A Natureza como Síntese #23

Balduino Rambo  - 3

O lado do cientista convencional revela-se no Pe. Rambo enquanto sistemata. Percorria o Rio Grande do Sul coletando todas as espécies de planta que encontrava. Não poucas até então desconhecidas pelos especialistas. Acomodava cada exemplar em folhas de jornal e as prensava nas prensas feitas com varetas de bambu que ele mesmo confeccionava. Seguia-se a secagem em estufa, muitas vezes improvisada para, em seguida, seguirem para a acomodação definitiva em caixas de madeira. Uma  ficha de classificação e identificação acompanha cada um dos exemplares dos 90000 números que compõem o “Herbarium Anchieta”. Ainda como cientista convencional enviava sob encomenda ou para permuta espécimes para numerosos herbários na Europa, na América e no Brasil. A correspondência científica mantida com os mais importantes centros de pesquisa em botânica, nacionais e internacionais, comprovam sua aceitação como especialista, no grande mundo científico. Paralelamente o Pe. Rambo publicou dezenas de artigos rigorosamente científicos, em revistas  de trânsito nacional e internacional. Sua reputação de cientista valeu-lhe, em 1956, um convite oficial do governo dos Estados Unidos, para visitar, durante três meses, as grandes universidades, institutos de pesquisa e, de modo especial, os grandes parques e reservas naturais daquele país. Em 1959 viajou para a Europa, também para um período de quatro meses, a convite do governo da então República Federal da Alemanha, para visitar os centros de pesquisa daquele país. Toda essa atividade tecnicamente considerada pelos cientistas convencionais como “verdadeira ciência”, para ele representou apenas uma condição, o pressuposto para, a partir dela,  formular  a sua compreensão do Universo, da Natureza, do Homem e de Deus. Identificar os detalhes desse grandioso cenário foi indispensável embora cobrasse um custo alto “esvaziando a vida afetiva”, como ele mesmo  desabafou. Ou ainda. “A ocupação constante  com as descrições latinas apenas esquemáticas, geralmente áridas e inanimadas, projetam sua cor mortiça sobre a alma, tornando-a embotada, gélida e apática”. (Rambo. 1994. p. 13). O que realmente importava era  colocar os detalhes nos grandes “mapas descritivos”, identificar a sua razão, o seu sentido, quando inseridos no todo, assumindo rosto, “fisionomia” que irradia vida, sugere unidade, sentido, simbolismo e harmonia.
Um “mapa descritivo”, só então pode ser chamado de “Fisionomia” quando desenhado com recursos literários que, ao descrever o caleidoscópio de uma paisagem, são capazes de por em ebulição o que há de melhor no íntimo de uma pessoa. Isto só acontece quando se consegue explorar a riqueza subliminar que os acidentes geográficos, as cores, a vegetação, os rios e arroios, as esculturas naturais, a história, os simbolismos, a harmonia, o lírico, o grandioso e o épico, de alguma “fisionomia” natural. No momento em que o cientista se vale das suas observações para aventurar-se a esse patamar descritivo, não abdica da sua condição de cientista, mas sublima-a como artista. Fazer culminar o estudo da Natureza em obra de Arte deveria ser sonho de todo aquele que se dedica em explorar toda a sua riqueza, toda a sua diversidade, todas as suas utilidades, todos os seus encantos, todos os seus simbolismos. Só os poucos que de alguma forma se aproximaram desse ideal, deram-se conta de que a “Fisionomia” de uma paisagem irradia verdadeira vida, sugere unidade na pluralidade e representa um mundo de harmonia, no qual o viajante se sente “em casa”, na sua “querência”, na sua “Heimat”. 

