A história dessa região do Estado do Rio Grande do Sul oferece uma dessas coincidências que fazem pensar. Cento e cinqüenta anos antes encerrara-se aí uma das tentativas civilizatórias mais controvertidas e certamente mais originais da história das Américas. Os tratados de limites entre Espanha e Portugal obrigaram os sete povos guaranis a se transferirem para a margem direita do rio Uruguai. Uma resistência no mínimo compreensível da parte dos índios e dos missionários, não obteve ressonância nas cortes nem de uma nem de outra parte. A expulsão dos jesuítas dos domínios de Portugal e, em seguida, a supressão da Ordem pelo papa Clemente XIV, levaram as reduções à desorganização e à anarquia, a conflitos internos e ao genocídio. A florescente, a original e a magnífica civilização que lançara raízes promissoras em solo riograndense, fruto de um trabalho paciente e persistente de 130 anos, foi substituída por um melancólico cenário de ruínas e de abandono. A mata cobriu as terras cultivadas, invadiu as aldeias, substituiu as praças e apoderou-se dos próprios prédios. A cobiça dos lagunenses apossou-se dos imensos rebanhos que pastavam na “vacaria do mar” no sul e na “vacaria dos pinhais”, nos campos de cima da serra. Em algumas décadas a natureza selvagem encobria, como uma mortalha verde, a espetacular civilização das reduções.
Quando, no início do século vinte, chegaram aos mesmos locais não os índios guaranis com seus missionários jesuítas, mas os filhos dos imigrantes europeus acompanhados dos seus pastores, também jesuítas, o mistério do destino dos homens e da história ainda pairava sobre a paisagem Quem tivesse sensibilidade poderia escutar ainda, partindo das entranhas da mata ao longo do Ijuí, ou em meio ao rumor do salto do Pirapó, a pergunta pelo porque desse desfecho. A resposta parece ter sido dada por um jesuíta do século vinte, filho dessa terra e sincero admirador da obra missioneira. (Rambo, Arthur, 1988, p. 211-212)
Na sua obra “A Fisionomia do Rio Grande do Sul” o Pe. Balduino Rambo deixou registrado:
A beleza das ruínas antigas, inexistente no resto do Estado, comunica a essa região um encanto imortal. Ali a fé cristã e a civilização européia pela primeira vez firmaram pé nas plagas abençoadas do “Tape” misterioso. Ali, nesses campos marchetados de capões, viajaram a pé e a cavalo, os Roque Gonzales, os Montoyas, os Romeros. Ali, os selvagens, saindo do covil de suas matas, curvaram reverentes perante a cruz aquela soberba cerviz, que a espada dos conquistadores não conseguira dobrar. Ali floresceram plantações, pastaram rebanhos sem conta, ferveu uma cultura de intenso dinamismo.
A melancolia da história paira sobre essa paisagem. Tudo que é belo é fadado a fenecer. A inveja entre duas nações irmãs, linhas geografias traçadas a esmo nos gabinetes de Madrid e Lisboa, instintos interesseiros, ódio à religião – um dragão de sete cabeças se arremessou sobre as reduções, baniu os missionários, fez debandar os índios, votou à ruína os templos. Os restos de São Miguel, de São Lourenço, de São João Velho, invadidos pela vegetação, por longo tempo aproveitados como pedreiras, falam uma linguagem muda, mas eloqüente de acusação contra o mistério da humana iniquidade. (Rambo, Balduino, 1942, p. 253)
A Associação Riograndense de Agricultores destinava-se pela sua natureza, à oferecer alternativas de solução para os múltiplos problemas que afetavam as comunidades teuto-brasileiras no começo do século vinte. Tratava-se, na verdade, de um projeto amplo de promoção humana, cobrindo o estímulo à religiosidade, a cultural, à educação, à questão social, econômica, à assistencial e outras mais. E um dos desafios mais sérios a serem enfrentados envolvia toda a gama de aspectos que se relacionavam com a assistência ao agricultor. Sobressaem nesse particular os seguintes: a assistência jurídica, a assistência à agricultura e à criação de animais, a assistência à saúde e a assistência social.
