em duas. A resposta será também válida para a terceira pergunta formulada pelo concurso.

a) É possível que alguém pertença ao mesmo tempo à identidade étnica alemã, à identidade étnica brasileira e à comunidade nacional brasileira, sem prejuízo de nenhuma das duas?

b) É viável que, alguém nascido aqui, pode aceitar os princípios do nacional socialismo sem prejuízo do pertencimento ao Estado Brasileiro? Ou declarar-se adepto da comunidade nacional, nacional socialista?

Para o ºitem a). É, sem dúvida permitido a nós brasileiros de origem alemã, declararmo-nos pertencentes  à identidade étnica alemã, no caso de estarmos em condições de demonstrar que os nossos usos, costumes e a língua alemã, a tal ponto que pratiquemos o estilo alemão e a participação nos valores culturais alemães. É possível pertencermos à identidade étnica alemã, sem prejuízo da nossa identidade étnica brasileira porque, conforme o nosso entendimento, a identidade étnica é uma qualidade que as duas identidades étnicas, a alemã e a brasileira, não se excluem mutuamente.

A nossa tarefa, o nosso objetivo maior como brasileiros de origem alemã, faz com que nos posicionemos a meio caminho entre as duas identidades e num clima de harmonia  equilíbrio, fazer frutificar o que é bom e vantajoso da parte de um e de um e do outro lado.

Esse equilíbrio entre as duas identidades, a alemã e a brasileira, que no decorrer do tempo conquistamos com tanta competência, é muitas vezes interpretado e estigmatizado por aqueles que não nos entendem, como um pendular hesitante entre duas identidades.

A essas pessoas resta-nos dizer: Vocês são os estrangeiros. Cabe a vocês como hóspedes educados aprender a entender o que lhes parece estranho. Permaneçam do jeito que são. Nós não iremos impedi-los. O Brasil é um país hospitaleiro. O Brasil não fará tal coisa. De outro lado vocês não têm o direito de exigir de nós que mudemos de atitude. Ouçam. Isto não lhes é permitido porque não  lhes é permitido, porque implicaria no abuso do direito de hóspedes de que vocês desfrutam entre nós. Anotem ainda: os filhos de vocês que viam a luz no Brasil, país do sol, que crescem aqui na terra  da liberdade, caminharão a mesma estrada que nós trilhamos, vocês querendo ou não querendo. Vocês cometeriam uma injustiça caso não o permitissem. Cometeriam uma injustiça para com os seus filhos, impedindo-os de serem brasileiros no sentido pleno da palavra. De que maneira vocês justificariam perante os seus filhos, no caso de os privarem do sonho de uma terra natal e da âncora segura de uma pátria.

Ao nos julgarem raciocinem: estamos inseridos na comunidade nacional brasileira, nosso entorno existencial. Nesse meio irão situar-se seus filhos a não que queiram que degenerem como apátridas sem cor sem identidade como cidadãos. Mas não se preocupem. A juventude  quer viver  e uma juventude sadia encontra a sua maneira de viver. A juventude brasileira cujos genitores são vocês, encontra a sua maneira de viver na comunidade nacional, à revelia de todas as teorias sobre a comunidade nacional fudamentada no sangue.

Pode alguém nascido aqui aceitar os princípios nacional socialistas sem prejuízo do pertencimento à comunidade nacional socialista? Ou ainda declarar-se como integrante da comunidade nacional alemã nacional socialista?

Não, não pode, porque o nacional socialismo e as teorias nas quais se apóia, colidem com as nossas leis e são frontalmente contrárias a elas.

Há no direito internacional dois princípios de acordo com os quais é regulamentado o pertencimento ao Estado: o princípio do “ius sanguinis” e princípio do “ius soli”, o princípio do sangue o princípio do território. O pertencimento ao estado alemão é regido pelo primeiro e o pertencimento ao estado brasileiro pelo segundo. Aquele, o ius sanguinis, escreveu Josef Kohler na sua introdução à Ciência do Direito, origina-se  imediatamente pelos laços da família da descende alguém que pertence  ao Estado, ou ainda por casamento ou por adoção. Pelo fato de na Alemanha o pertencimento ao Estado independer do local do nascimento (não interessa onde mas de quem é nascido), não há perda dela por parte de quem se encontra no estrangeiro.