Na linha dos cientistas que se ocuparam com o problema da unidade da Natureza e a reconciliação dos Ciências Naturais e das Ciências do Espírito, merece uma menção, embora de passagem, o “filósofo da esperança”, Ernst Bloch (1885-1977),[1] contemporâneo, portanto, de todos os cientistas e pensadores com os quais nos ocupamos no presente estudo. Não cabe analisarmos a fundo e nos detalhes seu pensamento. Interessa no presente contexto o livro que escreveu aos 87 anos, sua última imersão na “grande filosofia”, como o classificou seu comentarista Paul-Heinz Koesters. Na obra que daí resultou ocupou-se, nada mais nada menos, do que com o antiquíssimo, mas sempre novo problema, das relações entre o Espírito e a Matéria. Para ele, nem a posição da filosofia cristã idealizada de que “no princípio era Deus”, nem o argumento da  filosofia materialista de que “do nada só pode resultar o nada, portanto, a Matéria é eterna”, oferecem uma resposta  satisfatória.  Propõe uma terceira via para conciliar as duas posições antípodas. Para Bloch a Matéria é “animada”, “tem alma” (beseelt). Nela existe uma força, uma energia – melhor – um Sentido. Avançando mais um passo na suar reflexão concluiu que  a Matéria está orientada para um objetivo último. Este objetivo, entretanto, ainda não foi alcançado. Chama este objetivo final de “Ideal do Bem”. O ideal do bem estará concretizado no momento em que o processo evolutivo em que a Matéria se encontra estiver concluído. Neste momento o “Bem como tal” estará concretizado: O cosmos, nosso mundo, os animais e os homens, todos feitos de Matéria estarão reconciliados no final do processo. Então reinará a “Harmonia”, o estado almejado, consciente ou inconscientemente, por tudo e por todos, tanto pelas pedras quanto pelos homens, quanto pelas estrelas e as moscas na parede. Quando lá tivermos chegado o “Cosmos todo será (uma) Pátria” – “Heimat” – “Querência” (cfr. Koesters. Deutschland deine Denker. 1981. p. 299-300)

O Pe. Rambo foi mestre em desenhar os “mapas descritivos”, de dar rosto e forma às fisionomias que foi observando. A fim de ilustrar a afirmação, recorri ao diário que  escreveu por ocasião da sua visita aos parques nacionais do oeste americano. Ao entrar no parque de Yosemite, flagrou-se diante de um cenário de sonho. Depois de fazer reflexões sobre o significado histórico, humano, antropológico e econômico, da grande corrida do ouro na Califórnia, nos anos cinquenta do século XIX, no vale do rio Merced, cujas nascentes encontram-se no parque, deu vazão às emoções daquele panorama deslumbrante.

Acontece que não viajei para a Sierra Nevada à procura de ouro, mas em busca do mais belo vale do mundo, o vale de Yosemite. As montanhas aproximam-se cada vez mais uma das outras. O rio troveja com crescente furor por sobre os escombros de rochas. A floresta permite a visão livre e eu contemplo um cenário de fadas, como não existe outro igual. O Merced, aqui reduzido a um arroio largo rumoreja aos meus pés. A água é tão cristalina que permite contra as pedras no fundo, observar a dança das trutas. Mais para o fundo abre-se um prado coberto de capim verde, de canas com pontas reluzindo como ouro e no meio delas, milhares de flores brancas, vermelhas, amarelas e azuis. Mais adiante ergue-se a floresta formada por árvores majestosas: pinheiros, cedros e pinheiros Douglas. À direita precipita-se a cascata Véu de Noiva, do alto de um vale de mil metros e desfaz-se em espuma. Também à direita sobe a mil metros de altura um bloco de granito tingido de vermelho pelo sol da tarde. Deram-lhe o nome de “el Capitán”. É o rochedo-sentinela no portal de entrada do vale das maravilhas. E, bem no fundo do vale, outro cume de rochedo sobressai às montanhas, o “Half Dome”, o mais famoso da Sierra Nevada. Sobre o panorama todo estende-se o céu azul e sobre ele navegam, suavemente, os brancos veleiros de Deus. (Rambo, Balduino. Diário de viagem nos USA. 1956. Manuscrito. p. 148-149)
Depois de desenhado o mapa panorâmico do vale  de Yosemite, num estilo literário em que sobressai o tom épico, o Pe. Rambo faz a descrição  científica dos componentes do vale, Em primeiro lugar, explica a gênese geológica e a moldagem final da paisagem durante o último  período glacial. Detalha depois a fauna do parque e de modo especial a composição da flora que, na condição de sua especialidade, logicamente chamava-lhe atenção especial. Chama a atenção a um dos maiores inimigos da floresta local, um fungo que se serve de um arbusto hospedeiro para depois atacar as árvores. Informa também que o volume da neve acumulada no vale durante o inverno, permite predizer a disponibilidade de água para a irrigação dos pomares e vinhedos no vale da Califórnia. Depois acomodado no alto de um dos rochedos do qual se tem uma visão global do parque, volta a desenhar mais um dos seus mapas panorâmicos.
