Archive for abril 2015

Reflexão do Pe. Rick sobre a imigração alemã


As mudanças ocasionadas entre os imigrantes alemães devido às circunstâncias peculiares  no Sul do Brasil, foram magistralmente caracterizadas pelo Pe. Rick, um dos mais argutos lideres da colonização na primeira metade do século vinte.
 
O relativo isolamento do Hunsrück pelo ano de 1824, caracterizou também a primeira colônia alemã no rio Caí e Sinos. Não existiam nem caminhos, nem estradas. Na época nem na Europa se conhecia o telégrafo nem telefone. Apenas havia disponível um tal ou qual serviço postal. A mata estendia-se para o interior aparentemente ao infinito, despovoada à exceção das aldeias de alguns índios selvagens. Pode-se deduzir, portanto, que os alemães povoadores da mata não foram influenciados por qualquer outra circunstância.

O clima era radicalmente diferente daquele das suas terras de origem. Subtropical, vizinhando-se por exemplo daquele da Lombardia. Excluindo os três meses  de verão muito quentes, é ameno, assemelhando-se às condições reinantes no mês de junho da Euroa, com  a diferença que ocorrem muito mais dias ensolarados. A luz e o sol conferem cores vivas às flores e aos homens uma jovialidade que conduzem a uma tal ou qual superficialidade.

Para atender às necessidades corporais havia tudo em abundancia uma vez superadas as dificuldades dos primeiros anos. No novo lar, portanto, havia  grandes diferenças  em relação ao antigo. Sem dúvida foi necessário um trabalho duro também aqui, até mais do que no Hunsrück. Eram, porém, recompensados  com alimentos de boa qualidade, coisa de que não raro se sentia faltava nas terras de origem.

O atendimento às  exigências  do espírito e da alma contudo era precário. A escolaridade resumia-se  no começo  ao mínimo. Faltavam simplesmente professores  formados ou  os poucos formados não suportavam  indefinidamente as condições  miseráveis. Assim, devido à primeira das circunstâncias, o nível de instrução das crianças na escola mostrava-se em extremo precário. Encontravam.se, entretanto, entre os adultos, pessoa com escolaridade suficiente capaz de oferecer às crianças a instrução elementar mais indispensável. Durante 40 anos  não sés contou com sacerdotes que falassem a língua dos imigrantes.

Exigiam-se muitos dias de viagem  para receber os sacramentos do batismo e do matrimônio. É verdade que se realizavam regularmente devoções nas quais se liam os sermões dos manuscritos do Goffine. Em certas ocasiões celebrava-se até u  culto solene. Nessas ocasiões o fabriqueiro realizava  as cerimônias no altar. Omitiam-se, como é óbvio, os atos  privativos de um sacerdote. Para essa primeira geração de imigrantes, porém, não havia  nem confissões, nem  missa, nem comunhão. A partir de 1866 chegaram então sacerdotes alemães. Com eles foi salva tanto a formação como a religiosidade. Hoje florescem paróquias nos locais dos antigos assentamentos, colégios de irmãos e irmãs.

Frente a essa constatação notam-se as seguintes mudanças em relação àquelas da terra de origem:  Para os alemães o transplante para o interior da floresta significou, apos alguns anos, uma melhora nas condições  físicas  de vida. As condições  culturais e espirituais, porém, foram muito piores e por um longo tempo. O revigoramento físico é demonstrado pela idade avançada alcançada por muitos alemães natos, embora não houvesse médicos naquela época. As populações aqui nascidas acreditam inclusive numa espécie de lei da natureza, responsável pela longevidade maior do europeu imigrado, do que a dos brasileiros de origem européia aqui nascidos. Os primeiros europeus alcançaram idades entre 70 e 90 anos e os seus descendentes de 60 a 70. É evidente e indiscutível que a primeira e a segun da geração produziu homens excepcionalmente vigorosos. Hoje a quarta  e a quinta geração mostra um teuto-brasileiro mais  franzino e menos robusto. Todavia não faltam hoje – sob o aspecto corporal – representantes legítimos  do vigor alemão. O habitante primitivo, o guarani, ostentava uma estatura pequena e uma corpo franzino. A evolução parece indicar que o teuto-brasileiro irá, neste sentido, aproximar-se dele. A superabundância  de alimentos conduz a uma alimentação exagerada. Talvez se deva ao comer demais, de modo especial o constante consumo de carne, o inegável declínio da robustez física. Será que para tal não contribui também a alimentação irregular das crianças, associada ao consumo precoce de carne?. Observei muitas vezes crianças não desmamadas servir-se de uma coxa de galinha cozida.

Conclui-se de tudo isso que, apesar das circunstâncias inteiramente diversas, os teuto-brasileiros não se diferenciavam essencialmente dos alemães  do reino, até 1870. A própria língua continuou sendo o dialeto do Hunsrück misturado com meia dúzia de palavras brasileiras. A maioria prefere ainda hoje esse dialeto ao alemão erudito. Há alguns anos quando cavalgava  por um caminho estreito na mata virgem de uma colônia nova, veio ao meu encontro um carro de bois, sem dar espaço para passar. O carroceiro só me notou no último momento. Desculpe padre eu acabei de pegar o “Brummbär” no correio e naop me contive e ataquei  a leitura (Brummbär é um tablóide humorístico no dialeto do Hunsrück).

