Archive for junho 2014

Contribuição dos Imigrantes Alemães no Brasil

Percorrendo as áreas em que predominou e ainda predomina a presença alemã e sua descendência, constata-se que elas ostentam peculiaridades não encontráveis nas demais regiões do Brasil. Destacam-se no Rio Grande do Sul as bacias fluviais do rio dos Sinos, Caí, Taquari, Pardo, Jacuí, a zona das Missões e Alto Uruguai, além do leste e centro-oeste de Santa Catarina e o oeste do Paraná. Transita-se aí por centenas e milhares de núcleos coloniais, vilas e pequenas cidades. Centros urbanos maiores formam as sedes dos municípios. Alguns deles, localizados em pontos estratégicos, evoluíram para polos regionais de importância crescente. A população rural viveu e vive ainda hoje, da agricultura fundamentada na pequena propriedade rural de natureza familiar. Manda a justiça e a história que se incluam nessas características e contribuições, os demais imigrantes do norte da Itália e do centro e do norte da Europa, embora não sejam objeto específico do presente estudo.

Os estabelecimentos rurais identificam-se por um perfil comum. São microempresas de produção agrícola. Historicamente resultaram de uma característica colonização por povoamento. Sob este prisma  e, sob outros, inauguraram no País um modelo de ocupação territorial e uma paradigma inédito de organização social e econômica. Resumindo pode-se dizer que os imigrantes alemães, como também os demais a que nos referimos mais acima, prosperaram a base de novo modelo de colonização, a organização em comunidades solidamente estruturadas em torno de suas igrejas, cemitérios, escolas, casas de comércio, artesanatos, instituições de lazer e promoção da cultura, organizações associativas, tendo como motor, sólidos princípios éticos e religiosos e o trabalho como ferramenta sagrada.

[1] Publicado em “Estudos Leopoldenses”. Vol. 29, Nº 132, Abril/Maio, 1993, p. 47-79

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A presença alemã na América Latina nos Séculos XIX e XX

A imigração alemã para a América Latina propriamente dita tem o seu início depois da independência dos países do continente. Os governos da repúblicas recém-emancipadas do Chile e Argentina e do Império do Brasil tiveram uma preocupação comum. Nos três países havia extensas territórios praticamente despovoados, dotados de solos, relevo e clima propícios para implantar projetos de colonização, e assim, atender às demandas de abastecimento interno com gêneros alimentícios e demandas diversas de matéria prima. As áreas costumavam localizar-se onde sua ocupação e incorporação definitiva no todo nacional implicava na própria segurança das fronteiras. Os traçados nos mapas dos processes históricos de ocupação ou de tratados bi- ou multilaterais, em muitos casos, não passavam de uma ficção, enquanto os espaços imediatamente contíguos não fossem garantidos por meio de um povoamento sistemático, permanente e estável. Situações deste gênero encontravam-se no centro e sul do Chile, ao praticamente toda a fronteira oeste e norte da Argentina e do sul,  sudoeste e oeste do Brasil. Os imigrantes fixaram-se nesses territórios, de acordo com o modelo de colonização por povoamento, isto é, formando comunidades de pequenos proprietários, dedicados à agricultura familiar de subsistência, num primeiro momento e, num segundo abastecer o mercado  com alimentos e algumas matérias primas. Este modelo de povoamento representou um contraponto aos grandes latifúndios de monocultura, principalmente no Brasil e Argentina. Do substrato assim posto, originou-se uma economia de subsistência e de abastecimento dos mercados urbanos, a formação de comunidades solidamente organizadas e de uma classe média rural preenchendo o vácuo social e político existente entre a aristocracia dos grandes proprietários e a massa de peões, diaristas, trabalhadores sazonais, meeiros e escravos. O objeto deste estudo são as colonizações alemãs no sul do Chile, no norte da Argentina e no sul do Brasil.

Artigo publicado na revista “Estudos Ibero-Americanos” , PUCRGS, v. XXIX, n. 1. P. 107-135, junho de 2003

Flagrantes dos 190 anos da Imigração Alemã no Brasil #1

Os 190 anos da Imigração Alemã no Brasil


No dia 25 de julho de 2014 comemora-se a data do centésimo nonagésimo aniversário da imigração alemã no Brasil. Entre as muitas modalidades para lembrar a efeméride, constam publicações referentes à essa história. Como  nos últimos 25 anos dediquei grande parte do meu tempo, das minhas pesquisas e publicações, enfocando os diversos aspectos da inserção dos imigrantes alemães e seus descendentes no todo da nacionalidade brasileira, decidi-me a oferecê-las ao público interessado na forma eletrônica. A grande maioria das matérias da série que segue, foi publicada em revistas especializadas de dentro e fora do País. Neste caso constará a identificação da publicação. Pelas suas características a série poderia intitular-se: Flagrantes dos 190 anos da Imigração Alemã no Brasil. Começa com uma comparação da presença alemã na América Latina, com ênfase para a Argentina, o Chile e o Brasil, desde o período em que esses países ainda eram colônias da Espanha e Portugal e depois de se tornarem independentes. O objetivo central, porém, é a imigração alemã no Brasil, com destaque para lances de maior significado nesta história que aproxima dos dois séculos. 

A  presença alemã na América Latina no
período colonial


A presença alemã nos países da América Latina seguiu, em todos eles, um modelo muito parecido. No período colonial dos três primeiros séculos, os encontramos integrando as tripulações dos navios espanhóis e portugueses, na condição de peritos em navegação, canhoneiros, escrivães de bordo e outras tarefas especializadas. Logo depois da consolidação da primeiras praças  de comércio, entram em cena comerciantes, muitos deles a serviço de importantes casas como os Welser,  Fugger, da Companhia das Índias.
A colonização da América Latina não pode ser entendida sem tomar em consideração a “conquista espiritual” que, de alguma forma, legitimou a conquista pelas armas, a exploração das riquezas, a instalação de praças de comércio, enfim, a colonização. Diversas ordens religiosas, com destaque para os jesuítas, entre eles não poucos alemães, foram os protagonistas da “conquista espiritual”.
Paralelamente aos comerciantes entraram nas colônias latino-americanas peritos alemães em mineração, instalação de portos, abertura da estradas, engenharia naval e navegação, urbanistas, construção de moinhos, engenhos, etc. etc.
Aos comerciantes alemães, missionários e peritos, associaram-se numerosos cientistas: geólogos, geógrafos, botânicos, zoólogos, linguistas, antropólogos, farmacólogos e de outras especialidades.
Incorporados nas tropas coloniais havia um considerável número de oficiais de patentes superiores que foram os responsáveis pela introdução de táticas, estratégias e, sobretudo da disciplina ao molde prussiano.
Além de todas essas contribuições encontramos alemães, como protagonistas fundamentais na vida política e administrativa em quase todos os países que hoje integram a América Latina, com destaque para o Brasil, Argentina e Chile.




Artigo publicado na revista “Estudos Ibero-Aemricanos” da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRGS)

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Apresentando o meu blog quero definir o que pretendo divulgar por meio desssa feramenta. Em linhas gerais, é minha intenção divulgar a minha produção acadêmica e científica, entre os interessados pelos campos que explorei na área de História da Imigração Alemã; Reflexões sobre temas referentes às questões ambientais; Reflexões sobre a construção do conhecimento; Reflexões sobre identidade étnica e temas correlatos. Para receber as atualizações, continue conectado no Blog.