No terreno da assistência jurídica manifestavam-se problemas bem característico, fruto das circunstâncias de então. Entre eles merecem atenção especial o fato de a imensa maioria dos colonos não se comunicarem ou se comunicarem mal em português. Enfrentavam por isso sérias dificuldades no relacionamento com as autoridades e com os funcionários da burocracia oficial. Um segundo problema tinha a sua origem no precário conhecimento da parte dos colonos, dos seus direitos e deveres como cidadãos e o desconhecimento dos recursos a seu dispor e a que instâncias recorrer em casos de dúvidas ou de reclamações. A distorção e o caráter injusto de certas leis, de modo especial daqueles que dispunham sobre inventários, partilha, custos de processos, reclamações, impostos, etc., costumava causar sérias dores de cabeça para a maioria dos colonos. A tudo isso somava-se não poucas vezes, a negligência e a má vontade dos funcionários lotados nas repartições públicas.
A questão foi tratada na Assembléia Geral dos Católicos em 1902. Na resolução de nº 5 consta o seguinte:
5. A Assembléia Geral reconhece na proteção legal de seus sócios um dos meios principais para despertar o interesse pela Associação. Esse objetivo será alcançado com a criação de uma assessoria jurídica para cada município, sob a supervisão da Associação. (Rambo, Arthur, 1988, p. 216)
Na Assembleia Geral de 1903 a preocupação pela assistência jurídica voltou à discussão. Desta vez o Pe. Amstad apontou alguns aspectos da problemática que reclamavam uma solução a curto prazo. Segundo ele reinava uma grande insegurança e uma não menor ignorância em relação à legislação. O fato tinha a sua explicação em parte ao menos, na transformação pela qual o País passara nos últimos quinze anos. O regime republicano substituíra o imperial. Com essa mudança houve uma radical modificação institucional em todas as esferas. A estabilidade do novo regime era ainda precária e a situação em muitos setores confusa. Acrescia a tudo isso a escassez de profissionais na área do direito à disposição dos colonos, a má vontade e a ignorância de boa parte dos funcionários burocráticos. Os colonos corriam o risco de verem seus direitos violados, atropelados e subvertidos.
Na mesma terceira Assembleia Geral foi proposta e aceita pelos presentes a forma como na prática seria implementada a assistência jurídica considerada de primeira necessidade. A forma proposta e imediatamente posta em funcionamento, previa que as secretarias das associações a nível distrital assumissem a função de primeira instância. Cabia a elas resolver as demandas mais simples que dispensavam recursos a instâncias especializadas. Questões de importância e complexidade maior seriam encaminhadas à instância municipal onde um assessor jurídico se encarregaria de analisá-las, resolvê-las ou, em caso de necessidade, encaminha-las à assessoria jurídica instalada junto a Diretoria Central. A respeito do assunto a Assembléia dispôs o seguinte na resolução de nº 7:
A Assembléia Geral reconhece no serviço de proteção legal aos associados uma das tarefas mais importantes. Por essa razão, as diversas associações locais deverão emprestar a máxima atenção a essa atividade setorial, em especial mediante a designação de secretários distritais à altura dessas tarefas e pela nomeação de assessores jurídicos nos municípios. A direção central deverá, da forma mais rápida possível, providenciar o preenchimento da vaga de assessor jurídico da Associação como um todo. (Rambo, Arthur, 1988, p. 218)
Na mesma Assembléia Geral dedicou-se um considerável espaço para identificar os principais problemas que exigiam a intervenção da assistência jurídica. Referiam-se à solução dos inúmeros conflitos e desentendimentos ocasionados por questões de herança. Diretamente relacionado com os inventários havia ainda os custos exagerados dos processos que os envolviam. Os impostos cobrados sobre a propriedade rural era outra área de constante motivo de contestação, assim como os litígios relacionados com os limites das propriedades, somados aos desentendimentos e brigas com os vizinhos.