A primeira geração de alemães morreu. Os modernos meios de comunicação ocasionaram o contato com todo o mundo circundante. Nas escolas do governo e também nas escolas particulares, alemães de melhor nível começaram a insistir no aprendizado da língua do país. A participação política penetrou  nas colônias e o serviço militar obrigatório tornou-se universal. Todas essas influências  induziram uma variação pela qual os teuto-brasileiros se diferenciaram dos alemães das terras de origem Os teuto-brasileiros distinguem-se ainda hoje pela religiosidade, pela operosidade, pela parcimônia, pelo espírito caseiro, pela preocupação com a escola e igreja e pelo senso quase fanático pela ordem. É possível distinguir os assentamentos alemães  dos demais, pelas linhas retas em que costuma derrubar o mato, pelas cercas bem alinhadas, pela casa aconchegante, pelos jardins e pomares e pelas roças limpas e sem inço. Essa herança preciosa  perdura até hoje. Entrementes os teuto-brasileiros livraram-se de alguns defeitos. Os primeiros imigrantes, por exemplo, eram chegados ao consumo da cachaça. Até os anos oitenta há registros de  queixas neste sentido nos livros de tombo das igrejas. De então para cá despareceram. Os teuto-brasileiros de hoje representam o povo mis sóbrio que eu conheço. O bêbado  passou a ser uma aparição rara, enquanto entre os italianos, ainda hoje é muito freqüente. O teuto-brasleiro de hoje oferece a cuia ao visitante. A cuia é um porongo pequeno oco e seco. Enchido com erva (ilex paraguaiensis) – popularmente  chamado de mate. Sobre ela se despeja água quente. Introduz-se uma cânula de metal, que na extremidade munida com alargamento com orifícios ena extremidade superior com um bocal. Um por um os participantes esvaziam a cuia.  Novamente cheia passa para  o seguinte. Desta maneira a cuia faz a roda como se fosse um cachimbo da paz. Os imigrantes do Hunsrück  perderam a característica de brigões. O egoísmo alemão e a desunião perduram até hoje, mas são superáveis com muito mais facilidade, poque o teuto-brasileiro de hoje é menos teimoso. Os antigos aceitavam uma palavra dura mas honesta, os jovens já não. Neste cso eles se retraem e fica difícil reconquistá-los. São assustados, quietos e impressionáveis. A rudeza sem destruir a elegância na maneira de ser dos antigos, cedeu lugar a uma aproximação da índole mais suave do brasileiro. Os antigos educavam os filhos com rigor. Essa situação mudou. O relacionamento com os filhos assumiu ua linha fortemente temperada pelo coração e pelos sentimentos. De outra parte as crianças são menos rebeldes do que os meninos tipicamente alemães. Sob este aspecto ao menos o teuto-brasileiro de hoje afasta-se, de forma menos desejável, da maneira de ser dos pioneiros.   Palavra empenhada por um alemão  já não se caracteriza pela mesma pela mesma solidez de antigamente. Os primeiros imigrantes sobreviviam no meio da mata sem qualquer garantia legal. No relacionamento das pessoas e nos negócios o que importava era a palavra empenhada. Tornou-se uma máxima o dito: “Eu não devoro a minha própria palavra”. Hoje, não raro acontece que “se devora” a palavra juntamente com o documento.

A atitude em relação à terra de origem é morna  entre os que nasceram aqui. A Alemanha situa-se num distante próximo ao lendário. O homem  comum  é incapaz de imaginar com exatidão o que seja essa terra. Não está em condições de entender a sua realidade política.  Não é de se admirar já que ele também não se preocupa muito com o que acontecer aqui no país. É um bom brasileiro. Trabalha com aplicação, paga regularmente os impostos, apresenta-se  para o serviço militar, vota num candidato, mesmo que não saiba que tipo de personalidade ele é. Se perguntado, em quem votaste?, a resposta pode ser esta: “votei num certo bichão”.

Foram postos em andamento mecanismos  associativos com a finalidade de promover os próprios interesses. Acham-se em fase de concretização e, em certos csos, em pleno funcionamento, A Sociedade União Popular, A Liga, As Caixas, novas Colonizações e cooperativas. Reunir os alemães  para um empreendimento com requer, entretanto, um trabalho enorme. Neste particular não se percebe nenhuma mudança em relação aos antigos  imigrantes.

A grande maioria dos alemães são colonos. Contudo nos últimos anos a fundação e o desenvolvimento  de centros urbanos, número considerável deles encaminhou-se  para o comércio e a indústria. Devido às famílias numerosas – dez filhos parece ser a media – foi preciso, de tempos em tempos, instalar novas colônias mais para o interior, iniciativas a cargo do governo ou de companhias particulares. As colonizações patrocinadas pelo governo são inter-étnicas e inter-confessionais, por isso mesmo menos procuradas, enquanto as de iniciativa privada são assentamentos homogêneos. Elementos saídos das antigas colônias  nos anos setenta, ocuparam Lajeado, Estrela, Santa Cruz e Venâncio Aires. No começo do século seguiram Sobradinho, Selbach, Serro Azul, Santa Rosa e Ijuí. Desta forma os alemães haviam-se aproximado do rio Uruguai. Naquela mesma época os protestantes fundaram Neu Würtenberg. A colonização por alemães católicos transpôs e 1925 o rio Uruguai, entrando no estado de Santa Catarina e aproximando-se da fronteira com a Argentina. Um pouoc antes, povoadores protestantes vindos da Alemanha tinham-se estabelecido em Porto Feliz, mais o norte. A Sociedade União Popular fundou a colônia católica  ainda em fase de implantação. Porto Novo sede paroquial é o centro dela.  Também no futuro os colonos alemães avançarão com certeza cada vez mais sobre a mata virgem. Os membros das famílias matem uma coesão até comovente. Os pais acompanham os filhos quando casam e se dirigem para as colônias novas. Nas colônias antigas a terra é muito cara. Torna-se assim impossível os pais adquirir aí terras para todos os filhos. Nas colônias novas conseguem adquirir terra o bastante para todos os filhos, com o dinheiro economizado, alem de sobrar ainda uma boa soma. Enquanto existir tanta mata virgem  no interior é preciso saudar como bem vindo esse tipo de ocupação pois, é a válvula de escape que impede que as colônias antigas se enfraqueçam.


Reflexões Avulsas - Identidade Étnica e Pátria - II Franz Metzler


A nossa identidade étnica alemã (Deutschtum) já não basta . A nós só nos é possível conservar a nossa identidade étnica alemã herdada na condição de cidadãos brasileiros plenos e completos. Enquanto nós brasileiros de sangue alemão nos afinamos com essa realidade, somos novamente incompreendidos, desta vez pela germanidade (na sua nova versão). Segundo ela  já não basta o que nós entendemos por identidde étnica. Exige-se que sejamos membros da "comunidade étnica" alemã.

Houve um tempo em que o "Reich" alemão nem se importava com os seus filhos emigrados, muito menos com os seus descendentes. Foi então que a Alemanha derrotada na guerra e sangrando por milhares de feridas, descobriu grupos étnicos no estrangeiro que exibiam suas características. Esses tentaram durante os dias, os meses e os anos da guerra, mediante a sua influência, infelizmente de repercussão restrita, modificar a opinião pública em favor da Alemanha, contra a propaganda  bélica anglo-francesa. Ao mesmo tempo eles se engajaram na cruzada de minorar os sofrimentos resultantes da guerra e do após-guera, enviando à Cruz  Vermelha alemã doações vultosas ou modestas, em qualquer dos casos, porém, oferecidas com o maior espírito de sacrifício. Desencadeou-se a partir daí uma política da terra de origem, conduzida por instituições privadas, com o objetivo de fortalecer esses grupos étnicos, utilizando os meios da propaganda cultural legal, junto aos povos nos quais estão inseridos.

