A Biblioteca Histórica da Unisinos.
Procedendo a um reconhecimento exploratório pelo terceiro e sexto andar da biblioteca central, flagrei-me no panorama perfeito para concluir os anos que restavam antes de encerrar minha jornada acadêmica formal em julho de 2013. Sem compromissos burocráticos, administrativos e docentes, inclusive dispensado de bater o ponto na entrada e saída do expediente, costumava iniciar o expediente às 730 ou 8h e encerrar pelas 16h. Enfileirados naquelas dezenas de estantes, ou ainda encaixotados em pilhas e pilhas de caixas de papelão, dispunha de todo o tempo para dialogar com os “mortos vivos” em suas obras e estas, por sua vez, embora “mudas” falando uma linguagem singular, contando a saga do perene e do transitório da história da humanidade, tanto da perspectiva escura e deplorável, quanto da face iluminada e admirável. Livros sempre contaram entre meus companheiros prediletos desde aquele remoto ano de 1939 quando, aos 9 anos li, à luz de uma lamparina de óleo de amendoim, meu primeiro livro em alemão e impresso em gótico, já lembrado mais acima. “Noni e Mani” foi seu título e descrevia o quotidiano da infância dos dois meninos irmãos com esses nomes, lá na longínqua Islândia gelada com seus vulcões e fontes quentes. Foi uma experiência memorável ao deparar-me com um exemplar desse livro entre as dezenas de milhares de obras que passaram por minhas mãos nos anos seguintes.
Aleatoriamente acomodados em estantes ou simplesmente empilhados em caixas de papelão ou amontoados não chão, foi necessário proceder a uma classificação em grandes áreas de conhecimento: história, geografia, letras e artes, filosofia, teologia, ciências naturais, ciência e tecnologia etc. isto é, uma pré-classificação para facilitar uma posterior propriamente dita. Essa tarefa exigia um domínio razoável do grego e do latim, do inglês, do francês, do espanhol e evidentemente do português e do alemão. Como já lembrei mais acima, minha formação acadêmica me tinha proporcionado esse conhecimento básico. Pus mãos à obra e por um período de mais ou menos dois anos, em tempo integral, identifiquei pelos títulos, uma por uma, essas obras somando no seu todo em torno de 300.000. Foi uma experiência única pois, para mim pelo menos não se resumiu num procedimento friamente técnico identificando conteúdo e autor de cada obra. A sensação tátil, o odor inconfundível, a data das edições, o conteúdo, as circunstâncias históricas em que as obras foram publicadas, além de outros detalhes me levavam de volta ao tempo em que as obras foram escritas. Na medida em que passava de uma obra para outra desfilavam diante da imaginação os autores “vivos”, embora mortos, não poucos há mais de dois mil anos, mas falando na sua “mudez” do perene e do transitório da história da humanidade. Como seria pertinente que em qualquer biblioteca, por mais modesta que seja, o visitante, o curioso, o pesquisador fosse recebido com a admoestação escrita na entrada: “Hic mortui vivunt, hic muti loqunt! – “Aqui os mortos vivem, aqui os mudos falam”! Os Homeros, os Píndaros, os Tales de Mileto, os Epicuros, os Sócrates, os Aristóteles, os Platão da velha Grécia; os Virgílios, os Horácios, os Tácitos, os Cesars, os Cíceros, os Aristófanes da história de Roma; os padres da igreja “vivos” na gigantesca obra da Coleção “Minge”, resumo dos primeiros 400 anos do Cristianismo; os clássicos do Renascimento, do romantismo, da ilustração; os formuladores das grandes correntes filosóficas: Santo Agostinho, São Tomas de Aquino, Suarez, os Iluministas, Marx, Engels, Feuerbach, Hegel, Kant, Nietzsche, a Escola de Frankfurt; os gigantes da literatura renascentista, moderna, contemporânea e pós moderna: Cervantes, Maquiavel, Camões, Dante, Goethe, Schiller, Heine, Vitor Hugo, Sheakespeare, Milton, e os milhares de outros “mortos vivos”, falando uma linguagem peculiar na “mudez” de suas obras.