Uma avaliação objetiva dos resultados obtidos pelos associados torna-se difícil por causa da vida efêmera da Associação Riograndense de Agricultores, transformada em Sindicato em 1909. Em todo o caso a Assembléia encarregou a Diretoria no sentido de tratar com as autoridades competentes a questão dos inventários e do imposto territorial.
A saúde, a higiene e o bem-estar de um modo geral, compunham outra área de fundamental importância. Um projeto de grande utilidade na área da saúde foi a implantação de uma escola de treinamento de parteiras. Na colônia na época, a presença permanente de médicos e hospitais razoavelmente equipados eram um exceção. Na quase totalidade os partos estavam a cargo de parteiras dotadas de uma formação apenas prática. O médico Dr. Gabriel Schlatter mantinha há mais tempo em sua residência em Estrela, um curso de treinamento de parteiras oriundas do meio colonial. Veio então a proposta de ampliá-la, equipá-la e profissionalizá-la mais, mantê-la em Estela e treinar, de preferência moças da colônia que conheciam os hábitos e costumes desse meio. Oficializada em 1907 também essa iniciativa altamente louvável, não encontrou tempo hábil para mostrar resultados de maior visibilidade.
Uma situação sempre muito complicada costumava acompanhar ocasiões de doença e, principalmente, falecimentos. Além dos traumas de natureza psicológica e emocional, costumavam acarretar também transtornos de ordem financeira com um volume considerável de despesas adicionais. Com a finalidade de fazer frente a esse tipo de contingências, o pastor Pechamnn propôs a criação de uma Caixa de Seguro específica para aliviar a carga de despesas dos sócios por ocasião do falecimento de algum titular ou dependente. O plano era modesto e ajustado às condições financeiras dos agricultores. Pediam-se contribuições pequenas e por isso os auxílios também eram modestos.
Não passa do óbvio afirma que a agricultura e sua complementação pela criação de animais domésticos ocupava um lugar privilegiado nos debates que se repetiam nas Assembléias Gerais da Associação dos Agricultores. Em poucas palavras eram as seguintes as questões que costumavam freqüentar a mesma dos debates: a expansão das fronteiras de colonização, já abordada mais acima; as técnicas de manejo racional dos solos e a recuperação das terras cansadas e esgotados; o aumento da produtividade das variedades cultivadas e a introdução de novas; a preocupação com o desmatamento predatório e projetos de florestamento e reflorestamento.
Durante as primeiras décadas da colonização a produtividade era garantida derrubando a cada ano mais uma parcela de mata virgem e áreas esgotadas entregues à macega, à capoeira e, finalmente, à formação de uma mata secundaria. Não demorou para que os colonos e principalmente seus dirigentes se conscientizassem da limitação das terras virgens disponíveis e se convencessem da urgência de recuperar os solos por meio de técnicas de manejo e adubação adequados. Na época, inicio do século vinte, os agricultores não dispunham de adubos químicos industrializados, nem calcário para corrigir o Ph do solo e outros insumos hoje encontráveis em toda a parte no mercado. A farinha de osso foi sugerida como capaz de equilibrar o Ph e, ao mesmo tempo, repor os sais minerais indispensáveis ao solo, além da adubação orgânica empregando dejetos de animais e massa orgânica. Entre as espécies fornecedoras de abundante massa orgânica e ou fixadoras de nitrogênio no solo, foram citadas nominalmente a soja, o feijão miúdo, a ervilhaca, o grão de bico, o amendoim, as diversas variedades de trevos e outras mais.
Até o final do século XIX o milho, o feijão, a mandioca e a batata inglesa formavam o carro chefe da produção agrícola da região de colonização alemã no sul do Brasil, como já foi lembrado mais acima. O incremento na produção dessas culturas no centro do Pais induziu em parte a crise que acometeu os produtores do sul no final do século dezenove. Além e melhorar a produtividade, de ampliar as áreas cultivadas, tomaram-se iniciativas no sentido de ampliar o leque de espécies e variedades. Foi na segunda Assembleia Geral da Associação que foi dado o passo decisivo em direção à culturas novas. Desde a sua chegada no Rio Grande do Sul em 1875, os imigrantes italianos vinham-se dedicando à semeadura do trigo. Os resultados obtidos com essa cultura, principalmente nas terras mais altas das encostas do planalto, generalizaram rapidamente o seu cultivo também nas colônias alemãs.
