A imigração alemã para a América Latina propriamente dita tem o seu início depois da independência dos países do continente. Os governos da repúblicas recém-emancipadas do Chile e Argentina e do Império do Brasil tiveram uma preocupação comum. Nos três países havia extensas territórios praticamente despovoados, dotados de solos, relevo e clima propícios para implantar projetos de colonização, e assim, atender às demandas de abastecimento interno com gêneros alimentícios e demandas diversas de matéria prima. As áreas costumavam localizar-se onde sua ocupação e incorporação definitiva no todo nacional implicava na própria segurança das fronteiras. Os traçados nos mapas dos processes históricos de ocupação ou de tratados bi- ou multilaterais, em muitos casos, não passavam de uma ficção, enquanto os espaços imediatamente contíguos não fossem garantidos por meio de um povoamento sistemático, permanente e estável. Situações deste gênero encontravam-se no centro e sul do Chile, ao praticamente toda a fronteira oeste e norte da Argentina e do sul, sudoeste e oeste do Brasil. Os imigrantes fixaram-se nesses territórios, de acordo com o modelo de colonização por povoamento, isto é, formando comunidades de pequenos proprietários, dedicados à agricultura familiar de subsistência, num primeiro momento e, num segundo abastecer o mercado com alimentos e algumas matérias primas. Este modelo de povoamento representou um contraponto aos grandes latifúndios de monocultura, principalmente no Brasil e Argentina. Do substrato assim posto, originou-se uma economia de subsistência e de abastecimento dos mercados urbanos, a formação de comunidades solidamente organizadas e de uma classe média rural preenchendo o vácuo social e político existente entre a aristocracia dos grandes proprietários e a massa de peões, diaristas, trabalhadores sazonais, meeiros e escravos. O objeto deste estudo são as colonizações alemãs no sul do Chile, no norte da Argentina e no sul do Brasil.
A presença alemã na América Latina nos Séculos XIX e XX
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