Este, o “ius sol”, orienta-se pelo princípio de que adquiriu o pertencimento ao Estado, aquele que nasceu no território ou aquele que se demora nele por mais tempo.

A Constituição Brasileira de 16 de julho de 1934 manteve o mesmo ponto de vista sobre o pertencimento ao Estado, daquela que  antecedeu em 1891. No artigo 106, item a, lê-se: São brasileiros os nascidos no Brasil mesmo que sejam de pais estrangeiros contanto que não estejam a serviço dos seus países.

Neste artigo o “ius soli” está, portanto, claramente expresso e, consequentemente são brasileiros todos que nasceram neste País.

Estes dois princípios, o “ius soli” e o “ius sanguinis” que regulamentam o pertencimento ao Estado, constam desde sempre no direito internacional. Os conflitos que resultaram com a dupla nacionalidade, como por ex., do filho nascido de pais alemães em território brasileiro e, como tal, reconhecido como pertencendo ao Estado Alemão pelo direito alemão e pelo direito brasileiro são brasileiros, foram sempre equacionados pacificamente.

Desde que na Alemanha do Terceiro “Reich”, além dos cidadãos de direito, inclui na comunidade nacional o “povo de cem milhões”, tomou com base única o sangue ou a semelhança do sangue. Nós brasileiros de identidade e costumes alemães, independentemente se nos encontramos na segunda, terceira ou quarta geração, não obstante nossos direitos aqui, no momento em que somos reclamados pelo nacional socialismo, entramos  em franca contradição com os desejos que a Alemanha por acaso alimenta em relação a nós. Façamos a pergunta aos juristas:

Como ficam os princípios nacional socialistas
Em relação às determinações legais do Brasil?

O nacional socialismo fundamenta-se  no sangue e dele deduz a sua concepção de comunidade nacional, coisa que para nós brasileiros de origem alemã não faz sentido. Sendo o nacional socialismo uma questão política, que encontrou a sua expressão mais acabada  na formação do partido operário nacional socialista (NSDAP), Exige a adesão à comunidade nacional, nacional socialista. Esta adesão fundamenta-se no argumento do sangue exige de nós brasileiros de origem alemã mais do que estamos em condições  de oferecer. Pela lógica  exige, sem mais nem menos, o pertencimento ao Estado Alemão.

Mesmo que essas exigências não constem explicitamente nos estatutos do partido, aparecem implícitas na sua formação. O nacional socialismo sustentado pelo partido dominante do Terceiro “Reich”, obriga-se logicamente a exigir dos seus filiados, que pertencem somente à comunidade de sangue e a comunidade étnica, mas também à comunidade nacional. Pergunta-se então se não é correta a afirmação: o nacional socialismo é o partido e o partido é o Estado.

É ou não é verdade que os membros alemães do partido em nosso meio, registram, sem exceção, seus filhos nos consulados alemães, para assim assegurarem o pertencimento ao Estado alemão ao lado do pertencimento ao Estado brasileiro, direito que não podem negar ao recém-nascido? Ninguém põe em dúvida o sagrado direito dos pais, que provavelmente retornarão  à Alemanha com os filhos nascidos aqui. Foi por esse tipo de considerações que em tempos passados, pais previdentes registravam os filhos nos consulados. Constitui-se, porém, uma violação da legislação brasileira (ius soli), quando um partido  nacional político pretende instituir como norma aqui no País, a perpetuação  pelas gerações futuras do pertencimento a um Estado estrangeiro.

Não convence quando se tenta negá-lo como, por ex., com o argumento que o partido não se refere a cidadãos de outros Estados. No momento em que tiver condições de por em prática a sua lógica, o fará. Conhecemos muito bem certos membros do partido que são cidadãos brasileiros. Estes, por sua vez, como cidadãos do Estado Alemão que são, seja pelo fato de sempre o terem sido, ou por terem adquirido esta cidadania, irão assegurar a cidadania alemã para os filhos nascidos  aqui no Brasil, pelo princípio do “ius soli”. Assim manda a lógica.

O nacionalismo alemão fundamenta-se no sangue e o “Reich” alemão é formado por cidadãos de sangue alemão. Por isso, no caso de eu, um indivíduo, de sangue alemão, me declarar adepto da comunidade nacional alemã, como apregoa o nacional socialismo alemão, sou obrigado como homem conseqüente , declarar-me adepto do terceiro “Reich”, como manda coerência com os princípios do nacional socialismo. Isto só é possível na condição de cidadão alemão e não de cidadão brasileiro.

