A Natureza como Síntese #26

Balduino Rambo  - 6
A partir do momento em que a pesquisa científica com se método analítico foi iluminando  cada vez mais facetas do mundo natural,  o  Livro da Revelação de que fala São Paulo, foi abrindo suas páginas escritas em códigos  foram sendo interpretados na medida em que a Ciência progredia e penetrava cada vez mais fundo nos arcanos da natureza. Foi essa nova realidade que se encontra na base da revolução do pensamento no decorrer dos últimos 600 anos e que levou Rambo a fazer a observação.
Até hoje se levou pouco em consideração o fato  de que, com o início da era moderna, ter começado uma Revelação Divina toda nova. Refiro-me  à Revelação através da Natureza. Evidente que ela existiu desde o princípio. Entretanto,  só com o despontar da era das Ciências Naturais ela foi desvendada ao Homem. É também este um passo à frente na busca da globalidade e uma caminhada constante em direção à plenitude dos tempos. (Rambo, 1994, p. 266)
No esboço de proposta da  síntese que pretendia elaborar Rambo explica a necessidade de mostrar que a Escolástica parte, no seu conjunto, da unidade para a multiplicidade. As Ciências Naturais aproximam-se da questão pelo lado oposto, isto é, da multiplicidade para a unidade. Algo inteiramente novo impôs-se com a entrada para valer das Ciências Naturais. Embora as leis universais tenham permanecido as mesmas, seu significado abriu o horizonte para uma amplitude insuspeitada do significado  e da importância do conhecimento e da compreensão da Natureza.. (A humanidade foi alvo de uma nova Revelação do Universo, só que ela ainda não conseguiu acertar o passo para decifrá-la”. (Rambo, 1994, p. 266).
Vale aqui chamar a atenção de que se passaram 70 anos desde que a observação acima foi escrita. De lá para cá as conquistas da Ciência e a consequente compreensão de como funciona a Natureza, fez progressos gigantescos. Os resultados fruto do esforço honesto de legiões de pesquisadores avançando sempre mais sobre os fundamentos do mundo natural em centenas de laboratórios espalhados pelos cinco continentes, estão se aproximando das fronteiras que separam os conhecimentos conquistados pela aproximação sintético-dedutiva da Filosofia e os conhecimentos fruto da análise indutiva da parte da Ciência. Rambo registrou em seu diário entre 1944 e 1961  os conteúdos, os elementos  que deveriam compor a formulação da síntese que se propunha colocar no papel como resultado de suas pesquisas científicas e, principalmente, das  reflexões diárias durante as duas décadas. A sua intenção fora dedicar 20 anos de sua vida a essa obra. Infelizmente não lhe foi concedido esse tempo. Quando se punha a começar o trabalho sucumbiu inesperadamente a um aneurisma cerebral em 11 de setembro de 1961, com apenas 56 anos de idade. Deixou a matéria prima para a sonhada síntese como herança para alguém com coragem suficiente para enfrentar o desafio.
Entretanto, analisaremos as obras de alguns cientistas contemporâneos a Rambo que entre 1945 e 1970,  formularam sínteses na linha sonhada por ele. O primeiro foi Teilhard de Chardin, seu irmão de ordem. A síntese por ele proposta na sua obra clássica “O Fenômeno Humano” (1955) e o texto complementar com ênfase no papel do homem nesse cenário “O Lugar do Homem na Natureza”, (1950), serviram de base para o capítulo que precedeu ao presente. Contemporâneos foram também Ludwig von Bertalanffy e Thodosius Dobzhansky que serão os contemplados nos dois capítulos que seguem. Von Bertalanffy (1900-1972), partindo da Biologia e valendo-se de modelos matemáticos para trabalhar os dados publicou a “Teoria Geral dos Sistemas” em 1969. Remetemos a descrição e interpretação dessa síntese para o capítulo que segue. Theodosius Dobzhansky (1900-1974) objeto de análise de capítulo posterior, foi um dos geneticistas mais importantes da segunda metade do século XX. Entre os muitos artigos e livros que publicou sobre sua especialidade “A Herança e a Natureza do Homem (1964) é o que se ocupa com as questões de fronteira entre as Ciências Naturais com ênfase na genética, Ciências do Espírito e Ciências Humanas. Reservamos o penúltimo capítulo também a um geneticista, desta vez o Diretor do Projeto Genoma, responsável pelo mapeamento do código genético humano, Francis Collins e seu livro que ainda está marcando época “A Linguagem de Deus” (2006). E para finalizar os nosso trabalho apresentamos o “livro “A Criação – como salvar a vida na terra” (2006) de Edward Wilson entre os maiores especialistas em Entomologia e estudioso dos ecossistemas naturais e humanizados e se auto-classificou como Humanista Secular.

Obviamente a lista de cientistas, teólogos, filósofos, humanistas, literatos e artistas que de alguma maneira se empenharam em trabalhar as fronteiras do conhecimento  nas respectivas especialidades somam muito mais. Dar a devida atenção a todos e às suas propostas, ultrapassa as nossa pretensões.

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