O aniversário dos 72 anos da
biblioteca municipal de São leopoldo e o lançamento oficial da 28ª feira do livro de São
Leopoldo, oferece uma bela ocasião para refletir sobre três questões que nos
tocam muito de perto. A primeiro refere-se a São Leopoldo como núcleo de
irradiação do prtotótipo de um modelo de organização humana e de
desenvolvimento econômico, até então inexistente no Brasil e berço de promoção
da educação e cultura; a segunda questão convida a refletir sobre o significado
de uma bibioteca e uma feira do livro; a terceira, refeltir sobre a feira do
livro como instrumento de perpetuação da cultura.
1.
- São Leopoldo polo irradiador de um novo modelo de organização espacial,
social, econômica e cultural
-
São
Leopoldo como polo irradiador do Catolicismo Restaurado
-
São
Leopoldo como polo irradiador da Igreja Luterana de Confissão Evangélica
-
São
Leopoldo berço de importantes jornais como o “Deutsches Volksblatt” e “Die
Post”
-
São
Leopoldo dona da primeira usinna hidroelétrica do Estado
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São
Leopoldo sede da Rotermund, a maior editora de livros didáticos da América
Latina na época.
-
São
Leopoldo berço do ensino médio do sul do Brasil.
-
São
Leopoldo sede de importantes bibliotecas e acervos documentais
Por essas e outras razões, São
Leopoldo ocupa um lugar todo especial na gênese histórica dos municípios do Rio
Grande do Sul, motivo de justo orgulho e, ao mesmo tempo também de compromisso
com a preservação dessa magnífica
memória histórica e a sua perpetuação pela presente geração e as futuras.
2.
Bibliotecas e Feira do Livro.
Bibliotecas e Feiras do Livro são
dois conceitos complementares. Sugerem, por isso mesmo, a necessidade de
refletirmos por uns instantes sobre o personagem central deses dois conceitos:
O Livro. O livro entendido no seu significado de registro histórico de
informações sobre a presença do homem neste planeta, com todas as suas
conquistas e preocupações materiais, humanas, artísticas e espirituais.
Uma inscrição em latim numa
importante universidade alemã, senão me engano, Erfurt, soa mais ou menos
assim: “Aqui os mortos vivem, aqui os mudos falam”. Vale para qualquer biblioteca, por mais
modesta que seja e, por extensão vale para uma feira do livro. Mas vale, de
modo especial, para aquelas que guardam a memória e a história do homem, registrada, desde os tempos mais
antigos. Em princípio não importa se essa memória foi guardada em caracteres
cuneiformes encravados nas placas de cerâmica cozida dos antigos Caldeus, se
escrita em hieroglifos egípcios sobre papiros ou peles de cabra, se manuscritos
pelos monges da Idade Média, se impressos em papel depois que Gutenberg
inventou a imprensa, se guardada na forma eletrônica mais moderna e atualizada.
Independentemente da forma física como chegaram até os nossos dias, as
preocupações existenciais do homem nas diversas épocas da história, suas
percepções perante o desconhecido ou inusitado, suas reflexões a respeito dos
mistérios e incógnitas da vida, da natureza, do universo e de Deus, suas
manifestações literárias, estéticas e artísticas, a maneira de lidar com o
quotidiano, têm em comum, o que faz com
que seus autores, mesmo mortos, continuem vivos através de suas obras e
estas, embora mudas, falem do passado,
apresentado na forma, na dinâmica e na percepção das coisas, prórpia de cada
época e de cada autor.
Fiquemos com o que costumamos
chamar de livro, personagem central de
uma biblioteca e de uma feira do livro, como sugere o próprio conceito. Numa
ponta o poeta canta as maravilhas e as belezas da natureza, fazendo vibrar as
cordas mais sensíveis da alma humana. Na outra ponta engenheiros e técnicos de
todos os feitios e especialidades, munidos com seus modelos matemáticos e suas
ferramentas metodológicas, desenham e formulam
os inventos e os projetos, que abrem semprer novos caminhos e novas
modalidades, impulsionando o progresso
em busca da sastisfação das necessidades materiais, tonando menos sofrida a
vida do quotidiano. Entre os dois
extremos, a poesia como experssão suprema da arte e a tecnologia como motor do
progresso material, situam-se as demais
obras e autores que cobrem o interminável e complexo espectro das demandas da
natureza humana e das suas potencialidades em expressá-las. A litertura
reigiosa, a litratura filosófica, a literatura histórica, a literatura
científica, a literatura de fixão, a
literatura pedagógica, a literatura infantil, a literatura específica das
letras e artes, enfim, tudo que, de alguma forma, nos toca, está presente numa
biblioteca e numa feira do livro e merece o nosso respeito e reverência.
Merece-o porque fala de alguma das muitas facetas do humano no homem, assim
como ele foi percebida numa época e em cicunstâncias determinadas, por um
personagem, um autor, um escritor, na sua forma única, ideosincrática, de ver e
julgar as coisas.
