Desde o seu descobrimento, a América Latina serviu de cenário em que os jesuítas, mais do que qualquer outra ordem religiosa, implantaram e desenvolveram projetos de cristianização e promoção humana. Universalmente conhecida e famosa foi a obra evangelizadora por eles protagonizada durante os séculos XVII e XVIII, tanto nas possessões espanholas quanto portuguesas nesse continente. O valor histórico, artístico e arquitetónico do que resistiu ao tempo e da depredação humana das reduções no noroeste do Rio Grande do Sul, é de tal significado que mereceu ser declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Além desses testemunhos mais conhecidos, encontramos as pegadas dos jesuítas daqueles dois séculos em todo restante da América Latina. Estavam presentes no Chile onde lideraram iniciativas de implantação de tipografias, oficinas e artesanatos. Desenvolveram e aperfeiçoaram a farmacologia, valendo-se de plantas e essências nativas. De modo especial dedicaram-se à educação e catequese dos índios e dos filhos dos espanhóis e a cura de almas da população em geral.
Os jesuítas estiveram presentes também na Argentina. Contribuíram decisivamente na catequese entre os índios do Chaco, Entre Rios e Missiones. Importante foi também a sua contribuição na educação em instituições de ensino fundamental e médio nos centros de maior importância como Córdoba, Tucumán, Rosário e Buenos Aires. Pregaram missões garantindo assim um bom nível religioso entre a população. Como na Argentina e Chile os jesuítas desenvolveram também uma importante obra missionária no Paraguai. As ruínas das reduções no sul desse país, datando dos séculos XVII e XVIII, faziam parte do vasto complexo de missões entre os indígenas entre o norte da Argentina e noroeste o Rio Grande do Sul. A importância do Paraguai foi de tal ordem na atividade missioneira que a sede da província da Ordem encontrava-se em Asunción. De lá se tem o registro dos primeiros jesuítas nativos como Roque Gonzales, martirizado em Pirapó no Rio Grande do Sul.
Desde 1549 os jesuítas marcaram presença também no Brasil. Dedicaram-se antes de mais nada à catequese e à educação dos índios e filhos dos portugueses. Com a supressão da Ordem pelo papa Clemente XIV em 1773 essa obra foi interrompida. Restaurada a Ordem em 1814, em poucos anos os discípulos de Santo Inácio, como que emergindo de um retiro compulsório de 40 anos, retornaram aos antigos cenários apostólicos na América Latina para retomar e dar continuidade à obra interrompida. Voltaram para dar catequese, abrir escolas, pregar missões populares, fundar paróquias e dar andamento, de modo especial no sul do Brasil, a um magnífico Projeto Pastoral cujos frutos são colhidos até hoje.
NB. Para quem interessar o “Projeto Pastoral” dos Jesuítas encontra-se amplamente analisado e avaliado no livro que publiquei pela Edit. Unisinos em 2013.