Depois aproximadamente dois anos a tarefa da organização básica do enorme acervo documental do sexto e em parte terceiro andar, estava concluído
A gênese das bibliotecas e acervos da Unisinos
Em linhas gerais os acervos depositados no sexto e terceiro andares da Unisinos têm a sua origem nas instituições que os jesuítas fundaram e mantiveram desde 1850 até 1950. Na medida em que as paróquias e capelanias foram criadas e os colégios fundados e postos a funcionar, foram equipados com bibliotecas. A partir da década de 1950 muitas dessas obras foram sendo desativadas ou passaram para outras mãos. Até o final dos anos 1969 as bibliotecas ficaram, por assim dizer, hibernando nas instituições às quais tinham servido. Entende-se que correram um risco não pequeno de caírem vítimas de administradores que não sabiam dar-lhes o devido valor ou presas dos cupins, ratos e intempéries. Não é exagerado admitir que, pelas mais diversas razões, uma porcentagem difícil de dimensionar, foi desviada para colecionadores, donos de sebos ou instituições que nada tinham a ver com a sua origem.
Finalmente o Pe. Aloysio Bohnen, reitor da Unisinos, atento ao valor dessas bibliotecas e o risco que corriam de se perderem irremediavelmente, encontrou no Pe. Arthur Rabuske a pessoa talhada para assumir o salvamento. Este percorreu, na medida do possível, todas as instituições conhecidas, encaixotou as bibliotecas e transportou-as para a antiga sede da Unisinos no centro de São Leopoldo. Num primeiro momento os livros aleatoriamente amontoados em salas, foram pincelados e colocados em estantes sem preocupação por uma classificação. O grosso do considerável conjunto de obras migrou em 2004 para o sexto andar da biblioteca da universidade. Procedeu-se então uma classificação tomando como base a CDU. Encontram-se até hoje nessa situação à espera de uma catalogação em regra e a sua disponibilização ao grande público inclusive via Internet.
Entre as paróquias que de alguma forma contribuíram com a formação dos acervos, destacamos: São Miguel dos Dois Irmãos, Bom Jardim (Ivoti), São José do Hortêncio, Bom Princípio, São Salvador (Tupandi), São Sebastião do Caí, Santo Inácio da Feliz, Nova Petrópolis, São Leopoldo, Igreja de São José em Porto Alegre, Estrela, Lajeado, Santa Cruz do Sul, São João do Oeste, Itapiranga, Cerro Largo, Nova Trento. As bibliotecas paroquiais destinavam-se mais para os paroquianos do que para os párocos e seus auxiliares. As obras nelas contidas perseguiam como objetivos imediatos a formação religiosa, a formação e informação profana, o lazer e o estímulo à leitura. Predominam por isso obras de edificação, biografias de santos, livros de reza, sagradas escrituras, enfim, obras de conteúdo e formação religiosa. O lado profano dessas bibliotecas compunha-se de romances, livros de ficção, relatos de viagens, romances históricos como de Karl May, etc. Além disso encontravam-se nelas obras de consulta e obras de leitura mais apuradas, destinadas a suprir as exigências pastorais dos padres.