O arroz que fazia parte quase obrigatória da dieta diária dos colonos vinha sendo importado na sua quase totalidade. As condições climáticas e edafológicas excepcionais do Rio Grande do Sul estimularam a popularização da sua cultura. A variedade de arroz do seco teve aceitação maior no começo devido à topografia em grande parte acidentada da região colonial. Mas o arroz irrigado foi se generalizando e conquistou as áreas planas ao longo dos rios, para depois invadir parte da região dos campos naturais perto dos rios e lagoas, no centro sul do Estado. A proposta da cultura do arroz repercutiu nas décadas posteriores para muito além daquilo que os colonos reunidos no remoto ano de 1902 poderiam ter imaginado. Dentre os produtos agrícolas o arroz entra hoje com uma das as maiores tonelagens colhidas atualmente no Rio Grande do Sul.
Também na segunda Assembléia foi sugerido o tabaco como uma alternativa de cultura. Como o arroz o tabaco tornar-se-ia a cultura que ainda hoje movimenta a economia de regiões inteiras no centro do Estado atraindo para Santa Cruz do Sul a Phillip Morris a Souza Cruz e outras. Às três culturas que acabamos de citar acresceram outras mais ou menos importantes, como cítricos, cevada, lúpulo, uva, alfafa, a fruticultura em geral, oleaginosas como linho, oliveiras, etc.
Nas pequenas propriedades rurais do Rio Grande do Sul os colonos praticavam a agricultura diversificada como atividade principal, complementada pela criação de várias espécies de animais domésticos. Salvo raras exceções costumavam criar bovinos para a tração animal, leite e carne, suínos para carne e banha, equinos para montaria e tração e galináceos para ovos e carne. Com menos freqüência criavam-se ovinos, caprinos, patos, marrecos. Com o correr do tempo a falta e renovação das raças e a conseqüente reprodução sempre dentro do mesmo plantel, levou ao declínio da produtividade e ao endemismo. De outra parte o incremento cada vez maior da criação de suínos principalmente no centro do Pais aviltou o preço da banha por causa da concorrência. Também essa questão foi atacada pela Associação e dados os primeiros passos em direção à melhoria das raças já existentes e a introdução de novas, tanto de bovinos como de suínos geneticamente mais apuradas.
A quarta resolução da segunda Assembléia dos Agricultores dispôs o seguinte sobre a promoção cultural:
Recomenda-se igualmente aos associados que organizem bibliotecas destinadas ao uso comum, ao menos ao nível de distrito.
A Diretoria Central fica autorizada a adquirir uma série de obras apropriadas para os objetivos da Associação e entregá-las às diversas associações filiadas.
Para que se torne possível uma correta intelecção dos livros é preciso dedicar o máximo de interesse ao ensino e à escola, por parte dos indivíduos e das associações. Pois, é do conhecimento de todos que sem um correto nível de educação e de instrução, a vida associativa fica impossível. (cf. Rambo, Arthur, 1988, p. 253)
O resultado prático dessas determinações da segunda Assembléia Geral foi de tal ordem que até a Campanha de Nacionalização no começo da década de 1940, foi hábito generalizado da população colonial alemã, retirar livros dessas bibliotecas distritais ou paroquiais, pagar uma taxa módica e devolvê-los depois de lidos. Essa prática popularizou a leitura e contribuiu de forma decisiva para que o nível cultural se mantivesse elevado no meio colonial.
Essas bibliotecas, somando no início algumas dezenas de obras, evoluíram para acervos não raro respeitáveis. Nelas podiam ser encontrados livros do tipo edificante, biografias de santos, leituras amenas e recreativas como romances, livros de viagem, novelas, livros de histórias, contos, etc. Grande parte dessa riqueza encontra-se hoje incorporada na biblioteca histórica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, à espera de quem se queria valer dela para dissertações de mestrado, teses de doutorado e outras modalidades de pesquisa a nível acadêmico ou, simplesmente, para satisfazer os curiosos da história da colonização alemã no sul do Brasil.