O Povo alemão dos cem milhões
Foi então que fomos novamente descobertos pelo terceiro "Reich" que na visão do "Führer" que, para o seu poder e glória reinvindica um povo-de-sem-milhões. Nele não se contam apenas as minorias, que, pelo tratado de Versalhes, foram despojados à força de seu pertencimento à comunidade nacional alemã e obrigados a transformar-se em franceses, poloneses ou outros. As estatísticas do povo alemão de cem milhões incluem entre os alemães, sem mais nem menos, os suiços e austríacos. E nós também não fomos esquecidos.

Na Nova Alemanha foi criada uma organização, a NASDAP, destinada a0s 30 ou 35 milhões de alemães  que lamentavelmente são obrigados a viver no estrangeiro, porque o país Alemanha não tem condições de lhes oferecer espaço. Esta organização nos acolhe com carinho, nos tutela, nos ensina que somos alemães e como devemos sê-lo. Em nome do novo conceito étnico o qual reinvindica exclusivamente para si tudo o que é alemão segundo o sangue, somos novamente obrigados a escutar o conceito depreciativo de "adubo cultural", que "nós alemães" já não estamos dispostos a representar, "depois que finalmente nos reencontramos novamente  no seio da sociedade nacional alemã nacional-socialista".

Aquele que põe em dúvida a "comunidade étnica"  não passa de um renegado. Um periódico alemão chamou-me de separatista em uma de suas "famosas cartas" nacional-socialistas do estrangeiro, quando defendi o ponto de vista do teuto-brasileirismo em relação ao alinhamento com a NASDAP. Quando se trata do movimento separatista traidor da região do Reno, a classificação não passa de uma expressão de uma ofensa, dirigida no mesmo escrito também ao Sr. engenheiro Faulhaber de Neu Wirttemberg, filho do falecido pastor evangélico Faulhaber, por ter publicado vários artigos muito valiosos em jornal teuto-brasileiro.

É agradável para mim e constitui-se  em especial satisfação o fato de eu, a julgar pelo viés nacional-socialista em relação ao conceito de etnicidade (identidade étnica)  em nosso país, não fui o único a ser taxado de "separatista" malvado  - não apenas porque sofrimento compartilhado é meio sofrimento e em determinadas circunstâncias, dependendo da companhia em que a gente se encontra, uma palavra de desprezo se transforma em título honorífico - mas porque esta comparação não permite que que as injúrias lançadas contra mim não sejam mal interpretadas no futuro, que eu não simpatizo com o nacional-socialismo porque sou católico. Aqui não se trata de rejeitar o nacional-socialismo em si, visto como uma cosmovisão, mas do julgamento e do combate de suas escrescências, que cedo ou tarde irão vingar-se e, por sinal, em nós brasileiros de origem alemã. A rejeição de uma situação  insustentável e insuportável transplantada para o nosso País, por organizações partidárias estrangeiras, não tem nada ver com religião, mas somente com os dois conceitos que hoje examinamos: Identidade étnica (etnicidade) e pátria. 

Na medida em que levamos a sério a nossa profissão em relação à identidade étnica e pátria, não podemos permitir que, Por parte do  naacional-socialismo e de suas organizações ágeis,  nos seja impingido um novo conceito de etnicidade, que petende alinhar-nos com a "totalidade" exigida pelo partido nacional-socialista, fazendo com nos tornemos separatistas em relação à comunidade étnica brasileira. Nossas características como alemães nos impedem de harmonizar esta atitude com o nosso sentimentos (postura) em relação à pátria,  independente do fato de atrair-mos grandes sofrimentos sobre nós.

"Alinhar" é preciso
No caso de a organização para o estrangeiro NSDAP ser chamada para dar uma explicação  que ela não persegue o objetivo de dominar  totalmente os 35 milhões de "alemães no estrangeiro" através de um alinhamento  uma incorporação incondicional na comunidade étnica alemã, é preciso que da nossa parte saibam que, no que nos diz respeito, que as suas ramificações entre nós serão castigados pelas  suas mentiras. Entre nós o partido somente então desistiu do alinhamento dos representantes da germanidade no sentido mais amplo, onde não logrou impor-se, porque  se defrontou com uma resistência intransponível.

A posterior declaração que não estava em questão o alinhamento autoriário dos teuto-brasileiro, sugere a história da raposa que diz que as uvas eram azedas demais, quando não as alcançou. Por acaso não foi aqui em Santa Cruz que um orador nacional-socialista exigiu com a comovente sinceridade e obviedade (do ponto de vista de sua posição nacional-socialista), a reunião de toda a "germanidade" sob o chapéu nacional-socialista? Por acaso a estrutura partidária nacional-socialista não tentou com toda a seriedade, tomar sob seu controle  a totalidade das associações populares alemãs? Provavelmente não se deve a eles e à sua determinação por  não alcançarem o seu objetivo. Os casos em que o alinhamento de algumas sociedades em particular teve sucesso,  testemunha ainda hoje os esforços feitos durante os "dias dos grandes combates".

Como se procede hoje
Quem poria em dúvida que neste meio tempo a tática mudou? Deixa-se em paz o teuto-brasileiro que por educação não se predispõe  a brigas. Tratam-no com luvas de pelica e passam mel em sua boca. Não se abre mão porém, do objetivo e a batalha por sua concretização continua. Estaria em condições de relatar vários exemplos. Baste um:

A Federação de Cantores do Rio Grande do Sul concretizou a sua filiação à Federação dos Cantores do Brasil. Parece que a decisão deveria ser motivo de satisfação, porque pode parecer que se trata de uma conquista no caminho da realização da vida associativa do teuto-brasileirismo. Contudo fizeram-se ouvir vozes contrárias. Na verdade a Federação dos Cantores do Brasil está filiada à Federação dos Cantores Alemães de Berlim. Depois que na Alemanha todas as manifestações étnicas  e culturais foram politizadas, levanta-se a suspeita que os estatutos da Federação dos Cantores Alemãs de Berlim contenham determinações que não sintonizam com o espírito brasileiro que anima os associados daqui.