No momento em que como homem de caráter, aceito a cosmovisão nacional socialista, obrigo-me a orientar de acordo com ela a minha vida política e social e colocar-me em sintonia com o princípio da aça e do sangue. Já que tenho sangue alemão, estaria obrigado, caso me decida a orientar   minha vida e minhas ações em harmonia com essa cosmovisão, a aceitar o nacional socialismo alemão e com ele a cidadania alemã. Seria falta de lógica e de hombridade pensar de maneira socialista (ius sanguinis) e na vida civil não agir de acordo, atendo-me ao “ius soli”, permanecendo brasileiro como mandam as nossas leis.

Ou “ius ssanguinis” igual a nacional socialismo alemão e consequentemente pertencimento ao Estado Alemão, ou “ius soli” igual a  cidadania brasileira. Essa formulação em ou, ou decorre necessariamente da supervalorização do princípio do sangue pelo nacional socialismo (ius sanguinis).

Essa postura dos brasileiros de sangue alemão que são e continua fieis à sua pátria, em relação à cidadania, não poucas vezes é interpretado, de um lado, como ausência de uma noção clara e de outro como má vontade para com o Terceiro “Reich”. Como brasileiro  estou impedido de aderir ao nacional socialismo alemão, mesmo que eventualmente possa ser um grande admirador das suas realizações na Alemanha. O nacional socialismo não passa de um assunto político interno da Alemanha e não pode ser transportado para cá sem prejudicar a identidade étnica daqui. Nós brasileiros de origem  e costumes alemães preservamos há mais de cento e dez anos a identidade étnica alemã. Como cidadãos brasileiros permanecemos sempre fieis à honorabilidade alemã. Não estamos dispostos a sermos flagrados como traidores da terras que nos acolheu, por causa da ação e da propaganda político-partidária, no caso em que exemplos como o que segue se tornem comuns.

Um brasileiro de sangue alemão de terceira geração, grande amigo e entusiasta   do movimento nacional socialista na Alemanha, foi convidado a ingressar num grupo local da NDASP, organizado no Brasil. Não se mostrou de todo contrario à proposta. No momento, porém, em que lhe foi posta a exigência de aceitar também a cidadania alemã, rejeitou a proposta como inteiramente despropositada.

Essa conduta irracional de induzir brasileiros a sacrificar a sua cidadania ou ainda assumir mais uma, constitui-se num ato de alta traição para com a terra de hospedagem ou ainda ignorância infantil.

Esse tipo de comportamento, entretanto, está em perfeita sintonia  com a doutrina nacional socialista, que tem como objetivo maior, reunir todos os portadores de sangue alemão numa única nação de “cem milhões”, aliás objetivo de acordo com a lógica.

Nós brasileiros de origem e costumes alemães nos declaramos aberta e livremente adeptos da germanidade, à qual continuamos a construir e a preservar. Na mesma medida declaramo-nos membros da comunidade nacional brasileira. É nosso propósito aprofundarmo-nos cada vez mais no seu espírito e na sua maneira de proceder, para desta forma contribuirmos para o seu progresso.

Estamos imersos na gemanidade. Trata-se da herança dos nossos pais. Não fazemos parte da comunidade nacional no sentido nacional socialista. Nela só forçados entraríamos. Rejeitamos diante mão essas pretensões de incorporação pois, quem diz A dirá B, quem dá o dedo minguinho, oferece a mão.

O nosso sangue não é propriedade da comunidade de uma raça e sim da terra natal, da pátria. E a nossa pátria é e será exclusivamente o Brasil. Nele vivemos, é o  torrão sobre o qual nascemos. A ele pertencem as nossas aspirações, o nosso trabalho, as nossas conquistas, nossos propósitos e as nossas alegrias.

Caso adotarmos essa linha de conduta e seguirmos essas normas estaremos em condições  de sermos bons brasileiros, cidadãos fiéis da nossa terra natal e ao mesmo tempo cultivaremos a nossa germanidade, prestigiaremos, valorizaremos e promoveremos  herança dos nossos pais, no sentido tão bem e tão claramente expresso no verso:

Em memória dos nossos antepassados
Para o nosso ensinamento

Pelo bem da nossa pátria!