Da Enxada à Cátedra [ 80 ]

Viagem a Halle.

Em 1998 realizou-se na cidade de Halle, perto de Berlim, um simpósio internacional de Estudos Latino Americanos. Participei do evento junto com o prof. Marcos Tramontini contribuindo com uma comunicação sobre a Imprensa em língua alemã no sul do Brasil. Pode parecer estranho, mas foi a minha primeira viagem internacional após mais de uma década de comprometimento com a docência em duas universidades. A viagem e estadia no hotel foram bancadas pela verba que o orçamento da universidade destinava ao PPGH para essa finalidade. O discurso de abertura do simpósio coube ao prefeito de Halle não em alemão mas em italiano. A cidade exibia ainda visivelmente os vestígios da antiga DDR. Pelo que parece o centro histórico da cidade não sofrera danos mais graves com sua majestosa catedral e demais construções históricas. Mais na periferia modernos prédios de apartamentos no típico modelo arquitetônico socialista lembravam o período comunista que vigorou na Alemanha Oriental desde o final da segunda guerra mundial até 1989 com a queda do muro de Berlim e posterior unificação das duas Alemanhas. Não me interessei por participar de uma visita organizada para o campo de concentração de Buchenwald. Na ida a viagem de trem de Frankfurt a Halle foi durante a noite, mas na volta aconteceu de dia. Demorei- me um bom tempo fora da cabine no corredor apreciando aquela paisagem humanizada moldada durante séculos e milênios, pontilhada por aldeias e cidades pequenas e de porte médio como Fulda e seus mosteiros que remontam ao começo da Idade Média. Saindo de Frankfurt às dez da noite pousamos em Guarulhos de manhã. Na espera para embarcar no voo para Porto Alegre aguardava-me uma surpresa. Encontrei minha filha Ingrid que trabalhava como modelo da Elite em São Paulo, esperando o embarque para o Chile para um trabalho profissional. Dei para ela a barra de chocolate comprada em Halle.

PPGH em Santo Ângelo

Se não me falha a memória, durante o ano de 1997 entrou na direção da universidade um pedido da URI – Universidade Regional Integrada, com sede em Erechim, com a solicitação de formar uma turma de mestres em história no campus de Santo Ângelo. O diretor do Centro de Ciências Humanas, prof. Benno Lermen encarregou o Pe. José Ivo Follmann, vice diretor e a mim para viajar até Santo Ângelo e acertar com a vice-reitora da URI as condições para firmar um convênio com a Unisinos e formar uma turma de mestres no campus da URI em Santo Ângelo num período de dois anos. Tudo acertado com a pró reitora daquela universidade, voltamos e entregamos a proposta ao diretor do centro de Ciências Humanas a fim de dar andamento às instâncias superiores da Unisinos e firmar o convênio. Não é aqui o lugar para entrar em maiores detalhes do conteúdo desse documento. Tudo acertado aconteceu em seguida a solene instalação acadêmica com a presença do reitor da URI e da profa. Beatriz Fransen e da minha. O prof. Werner Altamnn também escalado para representar a o PPGH da Unisinos, foi impedido de participar pois, foi avisado que seu pai se encontrava em estado grave em Lageado. Por isso nos acompanhou até aquela cidade onde moravam seus pais e ficou dando assistência a eles. A profa. Beatriz e eu seguimos viagem até Santo Ângelo. A solenidade de abertura do programa contou com a presença do reitor da Universidade Integrada, os alunos além de professores da instituição. Coube ao Reitor declarar instalado o curso de mestrado e a mim falar sobre a importância, não só da iniciativa acadêmica em si, mas do significado histórico-sociológico-econômico daquela região na qual confluíram descendentes de lusos, alemães, italianos, poloneses e outros. A programação prevista para dois anos incluía um intensivo nas férias de verão. Foi acertado que os seminários seriam ministrados nas quintas feiras de manhã e à tarde e nas sextas de manhã de maneira que os docentes tivessem condições de retornar a São Leopoldo e Porto Alegre na sexta feira à tarde. Com a responsabilidade da coordenação deslocava-me com uma viatura da Unisinos uma vez ao mês até Sant Ângelo na quarta feira para voltar na sexta em companhia dos professores da vez. Por ocasião da conclusão dos seminários os alunos prepararam uma comemoração de encerramento num restaurante nas margens do rio Ijui. Para a orientação das dissertações de mestrados os alunos costumavam deslocar-se até São Leopoldo. Em resumo foi essa a contribuição oferecida pelo PPGH da Unisinos para qualificar um bom grupo de discentes da URI com formação no nível de pós-graduação. Não me lembro de quantos exatamente foram. Alguns conquistaram em seguida o doutorado em diversas universidades que ofereciam esse nível de formação. Tive a satisfação de orientar a tese de um desses mestres que religiosamente se apresentava cada mês na sede do PPGH em São Leopoldo. Com esses registros sucintos concluo essa experiência de colaboração entre a URI e a Unisinos, um exemplo de colaboração e de complementariedade entre duas universidades em vez da competição e concorrência tão comum. Como seria produtivo se uma ou mais universidades desenvolvessem projetos comuns contribuindo cada qual com o seu potencial acadêmico, laboratórios, bibliotecas, acervos documentais, etc. Lembro o projeto de desenvolvimento sócio econômico de Dois Irmãos mencionado mais acima realizado em parceria do IEPE da faculdade de Economia da UFRGS e o curso de Sociologia da Faculdade Ciências e Letras de São Leopoldo no começo da década de 1960. Pelo visto essa prática hoje já não faz parte da rotina das universidades, centros universitários e faculdades isoladas neste começo da terceira década do terceiro milênio. Aliás, no quotidiano das instituições de ensino superior a fragmentação e competição dita em muitos casos a rotina acadêmica, principalmente no nível de pós-graduação. Mas essa realidade também já foi objeto de reflexões mais acima.

Não posso deixar de lembrar que no ano de 2000 aconteceu a transferência da sede do PPGH dos prédios antigos da Unisinos no centro de São Leopoldo para o novo Campus. Para o gabinete da coordenação, os gabinetes dos professores, a secretaria e os espaços para os núcleos como de Estudos Teuto-brasileiros e Luso-brasileiros fora reservado todo o quarto andar do novo prédiodo então “Centro I”, próximo à rodoviária da universidade. Nos dois anos que seguiram o Programa de Pós graduação foi consolidado administrativa e academicamente assim como dotado de uma corpo docente devidamente ampliado e qualificado, como já lembrei mais acima. A seguir destaco duas viagens internacionais em companhia da minha esposa Inez (in memoriam), a primeira para o Chile em 1999 e a segunda em 2001 para a Alemanha e o norte da Itália.

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