Causa estranheza que a Federação dos Cantores do Brasil associada à organização maior de Berlim, não esteja em condições de mostrar os estatutos. Foi por causa disto que alguns das sociedades de canto membros da Federação dos Cantores do Rio Grande do Sul solicitaram que se exigissem os estatutos de Berlim e somente depois de estarem disponíveis decidir sobre a filiação. (observe-se que as manifestações não se voltaram diante mão contra a filiação, de forma que o adiamento da decisão de maneira alguma significa uma pretensão descabida). Havia, porém, forças em ação que numa assembléia forçaram a filiação "cega" por 6 a 5 votos. Não se pode negar que que a decisão não pode ser atacada.

Quando a grande maioria das sociedades integrantes da Federação dos Cantores do Rio Grande do Sul não se fez presente na assembléia, embora a convocação tivesse sido expedida no tempo regulamentar e segundo os estatutos, sinalizaram, sem dúvida, com a sua ausência, que estavam de acordo com a decisão que seria tomada. Da mesma forma  é certo também que a decisão significa um passo a mais no caminho do "alinhamento de toda a germanidade", idependentemete do que contenham os estatutos da Federação de Cantores de Berlim. Não vem ao caso aqui examinar como foi preparado o terreno para a tomada de uma decisão tão precipitada. Seria contudo interessante verificar como se procede numa ocasião concreta, ao realizar  um alinhamento gradativo.

Há exemplos como se procede hoje. Não poucos entre eles são mais representativos e mais claros  do que aquele que eu escolhi, porque se encontra na memória recente de todos os envolvidos.

A justificativa da presença dos grupos locais da NSDAP
Chamamos aqui de grupos locais, de células, de pontos de apoio da NSDAP aqueles que funcionam como postos avançados da organização (de propaganda) voltada para o exterior. Jamais neguei aos grupos locais o direito de existência, enquanto dispostos a limitar a su ação aqueles que estão alinhados com eles, portanto, aos companheiros de partido que se encontram entre nós ao molde, por ex., da Associação dos Combatentes alemães ou do DOB, que na verdade se limitam ao seu círculo como sempre o fizeram. Porque um grupo baseada num objetivo comum, sobre uma vivência , uma cosmovisão e tradições comuns, não se deveria congregar para uma atividade (ação) comum. Num determinado período existiu em Porto Alegre o grupo dos acadêmicos alemães a quem eu pessoalmente pertenci. Quem na ocasião levou a reunir os egressos de universidades e outras escolas superiores, não foi o impulso à exclusividade ao enquistamento, mas a experiência comum por terem freqüentado uma alma mater. Quem o teria interpretado como algo chocante? Ninguém nos levou a mal as poucas horas em que recordamos uma das quadras mais belas das nossas vidas. Ninguém, portanto, deveria ter o  direito de levar a mal ao NSDAP caso fizessem algo semelhante. Inocentemente espalha-se entre nós a idéia de que é assim. Ninguém pode permitir-se tal ingenuidade. Mentem, porém, os  membros da NSDAP que fazem essas afirmações enganosas.

O que são os grupos locais
Os grupos no exterior são, na verdade, instâncias representativas oficiais do Terceiro "Reich" compostas por funcionários remunerados. Suas credenciais e funções são semelhantes às dos consulados. É verdade não expedem passaportes, não realizam casamentos e não emitem qualquer outro tipo de atos administrativos. Fornecem, porém, cartas de recomendação que tem mais peso do que as recomendações consulares, representam a Alemanha ao lado dos consulados onde é preciso representar. Cabe-lhes a última palavra no que tange à propaganda cultural e informam sobre as nossas condições   aos seus superiores no "Reich", sem o concurso dos consulados. Estes, por sua vez, têm o poder de tomar as providências administrativas em nome da unidade do partido e do Estado.

Isto não está certo. As representações mútuas entre os Estados estão regulamentado até as minúcias no direito dos povos (internacional). Nenhum cônsul pode assumir as funções em algum lugar sem antes  lhe ser dado o "exequatur". Um Estado não pode mandar um representante ou um embaixador para um outro Estado sem que antes que lhe seja pedido e concedido o "agrement" pelo Estado onde deve servir. Com o envio de organizações completas de representantes a um país estrangeiro o Terceiro "Reich" quebra unilateralmente as normas representativas previstas no velho direito dos povos. Cedo ou tarde também o Brasil se recusará a aceitar este estado de coisas insustentável pelo  direito internacional. Hoje a Suíça já não é o único país que proíbe a fixação de organizações  estrangeiras em seu território, argumentando expressamente ser insustentável pelo direito dos povos.

Constatações deste tipo talvez não encontrem ouvidos favoráveis  em não poucos lugares, mas o que adianta não chamar as coisas pelos nomes. De qualquer forma os grupos locais e seus membros não têm dúvida a respeito. Não estou reinvindicando a proibição das células do NSDAP no Brasil, mas pela mudança na sua forma, para que se recolham sobre si mesmas, despidas de seu caráter  oficial e que declinem da pretensão de representar e conduzir "a germanidade como um todo". Na eventualidade de acontecer a proibição d NSDAP no Brasil teremos feito o papel de bobos se, como descendentes de alemães e falando alemão, pactuamos e nos comprometemos com eles.

Como atúam
Entretanto o Brasil e suas autoridades podem acompanhar o andamento das coisas enquanto acharem conveniente. No caso  de o "Reich" não  reconhecer que é preciso chamar de volta os  grupos locais da NSDAP , inclusive em relação aos alemães do "Reich" que não são membros do partido, chegará o dia em que as medidas deverão  estar cheias.

É possível que seja correto, - de qualquer forma não arriscamos nenhum julgamento - que o direito à livre expressão esteja cerceado na Alemanha. Escutar, porém, em nosso País as manifestações de alemães do "Reich": não posso externar o que penso sobre os acontecimentos na Alemanha., ou: Não me é permitido ler na Alemanha o "Deutsches Volksblatt" proibido lá, porque tenho ainda familiares lá, porque ainda tenho bens. Dito sem retiscências, é uma vergonha. Não passa de um brutal terror político em país estranho. Qualquer um pode constatar se  num círculo de alemães do "Reich", em que as pessoas não se conhecem,  alguém tem a coragem de expressar a sua opinião. Não o arriscam porque sabem muito bem que o partido os espiona e denuncia.
Há pouco li um relato em que o autor se queixa que em nosso País já fora feita a tentativa de mobilizar a polícia contra os nacional-socialistas. Não tenho conhecimento onde e quando o fato teria ocorrido, a não ser que se trate do antigo caso em que a polícia teve que intervir quando um membro do partido partiu para a agressão em plena via pública contra alguém que se desligara de suas fileiras. De outra parte tenho conhecimento de alguns casos em que nacional-socialistas denunciaram sem fundamento conpatrícios à polícias, acusando-os de comunistas.