Se alguma idéia encontrou chão favorável para germinar, deitar raízes profundas e amadurecer frutos abundantes foi, sem dúvida, esse capital espiritual. O que se investiu nas escolas comunitárias, é do conhecimento de qualquer um que se interessa pela colonização alemã no Sul. Pelo menos até a Segunda Guerra Mundial, imprimiram-se dúzias de jornais, uma dezena de almanaques, dezenas de folhetos e impressos diversos, que ampliavam as opções de leitura para os colonos. A par dos livros existentes nas bibliotecas distritais ou paroquiais, essas publicações penetravam nas casas, nas atividades, na vida, enfim, da colônia, carregando consigo uma gama imensa e variada de informações de todos os tipos. (Rambo, Arthur, 1988, o. 254)
As modestas bibliotecas das paróquias despertaram em inúmeros filhos da colônia alemã um entusiasmo e uma curiosidade sem igual pelo saber. E, o que foi mais importante, elevou o nível da cultura da população bem acima da média, superando em muito o analfabetismo na acepção técnica do termo. Capacitou também a maioria dos agricultores para contribuir com o progresso em todas as frentes da vida colonial.
Conclusão.
Submetendo a uma análise um pouco mais aprofundado o projeto de promoção humana posto em marcha pelos jesuítas no sul do Brasil, a partir do final de século dezenove, podem-se destacar, entre outros, os seguintes aspectos.
Os jesuítas empenhados no progresso e promoção das comunidades coloniais do sul do Pais partiram, em parceria com as lideranças leigas, à procura de saídas. Uma tal ou qual exaustão do modelo de economia agrícola até então praticado, somada a um acúmulo de desafios no plano social, político, educacional, assistencial, religioso, reclamavam por soluções compreensivas de médio e longo prazo. Paliativos, por mais interessantes que pudessem ser, não resolveriam o problema como tal. A primeira tentativa, ainda de natureza parcial, destinava-se a superar o impasse criado para os católicos com a implantação da República, fundando um Partido Católico do Centro. Quando a prática demonstrou a sua inviabilidade, as lideranças católicas recorreram a um instrumento que na Alemanha, Suíça e Áustria, havia dado excelentes resultados: As Assembléias Gerais de Católicos. Regularmente convocadas desde 1897, serviram de fórum no qual eram analisadas as grandes questões que afetavam a vida das comunidades em todos os seus aspectos. E foi nas Assembléias de 1897, 1898, 1899 e 1900 que se esboçou, definiu-se e pôs-se em andamento o ambicioso projeto da Associação Riograndense de Agricultores. Pela sua natureza concebida como interconfessional, inter-étnica. Propunha-se identificar e dimensionar os problemas comuns e gerais, apresentar soluções, apontar caminhos e propor estratégias
Apesar da vida efêmera – 1900 – 1910 – a Associação teve como grande mérito o feito de arregimentar a população em questão, em torno do objetivo comum da promoção material e espiritual das comunidades coloniais. Inaugurou a dinâmica da ocupação de novas fronteiras de colonização, que se mostraria eficaz nos cinquenta anos que se seguiram, popularizou o cooperativismo, consolidou um projeto educacional para as escolas comunitárias, estimulou a cultura e o lazer, promoveu a vida religiosa, introduziu as primeiras formas de assistência social. Todas essas conquistas levaram a um outro resultado menos explícito, porém, de não menor importância. As comunidades de imigrantes do sul do Brasil, impuseram-se de então em diante, como um corpo unido que, batalhando pelo progresso e o bem estar, ocuparam, gradativamente, um lugar definido e de não pouca importância, até no cenário político da região.
Obs. O Projeto Social dos Jesuítas foi ampliado pelo autor em forma de um livro, publicado em 2011 pela Editora Unisinos com título: “Somando Forças – O projeto social dos jesuítas no sul, do Brasil”.