Enquanto essas bibliotecas paroquiais estavam ainda disponíveis e abertas ao público, desempenharam o papel de um poderoso estímulo na manutenção do nível cultural num patamar considerável. Costumava ser uma cena comum que os colonos, antes e depois da missa aos domingos, passassem pela casa paroquial ou algum outro local onde se localizava a biblioteca. Devolviam os livros lidos e levavam outros, pagando uma taxa simbólica pelo empréstimo. Nos domingos de tarde ou nas noites concentravam-se à luz de candeeiros de querosene ou lamparinas alimentadas com óleo de amendoim e, apesar do cansaço de um dia de trabalho pesado, liam às vezes horas a fio “alimentando o espírito” como costumavam dizer. Compreende- se que os leitores mais assíduos somavam minoria, como que uma elite intelectual. Costumavam ser pessoas conhecidas como tais e usavam encontrar-se nos domingos antes da missa para trocar informações, falar sobre as novidades que tinham lido e recomendar ao vizinho os livros de que tinham gostado e cujo conteúdo lhes parecia ser útil. Nessa “elite” de leitores assíduos, para não dizer fanáticos, incluo meu pai e meus dois irmãos casados e simples colonos. A programação dominical de meu pai resumia-se em assistir a “missa do cedo” na igreja matriz que ficava a uma hora a cavalo, voltar, acomodar-se na varanda da casa, ler jornais e almanaques até a hora do almoço e, depois de um sono de uma ou duas horas, retomar à leitura até ao anoitecer. Mas era principalmente meu segundo irmão mais velho, o mais velho lecionava na universidade como padre jesuíta, um simples colono, pai de numerosa família. Devo a ele, quando eu tinha nove ou dez anos, uma das experiências mais gratificantes e das influências talvez decisivas, para o meu interesse e curiosidade posterior por saber e conhecer cada vez mais, sem propriamente uma área de maior concentração. O Raymundo, esse era o nome do meu mano, costumava ler à luz avermelhada de uma candeia a óleo de amendoim, às vezes até madrugada a dentro. Deve ter lido uma dúzia dos romances históricos de Karl May, além de relatos de viagem como de Sven Hedin e livros de conteúdo histórico. Sabia como ninguém dramatizar os personagens bíblicos do Antigo Testamento. No dia seguinte no intervalo para descanso na roça, costumava contar o que tinha lido. Winnetou e Old Shaterhand, clássicos de Karl May sobre os índios americanos, vinham a ser seus personagens prediletos. Aliás a descrição da vida livre dos índios das Pradarias serviu também para despertar o jovem filósofo na época, Ernst Bloch, para a sua obsessão pela liberdade sem restrições como condição para realizar a harmonia final entre todas realidades, desde o homem passando pelos animais, plantas, minerais – para a concretização “do ideal do bem” – arealização da “Heimat”, da querência definitiva. Resumiu o seu pensamento na frase: “Onde há liberdade, há possibilidades, onde há possibilidades há esperança, onde há esperança a realização da harmonia final – o “Ideal do Bem” - é possível.
A oportunidade e o hábito da leitura propiciado pela modesta biblioteca da paróquia foi com certeza uma determinante decisiva para que meu irmão mais velho se tornasse um cientista de fama internacional, um outro irmão professor de física e química, uma terceiro um admirado professor de escola e líder comunitário e uma irmã com PHD na Universidade Católica de Washington e professora universitária de literatura americana e inglesa na Universidade Federal de Santa Maria e na Faculdade Imaculada Conceição, hoje UNIFRAN. Os estímulos e os exemplos com que vivi no quotidiano da minha infância levaram-me a me alfabetizar com minha irmã, entrevada pela paralisia infantil, antes mesmo de ingressar na escola da comunidade. Aos nove anos li o meu primeiro livro, emprestado da biblioteca paroquial, da primeira até a última página, naturalmente à luz mortiça de um candeeiro de óleo de amendoim. O título do livro, como já lembrei mais acima, foi “Noni und Mani” e o autor Jón Svenson. Jón Svenson era o Noni personagem do livro e Mani seu irmão, dois irmãos que viviam na Islândia. Noni migraria mais tarde para a Alemanha onde se tornou sacerdote jesuíta. O livro falava da infância dos dois meninos irmãos. O livro nada mais oferece do que o quotidiano dos dois irmãos nas terras geladas da Islândia com seus vulcões e fontes quentes. A leitura desse livro foi o estopim para o despertar em mim duma curiosidade e dum interesse que não esmoreceu até hoje, por terras, povos e culturas de regiões distantes. Localizo naquele final da década de 1930 as raízes da minha paixão pela geografia, pela história e pela antropologia. A descrição das paisagens polares da Islândia, o clima, a neve, o gelo, os vulcões, as fontes quentes, fez com que carregasse para o resto da vida um fascínio difícil de descrever pelas paisagens árticas. Foi uma emoção indescritível, quando classificando os acervos acumulados no sexto andar da biblioteca da Unisinos, encontrei um exemplar do “Noni e Mani”, idêntico ao que havia lido como primeiro livro aos nove anos, mais de oitenta anos atrás. Pelo carimbo de origem não foi possível determinar se foi o mesmo exemplar do livro que foi de tanta importância para minha formação. Também não é esse o detalhe que decide. O que importa é que o exemplar que tinha em mãos deve ter mexido com a imaginação de outros meninos como eu e de adultos também, em alguma paróquia da colônia.