Difamação e terror
Os teuto-brasileiros  estão sujeitos ao mesmo terror  que os nacional-socialistas praticam contra seus compatriotas, apesar de agirem mais discretamente contra eles, caso não se posicionem passivamente contra eles, como a maioria costuma fazer. Não sou o único que os nazistas de tempos em tempos  coloquem na mira. Estou autorizado, porém, a falar apenas em meu próprio nome. Quero apresentar-lhes alguns exemplos da minha experiência pessoal, como são as táticas de luta.

Certo dia um conhecido que me convidara para um copo de cerveja perguntou-me sorrateiramente onde eu tinha feito meus estudos. Dadas as devidas informações quis saber ainda se tinha feito o exame final. Quando, admirado lhe devolvi a pergunta, como poderia duvidar, que eu, mesmo que não desse importância de ser  nomeado com meu título acadêmico, contudo não me oponho que me seja concedido, contou-me, depois de desconversar um pouco, que alguém lhe tinha informado com toda a certeza que eu, embora tenha estado algum tempo na Alemanha e na Áustria e quem sabe ouvido algumas preleções na universidade, não teria realizado o meu exame final, que me daria direito a um título acadêmico. Devem concordar comigo que se trata de uma calúnia do mais baixo escalão tentada contra mim. Ao pressionar com a pergunta quem teria sido o gentil contemporâneo que se permitira uma pilhéria deste tipo para com o meu bom nome, tive apenas como resposta: o senhor certamente conhece seus bons amigos. Foi um deles.

Concedo que a organização do partido até argumente que não pode ser responsabilizada pela declaração insensata de algum de seus membros em particular. Acontece, porém, que a atmosfera que propiciou o combate ao ponto de vista teuto-brasileiro por mim defendido e à minha própria pessoa, utilizando-se de meios decentes ou indecentes, essa sim foi obra sua.


Mais um exemplo de como acontece o combate subterrâneo e de baixo nível contra mim. Eu publiquei No "Deutsches Volksblatt" um artigo com o título "Integralismo e Nacional-socialismo". O artigo trouxe à luz como se pensa sobre o integralismo em determinados círculos nacional-socialistas. No ponto em que as coisas se encontravam o meu artigo deve ser interpretado como uma defesa do integralismo contra acusações de baixo nível. Para mim estava claro que o artigo não podia agradar aos nacional-socialistas. Alguns dias mais tarde constatei com espanto que uma fonte bem determinada informou que eu teria pretensamente atacado o integralismo e que alguns jovens adeptos desse movimento  pretendiam aplicar-me uma boa surra. Sem condições de tomar uma iniciativa tive que deixar correr as coisas. Ainda alguns dias mais tarde recebi uma carta de um dos dirigentes integralistas, carta que guardo como uma preciosidade e como prova. O autor escreve que lhe chegara aos ouvidos, através de amigos partidários, a denúncia da parte de nacionalsocialistas que eu teria atacado o integralismo. Conforme costume seu providenciou, antes de mais nada, uma cópia do artigo para lê-lo. Cosntatou então com espanto que a acusação a mim dirigida carecia de qualquer fundamento. Muito mais. Dava-lhe motivo para me parabenizar pela matéria.

Também em relação a isso os espiões do partido podem negar a responsabilidade. Mas se a patifaria de interpretar erroneamente um movimento político nacional, por mim defendida, tivesse êxito, teria merecido  a surra, e teria havido satisfação na "casa alemã".

É próprio de todo e qualquer cruzada de difamação que os verdadeiros promotores não se deixam apanhar. Assim se espalhou a seguinte insinuação nada  interessante como uma moeda falsificada contra mim: De que maneira eu chegara a me apresentar como teuto-brasileiro, tamando em conta que eu devia todo o meu conhecer e saber a instituições alemãs. E um dos meus melhores amigos que conhece a minha vida desde o começo, perguntou-me  certo dia rindo: Afinal onde nasceste na Alemanha ou no Brasil? Quando então lhe dei um soco de amigo na barriga em resposta à pergunta boba, disse para me tranqüilizar: Certo nazista tentou convencer-me que tinhas nascido na Alemanha e quando  ri da sua afirmação, assegurou-me que ele tinha certeza disso.

Pensando bem certamente não julgaria como um defeito ter nascido na Alemanha, e agradeço ao destino que me levou às instituições de formação alemãs. Mas o que se pretende quando se espalham inverdades sem fundamento contra a minha pessoa? Nada mais do que uma grosseira difamação: difamar! Aquele que se sente ludibriado que pense: que sujeito mal agradecido; - o que tem e o que é  deve-o à Alemanha, até é um alemão nato e contudo combate o regime oficial alemão e os melhores e os mais credenciados representantes da germanidade - Está em causa a minha difamação frente  aos alemães e até diante dos teuto-brasileiros, que deveriam dizer: Uma pessoa assim não pode ser o nosso homem. A isso chamo de luta suja e a classificaria assim também caso de não ser  dirigida exatamente contra mim.

Difamação oficial
Mesmo que a responsabilidade por essa luta recaia apenas indiretamente sobre o partido, ele pratica também a sua campanha oficial de difamação contra todos aqueles que se opõe às suas pretensões, conseqüentemente também contra mim.

Há um ano ninguém mais do que ele conseguiu a proibição dos Deutsches Volksblatt para todo o território do "Reich". Financeiramente a proibição não teria levado a nada, pois as duas dúzias de assinantes que o Deustsches Volksblatt tinha na Alemanha, realmente não pesavam. Soma-se a isso que de dois ou três anos para cá nem recebíamos mais a maior parte do dinheiro por causa dos regulamentos sobre divisas e aceitávamos jornais e periódicos como contrapartida.  - Mas aqui se tratou de difamação. A proibição deveria colocar o Deutsches Volksblatt perante o mundo inteiro no plano das folhas comunistas que promoviam a agitação contra a Alemanha, folhas que nenhum alemão decente no estangeior lê e cujos conteúdos absolutament não lhe  interessam.