Pouco antes do meio dia chegamos ao “Glacier Point”, um rochedo na extremidade superior do vale de Yosemite. Com certeza devem existir poucos lugares na terra, de onde se descortinam  paisagens  tão deslumbrantes. Para a direita a vista alonga-se por sobre as serras intocadas até os cumes cobertos de neve dos picos mais altos. Do lago Merced nasce o rio do mesmo nome, precipitando-se em duas cascatas: o Nevada Fall com 160 metros e o Vernal Fall com 95. Em frente, no lado oposto do vale, ergue-se o maior bloco de granito do mundo, o Half Dome, com 2760 metros acima do nível do mar e 1500 metros a prumo sobre o chão do vale. Para a esquerda desfruta-se uma visão sobre todo o vale, e mais adiante, sobre os altiplanos dos dois lados, inúmeros milhares de pinheiros Jeffrey, isolados, em grupos, ou formando florestas fechadas. Parecem-se com um  exército de soldados, aprestando-se para o assalto aos cumes das montanhas. Onde quer que haja uma saliência, uma fenda, um lugar para um pé, agarram-se os arbustos, carvalhos anões, castanheiras anãs, azaléias anãs. Essas últimas vestem na primavera os gigantes de pedra das montanhas com um manto real de púrpura, nas suas tonalidades mais esplendorosas. Aos meus pés o paredão de rochas precipita-se perpendicularmente por 976 metros. As fitas de um azul negro das estradas com os carros multicoloridos circulando nelas; a faixa azul clara do rio entre a floresta escura e os prados cor de ouro; as cidades de barracas e cabanas ao longo do rio, na floresta, ao pé da grande cascata; as multiformes rochas na beirada; o Half Dome fendido ao meio, os Arcos Reais, o Pináculo das águias, a Torre de Observação, as Torres da Catedral, o Capitão Sentinela: tudo compõe um quadro que somente um foi capaz de conceber: Aquele que, no canto de Habacuc, marcha sobre as montanhas e as faz tremer sob o passo marcial de suas eternidades. (Rambo, Balduino. Três meses na América. 1956. Manuscrito p. 151)
Mais  acima já apontamos que o Pe. Rambo nasceu em 1905 numa propriedade rural de pequenos agricultores no vale do rio Caí. Na época havia poucos moradores no planalto da parte superior daquele rio. A casa em que passou sua infância, toda construída em madeira, desde os fundamentos até a cobertura do telhado, ficava  poucos metros da mata virgem que cobria mais da metade da propriedade. Por ter sido o primeiro filho do casal Nicolau e Gertrudes, somado ao fato de o seguinte irmão somente nasceu quatro anos depois, fez de Balduino um menino solitário. Teve como companhia e como brinquedo dos primeiros anos da infância, a floresta virgem com suas árvores, seus pássaros e seus animais silvestres. Com isso interiorizou uma relação profunda, indelével e existencial  com ela. Par ele seria para o resto da vida, uma fonte de reflexões, de simbolismos, de vivências, como nenhuma outra realidade da natureza. Uma caminhada solitária por alguma floresta, despertava nele os sentimentos mais vigorosos, as emoções mais profundas, os simbolismos e as metáforas mais surpreendentes. Parece que, perambulando por alguma floresta, um poderoso vulcão, irrompia do mais profundo do seu ser. Em seu diário relatando a visita ao parque de Yosemite descreveu um desses momentos, ao caminhar pela floresta  de sequoias  gigantes