A bem da verdade é preciso chamar a atenção de que os leitores assíduos não somavam a maioria. Eram, contudo, suficientes para desempenharem o papel de “fermento cultural” nas suas comunidades. O alemão ensinado nas escolas para todas as crianças e a realimentação da língua com posteriores leituras assíduas ou não, fazia com que todos entendessem perfeitamente o alemão erudito. Tanto assim que os sermões, alocuções, conferências, palestras, etc., eram apresentadas em alemão erudito e o colono ou colona menos letrado os entendia e fazia questão que fosse assim. Um sermão ou um discurso do professor em dialeto soaria no mínimo estranho.
Até o começo da segunda guerra mundial os leitores assíduos formavam, por assim dizer, uma elite intelectual no meio colonial, como já lembrei mais acima. Costumavam ser escolhidos como subprefeitos, fabriqueiros, capatazes na manutenção das estradas distritais, etc. Os frequentadores assíduos das bibliotecas paroquiais, costumavam ser também assinantes de jornais, leitores de almanaques, periódicos e publicações avulsas. Formavam um estrato culto, possuidor de conhecimentos gerais, de uma cultura apreciável. Emitiam com segurança e conhecimento de causa, opiniões políticas, ajuizavam sobre questões relativas à situação social, econômica, cultural e religiosa. Assumiam inclusive posições críticas diante de questões locais, regionais, nacionais e até internacionais. Não se omitiam nem em discussões de natureza religiosa. Dois fatores praticamente simultâneos mudaram de vez esse quadro, lamentavelmente para pior, para muito pior. O primeiro foi a malfadada Campanha de Nacionalização implantada no país a partir de 1938 e o segundo a Segunda Guerra Mundial na qual o Brasil terminaria declarando guerra à Alemanha, fato que radicalizou o primeiro. Não é aqui nem o lugar nem a ocasião para entrar em detalhes nessa discussão. Merece destaque apenas o fato de que a língua alemã ter sido proscrita e as fontes que a alimentavam e realimentavam o nível cultural dos colonos, isto é, a escola, a imprensa e as bibliotecas postas no ostracismo. Pior. As escolas foram nacionalizadas ou fechadas e foi alimentada toda uma fúria iconoclasta que resultou na queima e destruição de livros, jornais e periódicos. Ora as vítimas foram acervos de pessoas, ora de famílias, ora de instituições. Bibliotecas parcialmente danificadas e desfalcadas, recolheram-se à clandestinidade a espera de tempos mais propícios. Muita coisa se perdeu durante esse período conturbado. O quanto, é difícil de avaliar. Contudo sobreviveu o suficiente desses acervos para permitir uma avaliação quantitativa do volume dessas bibliotecas distribuídas pelas comunidades coloniais. Foi possível preservar também o bastante para se formar uma ideia mais ou menos compreensiva dos interesses do público leitor da época. O que foi possível resgatar soma um número respeitável de obras. Concentram-se aí, na essência, as fontes que permitem dimensionar a abrangência das expectativas em relação à cultura geral e principalmente, o perfil da religiosidade, da espiritualidade e da disciplina religiosa pregada ao povo.
