A Missão dos Jesuítas Alemães no Rio Grande do Sul


Autor do original alemão - Pe. Ambros Schupp

Tradutor e Editor – Arthur Bl. Rambo

Editora Unisinos – 2004



Ofereço ao público interessado mais uma obra clássica pouco conhecida que se ocupa com a imigração alemã no sul do Brasil. Falo do livro que nos deixou o padre jesuíta Ambros Schupp– 1840-1914. Ele faz parte de uma elite intelectual da Ordem expulsa da Alemanha pelo Kulturkamph e foi destinado pelos superiores para atuar na missão do sul do Brasil. Com seus coirmãos de ordem Carl Teschauer e Johannes Hafkemeyer conquistou nome reconhecido como historiadores importantes dentro e fora da Ordem. Como apresentação da sua obra mais importante “A Missão dos Jesuítas alemães no Rio Grande do Sul” – no original “Die Mission der deutschen Jesuiten in Rio Grande do Sul”, pretendo homenagear, como manda a justiça, mais um dos grandes nomes que integram a “velha guarda” desses religiosos que deram tudo de si ou na pastoral, ou na educação, ou em projetos sociais, ou nas ciências naturais ou, no caso específico, na História. A fim de oferecer aos interessados um resumo do conteúdo dessa obra, recorro a apresentação da obra do punho do próprio Schupp.

Passaram-se quase quarenta anos desde que os jesuítas alemães foram expulsos do cenário de trabalho de sua pátria e mandados para o exílio. Durante este espaço de tempo, porém,  ociosos não permaneceram. Também na dispersão procuraram tornar-se úteis à humanidade, onde quer que estivessem, difundindo os princípios da cosmovisão cristã. 

No Rio Grande do Sul não foi diferente. Aqui encontravam-se jesuítas alemães desde o ano de 1849, mas em número altamente insuficiente, empenhados no melhor dos esforços em favor dos seus conterrâneos  que viviam no mais extremo abandono religioso. É verdade que novos reforços eram enviados constantemente. Mas também estes não eram suficiente para dar conta das crescentes necessidades, enquanto seus parceiros de trabalho ameaçavam sucumbir aos esforços da missão. Esta situação prolongou-se até que expulsão da Alemanha colocou à disposição um maior contingente de obreiros.

Desde então muita coisa aconteceu da parte  dos padres jesuítas, para o bem-estar espiritual e corporal dos seus conterrâneos no Rio Grande do Sul. Muita coisa chegou ao conhecimento público por meio da revista “Katholische Missionen”, por meio de outras publicações, por meio de revistas e artigos isolados. Acalentava-se o  desejo de oferecer também uma visão de conjunto da atuação dos missionários. A presente obra tem o objetivo de ir ao encontro desse desejo. Divide-se em três partes. A primeira abrange a história do desenvolvimento dos assentamentos dos alemães e da Missão; a segunda parte aborda o trabalho e os esforços dos padres pelo bem-estar, em primeiro lugar, dos colonos de descendência alemã; a terceira aprte aponta os elementos que em parte obstaculizaram e em parte dificultaram a sua ação.

O fato de termos  escolhido exatamente o momento atual.  para redigir o nosso trabalho explica-se pela proximidade do centenário da comemoração  da restauração da Companhia de Jesus por Pio VII (no dia 7 de setembro de 1914. Para essas comemorações também outras regiões missionárias estão preparando contribuições históricas similares.

Entregando assim ao público este livro, não queremos silenciar duas preocupações que nos acompanharam durante toda a redação. A primeira diz respeito ao círculo de leitores. O livro foi escrito para leitores do lado de cá e de lá do oceano. Portanto o círculo de leitores compõe-se supostamente de elementos com interesses muito diferentes entre si. Os leitores de cá esperavam provavelmente encontrar detalhes aos quais atribuem importância especial, referentes às pessoa ou ao local onde moram, que para um europeu, porém, nada significam, e por isso não foram mencionados. Da mesma forma leitores europeus encontrarão muita coisa que lhes parece supérflua, o que entretanto não pode passar em silêncio em considerações aos leitores daqui. Empenhamo-nos no sentido de tomar em consideração os interesses de uns a tal ponto  de não perder o ponto de vista dos outros. Esperamos, enquanto  isto é possível, ter feito justiça a uns e a outros.

O segundo aspecto diz respeito à terceira parte da nossa obra, que se ocupa com os elementos que foram hostis à atividade  dos padres, devido ao caráter de uma visão global, não puderam ser passados em silêncio. Nossa intenção nesta parte objetivou, por isso, deixar falar a verdade objetiva, deixando de lado o que polêmico. Por essa razão fundamentamos, na medida do possível, as nossas considerações e argumentos históricos. Pelo fato de esses documentos na sua grande maioria testemunharem a favor dos padres, espero que sua apresentação não motive qualquer tipo de  censura contra ad nossa pessoa. Se de uma parte mostrarem, por vezes, menos favoráveis a outros, certamente não é nossa intenção ofender. Temos a convicção, de outra parte, que por causa disso não devem ser silenciados. Que fale a verdade, é o que nos importa antes de mais  nada.

Para  a maior facilidade de compreensão aos leitores, acrescentamos ao fim do texto uma rica coleção de ilustrações. Esperamos que contribuam não pouco para uma correta visão das condições que reinam na colônia. Que esta obra modesta e pequena não só contribua  para entreter as pessoas, mas também despertar nelas o interesse por esta Missão, que até agora encontrou pouca consideração nos relatos de viagem e nas demais publicações. Tem como finalidade também emprestar e atribuir a verdadeira dimensão aos juízos falsos e desfavoráveis que aqu e lá foram espalhados. Com esses auspícios entregamos a obra ao público. (Ambros Schupp, Porto Alegre, 1 de janeiro de 1912)

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