O conhecimento condensado

O conhecimento construído tendo como ponto de partida a intuição, que o Pe. Rambo chamou de “condensado, perpassa a linguagem humana como uma melodia concomitante”. “É a nota dominante  no concerto musical  do espírito dinâmico do homem”. Coloca-se a essa altura a questão de como esse conhecimento, chamado também de “conhecimento popular”, pode ser observado, identificado e acompanhado no quotidiano dos indivíduos e das comunidades. Para quem tem olhos para ver  e ouvidos para escutar, apresentam-se muitas  modalidades que permitem perceber o “som subliminar” que acompanha  como melodia de fundo a linguagem. Um simples diálogo entre dois camponeses, por ex., sobre valores de família, de honestidade em negócios, de lealdade comunitária, de solidariedade, de compromisso mútuo, de posicionamento relativo ao significado de gênero, revela um conhecimento consolidado pela tradição camponesa. O mesmo vale para inúmeras outras situações de manifestações da cultura popular: contos, novelas, romances, teatros, músicas, artes plásticas ... Não por nada a “história do quotidiano” é valorizada hoje como uma fonte de informação aceita em qualquer centro de pesquisa para legitimar trabalhos acadêmicos, tanto dissertações de mestrado quanto teses de doutorado, artigos de revistas de circulação internacional ou livros de grande aceitação pelo público especializado. O conhecimento popular, portanto, está sendo tratado como fonte fidedigna para fazer ciência em História, em Sociologia, em Filosofia e em outros campos específicos do saber.


Mas há uma modalidade que perpetua por excelência o “conhecimento condensado”: os Provérbios. Tanto as grandes culturas e civilizações do ocidente, quanto do oriente, da América pré-colombiana e as dezenas de milhares de culturas menores espalhadas pelos cinco continentes, consagraram o seu repertório de provérbios. Famosos tornaram-se os provérbios chineses, japoneses, romanos, gregos, só para destacar alguns. Nenhuma tradição cTirol). “O homem conhece tão pouco suas fraquezas, quanto o boi sua força” (chinês); -  “Nem em cem anos o homem chega à perfeição, para corromper-se basta um dia” (chinês); -  “O homem ama seus próprios defeitos” (Cachimira); - “Os olhos enxergam tudo, menos a si mesmo” (Sérvia); - “O homem comporta-se como lobo para com os demais homens” (Roma); - “Despreza a tua própria vida e serás senhor da vida dos outros” (Tibet); - “Quem perde a vergonha perante os homens, perde o temor perante Deus” (Sérvia); - “Uma mula esfrega-se na outra” (Roma); - “É mais fácil tomar partido do que ficar fiel ao partido”. (Galês); - “Há muitos que não temem a Deus, ao bastão sim” (Sérvia); - É mais fácil ameaçar do que matar” (Itália); - “A alegria tem um corpo pequeno” (Nigéria); - “Deus perdoa ao ignorante” (Mauritânia); - “Os instruídos loucos são os melhores” (Suécia); - “Evita a quem nada sabe  e não sabe que não sabe – Ensina a quem não sabe e sabe que não sabe – Instrui a quem sabe e não sabe que sabe; Segue a quem sabe que sabe” (Índia); - “Saber pouco é perigoso” (chinês); - “Deus perdoa ao ignorante” (Mauritânia); - “Com o juízo alheio não irás longe” (Lituânia); - A sabedoria não está nos anos, mas na cabeça” (Armênia); - “Deixa o ignorante agir, ele próprio se arruína” (Pérsia); - “Quem nada sabe, duvida de nada” (França); - “É fácil opinar quando se está na praia, quando ocorre um naufrágio no mar” (Lapônia); - “Cuidado com loucos e tesouras” (Japão); - “As preocupações são como um tesouro que se confia”  apenas aos amigos (Madagascar); - “Há quarenta formas de loucura, mas só uma de juízo sadio” (Bantu); - “Saber é poder” ( Inglaterra); - “O ignorante sempre se revela quando fica tempo demais” (Sânscrito); - “O que não se entende, admira-se” (Índia); - “Uma coisa é ocultar, outra é calar” (Roma); - “A barba não faz o filósofo” (Roma”); - “Um gago entende o outro” (Roma); - “Bem viveu quem soube viver na obscuridade” (Roma): -  Menos músculos, mais cérebro.

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