Em meio à floresta sem igual há um pequeno museu no qual o professor universitário Frank Potter e sua esposa explicam aos hóspedes tudo que merece ser conhecido. Onde as sequoias se concentram em grande número, como em volta desse museu, difunde-se por toda a parte na floresta, o brilho marrom vermelho da sua casca. Centenas de árvores novas que se confundem com ciprestes ladeiam os caminhos. Misturadas com as sequoias e formando a massa principal da floresta, crescem milhares de cedros da Califórnia, pinheiros brancos, pinheiros Douglas. Em altura não perdem para  os gigantes, embora raras vezes passem de dois metros de diâmetro. Um líquen amarelo-ouro reveste o tronco do pinheiro branco. O reflexo mescla-se com o marrom claro da casca da sequoia e, combinando com as manchas de sol e sombra, resulta numa luz colorida de extrema suavidade, envolvendo o chão de toda a floresta. Sem querer, a gente se descobre e sente-se pequenino como um camundongo entre esses gigantes reunidos em conselho. Que cantos não teriam deixado os poetas cantores do Antigo Testamento, ao falarem com tanta empolgação dos cedros do Líbano e dos gigantes de Monte Sião, se tivessem escutado a voz de Deus nessas florestas. Enquanto Davi e Salomão cantavam seus salmos; quando Isaías anunciava ao seu povo a futura vinda do Filho do Homem; quando Ezequiel contemplava o Senhor dos dias sentado no trono da sua glória, mais de mil anos já pesavam  sobre muitas dessas árvores. O Gryzzly Gigante contava com dois mil anos quando no Golgota foi erguida aquela árvore da qual cantamos: “Verdadeira árvore na qual pendeu o Senhor, mergulhado em angustia mortal”. O canto de luto do paraíso, o canto da árvores da vida dos deuses germânicos, o canto de vitória da árvore da Redenção. Toda a simbólica das sagas  e da arte da humanidade toma conta do caminhante na penumbra mortiça dessa floresta. Há muitas verdades entre o céu e a terra que não se encontram nos livros. Revelam-se no silêncio da floresta. (Rambo, Balduino. Três meses na América. 1956. Manuscrito. p. 154-155)
Depois da visita aos parques do oeste a programação previa uma visita ao parque nacional do Grand Canyon. A viagem foi de ônibus. Ao ler os apontamentos do diário em que descreve essa viagem nos mínimos detalhes, desdobra-se diante da imaginação um mapa tão perfeito, tão detalhada e tão real, que simula a impressão da participação física da vivência. A estrada cruza o território que foi o palco da saga da conquista do oeste pelos cawboys. Como era do seu hábito, antes de uma etapa de viagem, o Pe. Rambo lia obras que descreviam as características geográficas e contavam a história e as histórias de que o percurso tinha sido o palco no passado. Alimentava uma indisfarçável simpatia por aqueles  personagens rudes que consolidaram a conquista do oeste americano. Ele deve ter visto nesses pioneiros réplicas dos guerreiros da antiga Hélade que desfilam pelos cantos da Odisséia e da ilíada de Homero, obra que o acompanhava por onde quer que viajasse. Não deixava de ler diariamente pelo menos um ou outro canto no original grego. Descreveu a personalidade do cawboy como sendo o rancheiro modelo de virtudes e o homem que se contrapõe ao vilão igualmente presença obrigatória naquele contexto, portador de todas as más qualidades que um homem é capaz de carregar consigo. O conflito entre os dois é inevitável porque o mau rancheiro é ladrão de gado, bandido mascarado e assassino em série. O bom rancheiro é defensor da lei, protetor dos fracos e um homem que às vezes até reza. Ambos atiram igualmente bem, com uma mão, com as duas, para frente, para trás, simultaneamente para a direita e a esquerda. A ambos acompanha um bando de cawboys que cavalgam tão bem quanto atiram, leais no mal, leais no bem, exímios no beber, exímios no dançar, grandes na bandalheira, contudo cavalheiros até a morte para com a mulher honrada. Mas é contemplando a grandiosidade do Grand Canyon que o Pe. Rambo desenha mais um desses mapas que são marca registrada sua. A natureza inanimada é povoada por animais, pássaros e uma galeria de personagens históricos, procedentes de vários continentes e de diversas culturas, sugerindo uma bela amostra do “melting pot”, do cenário de síntese histórica e cultural que são os Estados Unidos da América do Norte.