Acontgece que essa difamação não vingou, pois um trabalho honesto com o Deutsches Volksblatt, contando com uma tradição de 65 anos, não se derruba tão facilmente num país livre. O número de almas submissas que cancelaram a assinatura do Deutsches Volksblatt, porque foi proibida pelo "Reich" alemão-, via grupo local de Porto Alegre, é muito pequeno e é compensado em  muito por novas assinaturas que ocorreram. O público leitor, entretanto, mostrou, sem vacilar, compreensão para com a minha convocação "apesar de tudo, para frente!", que dei como resposta ao boicote, única resposta possível para um jornal que se chama Deutsches Volksblatt. Sob minha direção o Deutsches Volksblatt, como é humanamente compreensível, não se deixou rebaixar ao nível de uma folha agitadora, nem pela forma nem pelo conteúdo, por causa da proibição difamatória. De outra parte não permitiu que fosse privado do direito de dizer a verdade frente à pressão hostil e do boicote.

O Boicote
Um sim ao boicote! Afirmei que a proibição como tal foi um erro sob o ponto de vista comercial. Acresceu então um boicote dos anúncios em nosso jornal. Nenhuma firma alemã está autorizada a  anunciar  em nosso jornal, enquanto este permanece proscrito. Na verdade não existem firmas alemãs no Brasil, pois todas são pessoas jurídicas brasileiras  como manda o direito comercial. Este fato não impede que o capital seja alemão e como tal obedecer às ordens do poder político alemão. Seria uma  insensatez se quisse negar que as perdas impostas pelo boicote não atingem sensivelmente a editora, mesmo que não seja tão grave como se imagina nos círculos locais do NSDAP. Estão certos que o "Deutsches Volksblatt" ou cairá de joelhos ou quebrará e acham que uma outra coisa está prestes a acontecer.

Não me servi da realidade do boicote como pretexto para um contra ataque, porque preferi não lançar mão da luta aberta, da qual sempre resultam estilhaços. Pensando bem, é uma infâmia sem fundamento que um partido político vindo de fora se arrogue o direito de arranjar um boicote num país que lhe é estranho - uma falta de consideração também para com os próprios interesses se analisados friamente, tomando em conta a a decência do adversário. Pergunto-me a mim mesmo e ao senhor e pergunto ainda às ramificações  do partido político estranho: Afinal aonde vivemos ao ponto de aqui no País acharem que podem mandar, (abstraindo do terror que exercem aqui contra os seus próprios conterrâneos)? No Brasil um Estado amigo da Alemanha ou no último fundão da África?!

Uma palavra de apoio ao "Deutsches Volksblatt".
Amigos bem intencionados repetiram-me muitas vezes, que o "Deutsches Volksblatt" não tinha necessidade de expor-se à ira do partido. Que noticie sobre a Alemanha o que esta noticia sobre si mesma através do serviço transoceânico e deixe o tempo aparar as arestas que a Alemanha de momento apresenta. Aquilo que choca o "Deutsches Volksblatt", dizem, não passa de doenças da infância.

Acompanhamos com alegria não contida e com apoio irrestrito em nossa redação e  transmitimos aos nossos leitores, as grandes etapas da ascensão alemã depois do desmantelamento dos partidos (saída da federação dos povos, introdução do anos de prestação de trabalho, reintrodução das obrigações da defesa, a reocupação da zona do Reno, medidas visando a regulamentação do trabalho). Isto, porém, não nos deve tornar cegos perante "as arestas e cantos", pois nunca nos foi dado verificar que no vazio algo pudesse ser lapidado.  E se pudermos fazer com que sobre essa superfície de polimento o nosso "Deutsches Volksblatt" represente apenas um grãozinho de areia, estamos cumprindo o nosso dever de alemães como testemunhas da germanidade. Não podemos ficar tranqüilos mesmo que sejam enfermidades de crianças que a  nova Alemanha deve superar, pois já assistimos à morte de muitas crianças com enfermidades de crianças.

Por uma visão cristã do mundo
Outros pensam: o "Deutsches Volksblatt" poderia baixar um pouco o tom das críticas.
Não sou desta opinião. Para quem avalia o tratamento que o "Deutsches Volksblatt" experimenta da parte dos postos avançados do "Terceiro Reich" que aqui foram enviados, é humanamente compreensível que o "Volksblatt" fustigue ainda mais veementemente os excessos que podemos perceber.

Admitamos que aceitemos a bem intencionada recomendação em relação ao "Deutsches Volksblatt". Neste caso muita coisa que publicamos em nome da abrangência e da universalidade, seria omitido. Jamais, porém, nos seria permitido, como imprensa comprometida com princípios orientadores de uma cosmovisão, silenciar  perante o capítulo: O "Terceiro Reich" e as confissões cristãs. Nenhuma injúria pessoal, nenhum boicote e nenhum conselho bem intencionado  é capaz de fazer calar o "Deutsches Volksblatt" nesta questão. Em relação a isto, fiz minha a manifestação que o falecido Dr. Schreiber, bispo de Berlim, escreveu, já em 1928 ou 1929, numa carta pastoral. Reproduzo-a assim como a guardei na memória:

Está na hora que as confissões cristãs reflitam mais sobre aquilo que os une e apontem menos para aquilo que as separa. Chegará o dia, talvez não esteja longe, em que os povos cristãos, unidos numa frente cristã, deverã defender a cultura cristã contra o avanço  avassalador do ateísmo.

Foi uma palavra profética. É verdade que o bispo tinha em mente o comunismo como ameaça da cultura cristã, e uma olhada para Espanha mostra com que razão. Hoje, porém o cristianismo sofre na Alemanha, antes de mais nada, a ameaça do nacional-socialismo que pretende também ser uma cosmovisão.

Não precisava ser assim, mas assim é. Talvez tenhamos aqui uma dessas arestas a ser aparada o mais rápido possível. Parece-me que o combate contra a Igreja não faz necessariamente parte da essência do nacional-socialismo, ainda mais considerando que, segundo o programa do partido, o estado nacional-socialista, fundamenta-se em bases cristãs positivas. O sentido do conceito de "cristianismo positivo, porém,  foi torcido de tal maneira, que na verdade resultou numa negação do cristianismo.