Com isso conclue-se de que uma
discussão de qual é o setor mais
importante de uma biblioteca ou de uma feira do livro, resulta numa pura e
simples perda de tempo. Para começo de conversa, cada obra, cada artigo
publicado, cada página impressa, cada reflexão solitária registrada, tem valor
em si. Por isso mesmo merece respeito todo aquele que decide colocar no papel,
para quem quiser tomar conhecimento, seus interesses, suas preocupações, suas esperanças, seus
sofrimentos, suas frustrações, seus sonhos, seu gozo literário e artístico,
suas crenças, suas utopias. Todos à sua maneira credenciam-se a integrar um dia
a galeria dos personagens que, mesmo mortos, continuam vivos e, através das
suas obras, embora mudas, continuem falando durante milênios. Para tanto não é
preciso escrever obras de muitos volumes, nem obras que vasculham as raizes da natureza
humana, especulam sobre a origem do universo, perguntam pela origem do homem e
seu destino ou discutem o lugar ou o não lugar de Deus na Natureza. Basta uma página, um verso, uma linha quem
sabe, talvez uma sentença, para que seu autor se torne um imortal e sua obra,
embora muda, continue falando. A Ilíada e a Odisséia fizeram com que Homero
ainda hoje esteja tão vivo como há três mil anos atrás, seus milhares de
hexâmetros continuam falando dos herois e das guerras duma época que se perde
nas brumas do tempo. Da mesma forma milhares de provérbios de autores
conhecidos ou não, como ecos sempre repetidos, relembram princípios e valores
consolidados por séculos pelos diversos povos. Funcionam, por assim dizer como
a voz da consciência para chamar a atenção aos desvios cometidos no
comportamento esperado das pessoas no seu dia a dia. Por isso mesmo, funcionam
como um instrumento peagógico de alta eficiência. Quem não se lemmbra ter
ouvido da pai, da mãe, do professor, do vizinho ou de qualquer outra pessoa: o
ócio é mãe de todos os vicios; uma mula esfrega-se na outra, os semelhantes
costumam encontrar-se; a mentira tem pernas curtas, o melhor dos homens, quando corrompido,
transforma-se no pior dos corruptos; a ocasião faz o ladrão; não distribua o peixe
de graça, ensina a pescar.... e por ai vai. Sistemas filsóficos inteiros
desevolveram-se partir de uma simples
reflexão anotada num papel, como o “penso, logo existo, de Descartes.
Com isso não se pretende afirmar que a nível de repercussão
prática, todas as obras escritas pelo homem tenham mesmo alcance. Neste sentido
as epopéias de Homero ou Virgílio, a República de Platão, as “Confissões de
Santo Agostinho”, a “Suma Thologica de Tomás de Aquino, A Encilopédia Francesa,
o Kapital de Carl Marx, A Origem as Espécies de Darwin, os Lusíadas de Camões,
o Don Quixote de Cervantes, as Odes de Horácio, o Príncipe de Maquiavel, o
Werther de Goethe, etc., etc. e, não esquecendo evidentemente a Bíblia e o
Alcorão, certamente não podem ser comparadas com os primeiros passos de um
escritor principiante ou dos primeiros ensaios de aluno do ensino médio.
Por isso mesmo, para quem tem a
suficente sensibilidade e interesse para perceber a importância dos valores
perenes da humanidade, as bibliotecas assemelham-se a templos. Sugerem e
esperam uma atitude de veneração para quem as frequenta. Caminhar sem
compromisso, por entre as estantes de uma biblioteca e admirar os livros
disciplinadamente enfileiradas nas bandejas, vem a transformar-se num prazer
difícl de definir. Concentrar-se e, na medida em que se identificam autores e
obras, convencer-se de que, embora mortos há décadas, há séculos ou até
milênios, continuam falando numa linguagem muda inteligível para uma pessoa
minimamente preparada. E quando se dispõe de tempo para abrir a esmo obras nos
diversos setores de uma biblioteca, as surpresas podem ser muitas. Topamos com
autores que foram decisivos no despertar
para o gosto pela leitura, pelo saber e pelo conhecimento. Podem ser
experiências únicas. Vivi um desses momento quando organizei a biblioteca
histórica dos jesuitas guardada na Unisinos. Encontrei lá um exemplar do
primeiro livro que li há 74 quatro anos atrás. Foi uma sensação única poder
folhear novamente aquelas páginas impressas
em letra gótica miuda, de um autor islandes descrevendo a infância em
companahia do irmão, naquela ilha gelada do Ártico. Foi amor à primeira vista
pelos livro, pelas bibiotecas, pelos
acervos documentais e, obviamente pelas feiras de livros de todos os tamanhos,
destinadas, de um lado para os novos autores apresentarem o resultado dos seus
talentos e, do outro, estimular a leitura como alimento espiritual entre
adultos, mas de modo especial para despertar o maior número possível de leitores entre as crianças e os jovens.
E assim chegamos a Feira do Livro. Como já afirmamos mais
acima, biblioteca e feira de livro são conceitos mutuamente complementares. Se
as bibliotecas são os santuários onde os livros de todos os tamanhos, formatos,
conteúdos e épocas são guardados e postos à disposição dos leitores e
pesquisadores, as Feiras de Livro podem ser consideradas as janelas, as
vitrines, para chamar a atenção do grande públlico e estimuá-lo para a
importância da lelitura. De outra parte a Feira da Livro oferece o cenário
ideal para os novo talentos apresentarem ao público suas produções, sentirem a
satisfação impar de escrever dedicatórias em suas obras recém lançadas. E, por
fim, no caso específico de São Leopoldo, servir de ocasião para divulgar a sua
importante história de fomento à cultura, entendida no sentido mais lato e
estimular os escritores já em plena
produção, despertar novas vocações para escrever e apoiar os produtores e
divulgadores da ccultura. E em último lugar chamar a atenção às entidades particulares e públicas
diretamente comprometidas com o progresso e o
bem estar material, humano e espiritual, tem o aliado mais poderoso numa comunidade que lê e
assim eleva e aprimora cada vez mais o
seu nível cultural.