Relação Homem-Natureza
Por felicidade essa guerra aberta irredutível não iria durar por muito tempo. A posição de leigos e religiosos, comprometidos com a doutrina católica, que dedicaram a vida ou parte dela à pesquisa científica, fez com que a partir do começo do século XX, se tentassem as primeiras pontes para o diálogo entre as Ciências da Natureza e as Ciências do Espírito. Foi nesta época em que o jesuíta Erich Wassmann desenvolveu seus estudos sobre formigas e térmites, o padre secular Girolamo Bresadola se tornou especialista em fungos, o monge Gregor Mendel descobriu as leis básicas da hereditariedade no jardim do seu convento na Áustria, o padre jesuíta Johannes Rick, aqui no Rio Grande do Sul, tornou-se um dos micólogos mais respeitados da época, o cientista Hans Driesch, partindo de observações feitas em ouriços do mar, formulou a teoria do “Vitalismo”.
Partindo de uma base mais teórica Karl Ernst v. Baer formulou a teoria de que os processos evolutivos obedecem a uma teleologia, em contraponto ao darwinismo que atribui esses acontecimentos a uma dinâmica fortuita, errática e entregue ao acaso. Examinada com atenção, a teoria da seleção natural parte do pressuposto de que a evolução resulta, em última análise, de uma “adaptação passiva”. Os mais bem adaptados sobrevivem e os menos bem adaptados são eliminados. Parte, portanto, de um dado prévio, sem se preocupar em identificá-lo, muito menos em explicá-lo. No exato ano do nascimento de Darwin – 1809 – Lamarck já percebera que sem resolver essa questão, toda a genialidade de uma concepção evolucionista da natureza, carecia de fundamento sólido. Foi, entretanto, infeliz na formulação da sua proposta e atropelado pelo “fixismo” de Cuvier e, mais tarde, ignorado pela repercussão da obra de Darwin.
Tanto Lamarck em 1809, quanto von Baer e Oskar Hertwig, noventa anos mais tarde, perceberam que a adaptação passiva não passava de um mecanismo parcial, senão secundário, no acontecer da evolução, que requer a transformação como motor fundamental. A transformação, como é óbvio, não resulta da eliminação dos menos bem adaptados. Além disso há a pergunta crucial a ser respondida: como surgiu a energia, a matéria, a natureza e a vida capaz de transformar-se e evoluir. Deixando de lado, pelo menos por enquanto, a questão das causas, centremos a atenção no fato de que a evolução somente se explica de alguma forma se associarmos a seleção natural ou a adaptação passiva a uma capacidade interna de adaptação dos organismos vivos ou “adaptação ativa”. Hertwig contrapôs ao princípio darwiniano da “seleção natural”, o princípio da “ação ativa”. O número de adeptos dessa maneira de explicar a evolução, foi crescendo e impondo-se a representantes respeitados no contexto das Ciências Naturais. Aqui merece, entre outros, destaque especial Karl von Baer, por ter formulado de maneira clara e consistente a teoria de que a “adaptação ativa” acontece porque os organismos vivos vêm munidos de uma “capacidade natural, inata de adaptação. Sem essa característica tanto a evolução filética, quanto a evolução individual é impensável. Nessa concepção está implícita a exigência de uma teleologia “utilitária” que objetiva tanto a gênese de organismos mais aptos à sobrevivência, quanto a evolução filética. Acontece então a feliz combinação entre o impulso teleológico e os estímulos vindos das circunstâncias ambientais. As adaptações e a gênese de novas formas desencadeadas pelos estímulos externos, somente então são possíveis, quando previstas ou “pré-programadas” no genoma. Sem tomar em conta a adaptação ativa, portanto, uma evolução no verdadeiro sentido da palavra, é impensável. Dito de outra maneira. A capacidade do potencial do ser vivo reagir teleologicamente aos estímulos do meio, conservando a vida e originando novas formas de vida, somente se explica com a participação de tendências evolutivas fazendo parte da própria natureza do organismo vivo. De outra parte, porém, tudo isso não teria sentido se essas tendências não estivessem em condições de responder aos estímulos do meio externo. Caso não fosse assim a vida não subsistiria às contínuas alterações que ocorrem no meio ambiente. Essa constatação vale tanto para a primeira célula viva quanto para as inúmeras adaptações que se sucederam no decorrer na história de todas as formas de vida.
Fixismo Afirma que todas as espécies forma criadas por Deus e permanecem imutáveis enquanto não forem extintas. Em outras palavras, existem tantas espécies quantas foram criadas no começo.
Cuvier nasceu em 23 de agosto de 1769 em Montbélard – França e faleceu em 15 de maio de 1832.. Foi o o mais expressivo entusiasta e propagador do Fixismo.
Oskar Herwig biólogo alemão especializado em embriologia. Nasceu em 21 de abril de 1849 em Friedburg – Alemanha e faleceu em 25 de outubro de 1922 em Berlim. Identificou os mecanismos básicos da evolução como explicado no resumo do texto acima.