Rosenberg
Como prova que o nacional-socialismo tem como objetivo a eliminação do cristianismo, basta citar o nome de Rosenberg, nomeado para o cargo de ministro do Ministério da Cultura do partido nacional-socialista. Conheço à saciedade a objeção que me é feita: Em seu livro anti-cristão Rosenberg expressa apenas a sua opinião particular.
Como se explica então que foi escolhido como responsável pela educação cultural de um partido todo poderoso e supostamente cristão em seu programa, exatamente um homem anti-cristão pelas suas convicções? Em outras situações costuma-se procurar para tais postos homens, cujas convicções pessoais coincidem com tarefa oficial. Caso, porém, Rosenberg deve ser o homem a quem caberá  educar culturalmente o povo alemão, é de se desconfiar que, ou ele não empenhe todo o seu esforço pessoal no cargo, ou já não se leva a sério o "cristianismo positivo" proposto pelo partido.
Na verdade os fatos todos confirmam e demonstram essa suspeita. Supondo que o nacional-socialismo é cristão, Rosenberg que se utiliza de todos os meios disponíveis na sua função para fazer valer as suas convicções anti-cristãs particulares, deveria ser acusado de grosseiro e indevido uso do cargo e  ao mesmo tempo deveria ter sido responsabilizado perante um tribunal do partido. Nada disto, porém aconteceu. Em compensação ouve-se que uma ordem de serviço ordenou que as obras de Rosenberg fossem incorporados nas bilbiotecas das escolas, inclusive das escolas elementares e que, por ordem do partido, os ensinamentos de Rosenberg sejam obrigtoriamente objeto de estudo nas noites de doutrinação da juventude hitlerista.

Pode parecer que com essas observações  me tenha desviado do tema. Não é o caso, pois a proibição do "Deutsches Volksblatt" deve ser tratado, depois que a proibição inviabilizou o seu serviço em favor da etnicidade e da pátria. E se a proibição foi justificada que o "Deutsches Volksblatt" pecou ao “atiçar continuadamente as desavenças confessionais", a questão da defesa do cristianismo merece certamente uma preocupação exaustiva da parte do "Deutsches Volksblatt".

O que a Espanha deveria provar
Os inauditos, tristes e sangrentos acontecimentos  na Espanha são tomados por parte do nacional-socialismo, como justificativa da sua participação no campo de batalha. Não consigo entender bem em que o bolchevismo da Rússia e da Espanha tem algo a provar em favor das aberrações do nacional-socialismo. O "Deutsches Volksblatt" deu  sempre publicidade e reconhecimento ao que o nacional-socialismo trouxe de bom e de grande em benefício da Alemanha. Para quem olha de fora é possível, seguindo a lógica, que o bolchevismo no máximo poderia ser visto como um alerta para o nacional-socialismo, caso se queira insistir numa relação entre eles, no sentido de, caso não aceitar outra solução, superar imediata e radicalmente as aberrações.

Provocações confessionais
De resto nem é verdade que a assim chamada provocação cofessional, que foi apresentada como motivo plausível tenha motivado a proibição, difamação e o boicote ao "Deutsches Volksblatt".

Estou em condições de revelar que nestte meio tempo a alta direção da organização partidária reconheceu que a proibição não passou de uma grande insensatez (abstarindo inteiramente do fato de ter sido uma grande in justiça!) As medidas talvez fossem revogadas se eu  me dispusesse a armar uma ponte de ouro. Um pequeno reconhecimento de culpa e um pequeno compromisso de moderação  para o futuro, bastariam para induzir um ato magnânimo.
A certa altura a suspensão da proibição já constava como fato consumado nas fileiras dos filiados do partido em Porto Alegre. Bastaria eu me comprometer a reconhecer o que há de bom no nacional-socialismo - eu teria liberdade de opinar sobre questões de cosmovisão. Enquanto em repetidas ocasiões o  "Deutsches Volksblatt" sob minha direção não se omitiu em reconhecer o que o nacional-socialismo tem de bom, chamo a atenção para a liberdade que me seria concedida em tratar questões de cosmovisão. Porque assim tão de repente?. E justamente no contexto das discussões sobre a suspensão da proibição, que, ao que parece, foi imposta a seu tempo, exatamente por provocação confessional.

O verdadeiro motivo
Certamente não estou errado quando procuro nos meus artigos sobre o teuto-brasileirismo o verdadeiro motivo da proibição do "Deutsches Volksblatt". O interesse pelos artigos foi tão grande que, sem propaganda, uma edição de 1000 exemplares, uma parte impressa em forma de brochura, esgotaram-se em menos de três meses. O meu ponto de vista a todo e qualuer pretensão de engajamento da parte do NSDAP encontrou tamanha repercussão que eu não poderia pressupor. Representa agora para mim uma prova que  comunidade teuto-brasileria, queira-se  ou não, é uma realidade. Convenceu-me também em enxergar um adversário na organização partidária do nacional-socialismo que merece ser podado a qualquer custo e com todos os meios disponíveis.
Tenho, porém, a convicção que, com os artigos e com cada linha escrita  do fundo do coração em favor daquela causa, prestei um sagrado serviço à minha identidade étnica e à minha pátria,

O nacionalismo chama o nativismo
Fecho com isto o círculo enquanto relembro o que disse no início: Como teuto-brasieliros temos que nos comprometer com a nossa identidade étnica e a nossa pátria. Nesta tarefa contamos com pouca compreensão, para não dizer oposição, na batalha que se trava em ambos os arraiais dos quais procede a nossa identidade. O nativismo brasileiro não é muito simpático para com a nossa identidade étnica e o nacionalismo alemão força-nos a uma situação equívoca em relação a nossa pátria. Ele se nega a admitir este fato mas  comprova-o com a perseguição sem freio contra aqueles que se subtraem à sua influência totalitária. E na suposição de estarmos imunes contra o aliciamento do nacional-socialismo por causa da nossa pátria, sobraria contudo a conseqüência embaraçosa, resultante do desdobramento de suas atividades, despertando o nativismo latente,  atiçando-o contra nós. Um exemplo recente para comprová-lo. Não o mencionei na minha palestra porque ainda não tivera conhecimento dele.

O coordenador nacional dos grupos do NSDAP no Brasil, o sr. von Cossel fez um relato sobre a germanidade entre nós, no contexto da assembléia das organizações do "Reich" no exterior, exatamente nos dias da minha permanência em Santa Cruz. Consta que ele declarou que no Brasil existem 2000 escolas alemãs. Não temos em mãos o registro das declarações de von Cossel. Mas basta apenas um número para mostrar a evidente tendência da Havas. A assembléia do "Reich", convocada pelas organizações no estrangeiro do NSDAP, ocupando-se com "as nossas 2000 escolas alemãs  no Brasil", bastou para desencadear uma grrande agitação relativa ao nativismo na capital da União, que por enquanto ficou sem seqüelas. Mas as conseqüências  virão com toda a certeza, no caso de um partido insistir em usar as escolas teuto-brsileiras para a própria glorificação. Aliás não lhe assiste nenhum direito para tanto, pois essas escolas são mais antigas do que o nacional-socialismo. São a criação livre dos antigos imigrantes que não quiseram permitir que seus filhos crescessem como analfabetos. São a obra daqueles a quem devemos tudo o que somos - nossos antepassados, a cuja maneira de ser queremos permanecer fiéis, preservando e continuando a sua obra. As nossas escolas teuto-brasileiras serão aniquiladas no caso de um partido político estrangeiro da alguma forma se adonar delas.