Paralelamente e sem uma vinculação obrigatória com a Campanha de Nacionalização, a maioria das paróquias, administradas por jesuítas passou para a responsabilidade do clero diocesano. Essa mudança implicou no recolhimento simples e puro dos acervos, sem uma preocupação seletiva, para as dependências da antiga sede da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no centro de São Leopoldo. Lá ficaram guardados longe do acesso ao público, durante quarenta ou mais anos, expostos à deterioração natural, a eventualidades não previsíveis, e à displicência como um patrimônio dessa natureza costuma ser visto e avaliado por não poucos, incluindo os próprios jesuítas, fascinados, para não dizer obcecados pela pirotecnia orquestrada pela parafernália da tecnologia. O Pe. Rabuske (in memoriam) referindo-se a esse aspecto, assim se expressou:
( ...) faz-se oportuno dizer que, neste último quartel do século, ou seja nos últimos 25 anos, mais ou menos, tais causas têm existido em geral se vem repetindo um pouco ou até muito em toda a parte. Não se trata, portanto, de um fenômeno típico ou exclusivo nosso, brasileiro, mas extensivo, infelizmente, a outros países, dos quais, por uma longa tradição cultural-científica, tal fato mesmo poderia esperar-se. Conhecemos a esse respeito alguns exemplos, que bem poderíamos definir de “clamorosos”, para não dizer “escandalosos”. Não nos cabe o papel inglório decliná-los em concreto, mas em vez disso, apontá-los como bastante próprios da nossa época, sempre apressada, pragmática, materialista, imediatista, “funcional” e porque não condená-los – sempre destruidora de valiosos e insubstituíveis bens, documentos e monumentos culturais, por perenes. Gente interessada na conservação insistente de tais valores sabe-o de sobejo, a partir de muita abnegada, obscura e inglória, sobretudo desde não poucos e pequenos sofrimentos pessoais. A que atribuir, perguntamos, tal situação lamentável, sem dúvida, doentia e até epidêmica, e por isso mesmo necessitada de uma urgente intervenção medicinal concreta e eficaz. Aqui as respostas se apresentam em boa quantidade. Com frequência será falta do necessário espaço físico, onde acomodar semelhante material impresso. Outras vezes se torna um total despreparo cultural nos responsáveis ou mesmo herdeiros, que apesar de sua formação superior, não titubeiam em proceder de um modo destruidor e anticultural, com respeito ao legado precioso, cujo alcance não atinam ou compreendem. (Rabuske Arthur. In Anais do 5o Simpósio, p. 110-111)
Ninguém tem mais autoridade do que Pe. Rabuske para deixar registrado essas observações. Não fosse ele, apoiado firmemente pelo Pe. Aloísio Bohnen, as bibliotecas paroquiais assim como outros acervos, estariam irremediavelmente perdidos, ou pelo menos muito mais seriamente desfalcados ou danificados. Graças à sua rara sensibilidade no que diz respeito às coisas da cultura, as coisas do alimento espiritual, pelo que é possível avaliar, foi salvo o bastante, tanto quantitativa quanto qualitativamente, para reconstruir a linha mestra dos interesses culturais e religiosos, ao nível esperado das comunidades da época. É de se admirar que após tantas e tais peripécias não tivessem sofrido danos e perdas ainda maiores.
Em questão de dois anos aproximadamente o trabalho de organização básica dos acervos de sexto andar e parte do terceiro estava concluída. Em dezenas de estantes alinhavam-se disciplinadamente as obras de centenas e milhares de “mortos vivos” deixando a sua mensagem para as atuais gerações na “mudez eloquente”de suas obras. Paralelamente uma bibliotecária prática organizou em duas dezenas ou mais de estantes cerca de 1200 títulos de revistas e periódicos dos mais diversos conteúdos assinados pelos jesuítas nas suas instituições, de modo especial nas casas de formação do clero sob sua responsabilidade. Salvo melhor juízo este gigantesco acervo que concentra e preserva a memória histórico cultural no sentido mais amplo dos pouco mais de 100 anos a contar de 1850 a 1960, pode ser considerado uma fonte de pesquisa, na sua multiplicidade e profundidade sem igual no Brasil, cobrindo o período em foco. Destaco alguns títulos como amostra: “Civilta Catolica” desde a primeira edição em 1849; “Stimmen der Zeit”, desde o primeiro número na década de 1860; “Estudes”, “Broteria” dos jesuítas de Portugal; “Vozes de Petrópolis” e por aí vai.