A margem oposta eleva-se a 1700 metros. A maior altitude alcança os 2500 metros, quase encostando na região das altas montanhas. Um anfiteatro único no mundo descortina-se diante dos olhos. Sobre o leito do rio eleva-se  gradativamente o Tonto Plateau, coberto pelo Sagebrush (arbusto de lugares semi-desérticos), até ser substituído pelos terraços, as torres e os castelos de rochas mais acima. Os degraus envoltos nas cores amarelo, marrom, ferrugem, recuam cada vez mais. Sobrepõem-se na medida em que sobem, até terminar em dorsos isolados de  montanhas com formato de mesas e pontas rombudas, não poucas vezes distantes uns dos outros. Os americanos buscaram os nomes no mundo dos deuses e das lendas para essas montanhas singulares. Ergue-se aí o templo de Shiva, de Buda e de Brahma da mitologia indú; o templo de Confúcio da antiguidade chinesa, o templo de Zaratustra da antiga mitologia persa; o Walhala das lendas dos deuses germânicos, o trono de Siegfried da canção épica alemã. Mais abaixo ergue-se a pirâmide de Quéops da antiga história do Egito. Mais para além desse conjunto de torres, pirâmides, tronos, templos e milhares de castelos de rochas em ruínas, na margem norte, 30 quilômetros distante, duas faixas de rochas brancas, fecham a paisagem. Nuvens de tempo bom velejam sobre o vale. Um falcão peregrino precipita-se no abismo. Um Chipunk (esquilo terrestre), célere como um raio e uma ave semelhante à nossa gralha dos pinhais, disputam um petisco na frente dos meus pés. (Rambo, Balduino. Três Meses na América. Manuscrito. p. 180-181)
Depois dessa descrição da fisionomia geográfica e geológica do Grand Canyon e apontar as simbologias histórica que os americanos souberam encarnar nos seus grandiosos acidentes, o Pe. Rambo mostra toda a sua maestria literária ao descrever o amanhecer e o entardecer naquele grandioso cenário.
Nos dias seguintes passei muitas horas sentado aqui no alto contemplando o Grand Canyon, apreciando o jogo da alternância da luz e das cores. Quando os primeiros raios do sol da manhã, vindos da direção do Painted Desert, derramam a sua luz sobre os abismos escuros, os rochedos do leste brilham na tonalidade ouro de uma delicadeza impossível de precisar, enquanto nas encostas do oeste os vales e  abismos jazem mergulhados em cores negro-azuladas. Pela hora do meio dia as cores fortes vão desmaiando para o amarelo cinza, o marrom cinza, o vermelho ferrugem e o branco. No final da tarde, repete-se, na sequência inversa, a mudança dos jogos de luz e de sombra da manhã. Mas o vermelho dourado do sol da manhã cede lugar ao vermelho púrpura do ocaso. A maioria das fotos coloridas reproduzidas em livros, foram tiradas naquele horário. Deixam a impressão de que o Grand Canyon veste por natureza esse manto colorido. Pouco depois do por do sol, o vermelho passa para o púrpura escuro e as tonalidades cinza, amarelo e verde modificam-se para o azul fantasmagórico, que vai mergulhando cada da vez mais na escuridão da noite. (Rambo, Balduino. Treses Meses na América. 1956. Manuscrito. p. 181)



[1] Paul Heinz Koesters no seu livro “Deutschland deine Denker”  traça o perfil do filósofo da esperança  Ernst Bloch. Ernst Bloch, o filósofo da Esperança, nasceu 1885 em Ludwigshafen no Reno. No centro do seu pensamento encontra o conceito “Heimat” (querência). Entre as obras que o levaram a esse conceito estão os romances de aventura de Karl May. Entre índios, búfalos, pradarias – nesse panorama o jovem Bloch sentiu-se pela primeira ez “em casa”, na Heimat. Heimat só pode existir lá onde ha Liberdade. O judeu e marxista  Blochque emigrou para a América por causa dos nazistas e abandonou a Repíblica Democrática d Alemanha em 1961, lecionou ainda em Tuebingen onde faleceu com 92 anos em 1977. Num mundo que sofre pesadamente com a desesperança, Bloch ensina o homens a terem esperança. Num bloco de pedra de rocha rústico com milhões de anos lê-se a inscrição: “Pensar significa transpor o princípio da Esperanaça”.

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