Seria possível viver em paz com todos, sem sermos obrigados a bater constantemente na tecla da nossa brasilidade, para a irritação dos alemães do "Reich" e alegria dos nossos  compatriotas brasileiros. Parece que de um lado pretendemos excluir das nossas fileiras os alemães do "Reich", o que não é o caso, pois seus filhos serão o que somos. De outro lado sugere  uma intimidade de que também não temos necessidade, pelo simples fato de, como brasileiros,não termos necessidade de nos legitimarmos.  

Tudo isto não teria necessidade de ser, caso não houvesse entre nós pessoas que, de acordo com a vontade de uma organização nacional-socialista no estrangeiro, formando um grupo de vanguarda coeso, que exibem no peito em vez de no coração, a sua nacionalidade e suas intenções (infelizmente intolerantes). Seria mais conveniente que as guardassem para si e assumissem "viver motivados pela convicção íntima" uma postura inatacável e correta e fazê-la valer no todo da germanidade.   


Mais dois exemplos
Não nos é permitido nem calar nem transigir em nome da nossa identidade étnica, no momento em que o fanatismo vindo do exterior nos pretende subtraí-los ambos. Tenho plena consciência da gravidade da acusação. Por essa razão quero, ao finalizar, apresentar-lhes, para a reflexão, mais dois exemplos para justificar as minhas acusações, na hipótese de não terem entendido as minhas considerações.
Quando no dia 29 de março o povo alemão foi para o plebiscito, a organização partidária daqui houve por acertado, promover um "ato eleitoral simbólico". Na suposição de se restrigirem ao círculo dos cidadãos alemães, nada teríamos a objetar. Em se tratando, porém, de um  "ato eleitoral simbólico", os mentores da idéia julgaram-se autorizados a dirigir-se também a cidadãos brasileiros. Embora tenham conseguido um bom número de assinaturas de teuto-brasileiros, é preciso insistir que não é lícito supor que cidadãos brasileiros cumpram mesmo "simbolicamente" uma obrigação cívica privativa de alemães. No mínimo era de esperar-se que os propagandistas em favor do ato eleitoral simbólico desistissem ao deparar-se com uma simples recusa.
Chegou ao meu conhecimento um outro caso que merece todo o crédito. Um teuto-brasileiro abordado para dar o seu apoio integral à política de Hitler para a Alemanha, subscrevendo a lista, recusou a adesão com o argumento que Hitler não era o seu "Führer", pois conforme o esclarecimento introdutório da lista deveria sê-lo para todos os signatários. O empolgado nacional-socialista então observou: Obviamente é Hitler seu "Führer", porque ele é o "Führer" de todo o povo alemão independentemente da nacionalidade de cada um em particular. O teuto-brsileiro interrompeu. Esclareçamos logo a questão do "Führer". Suponhamos que o Brasil e a Alemanha estejamem guerra. O "Führer" almão convoca o povo alemão para pegar em armas em defesa da pátria. Também o Presidente da nossa República convocará seu povo para pegar em armas em defesa da pátria. A que chamamento o senhor acha que irei seguir? Escutemos estupefactos e dominemos a revolta ao ouvir a resposta, pois partiu de um ignorante, mas de qualquer forma de um ignorante fanatizado e desorientado por pessoas instruídas: "obviamente a convocação do "Führer".
Como classificaremos a exigência? Não há dúvida trata-se de uma instigação à alta traição.
Num outro caso, para o qual lamentavelmente não disponho de testemunha, - procurei e enconrei mais uma - alguém nascido aqui no País, portanto um filiado ao partido com cidadania brasileira, teria declarado, por ocasião de uma festa, que ele (como pessoa) não se levantaria durante a execução do hino nacional.
Acontece que exatamente esta atitude é totalmente anti nacional-socialista, porque o nacional-socialista tem por obrigação expressa o dever de manifestar o mesmo apreço  para com os hinos estrangeiros, que demonstram para com o seu. Mas "brasileiro" imbecil (no discurso que pronunciei usei o termo imbecil, podia ter empregado o termo patife, mas achei que a burrice era maior do que a velhacaria da intenção), revlelou-se um completo renegado, um indivíduo sem pátria.
Estes são os frutos que o nacional-socialismo é capaz de produzir na medida em que não se limita às suas próprias  fronteiras e que não será capaz de evitar.
Na medida em que o nacional-socialismo não se contentar   em permanecer nos próprios limites, será incapaz de evitar os frutos de sua doutrina amadurecidos no chão da burrice e do abastardamento do espírito.

Pela identidade étnica e pela pátria
Estimados ouvintes. Sugiro que levem para casa e conservem na memória especialmente as duas imagens que lhes apresentei na introdução. Sempre os lembrarão do que somos: brasileiros de origem alemã e a maneira como estamos inseridos no todo do povo brasileiro, na condição de um grupo étnico de natureza peculiar.
Numa das visitas que realizei um ouvinte  de rádio contou-me, que por ocasião da assembléia do partido em Nürenberg, teris sido repetido e aprofundado o seguinte princípio:
O nacional-socialismo não é artigo de exportação, mas patente de propriedade do "Reich" alemão e limitado exclusivamente às fronteiras da Alemanha.

Consta que, como conseqüência da manifestação de Hitler, o coordenador do círculo teria  proibido às organizações nacional-socialistas no exterior, de estender suas atividades para além do círculo de seus associados.

Não encontrei nem no jornal nem escutei  no rádio, semelhantes manifestações. Se, porém, o meuinformante não ouviu mal, o que pode acontecer freqüentemente com aqueles que escutam rádio, e  se essa orientação deve de fto ser traduzida em ação, com  um golpe cairiam 9/10 das nossas restrições, objeções e acusações contra as organizações do NSDAP no estrangeiro. Ninguém mais do que nós teuto-brasileiros nos alegraríamos, pois importa-nos defender a nossa identidade étnica e a nossa pátria.