Os jesuítas e a imigração alemã – O projeto educacional #4

O ensino superior

Em 1949, a presença dos jesuítas no sul do Brasil completou um século. O motivo inicial da sua venda foi o de assumir a cura de almas entre os imigrantes alemães. A atividade pastoral das duas primeiras décadas dedicou-se ao renascer religioso dos colonos que tinham passado 256 anos sem assistência regular. Não tardou, entretanto, que se valessem da educação como instrumento de formação religiosa. Assim, durante um século inteiro, foi sendo escrita, página por página, a história bem-sucedida da educação, nesta parte do Brasil. O que ficou claro nesta história é que estamos diante de um projeto de educação em todos os níveis, sempre de acordo com as exigências do tempo. Não se observam saltos, nem rupturas, apenas divergências saudáveis na escolha dos meios, métodos e estratégias. No embalo  do ritmo e dinâmica da História, passou-se do Ensino Fundamental, ao Médio, e deste, ao Superior de graduação e pós-graduação. E assim, no começo da década de 1950,  estava tudo preparado para dar o passo decisivo para o nível superior, de acordo com a legislação que disciplinava esse nível no País, isto é, oficializar a Faculdade de Filosofia, responsável pela formação das novas gerações de jesuítas, que já contava com perto de 40 anos.
O envolvimento da Ordem no Ensino Superior foi marcado, além da história que teve seu marco na oficialização da Faculdade de Filosofia, contou com vários episódios anteriores pouco conhecidos. No começo do século XX, o então Presidente do Estado (hoje Governador), Borges de Medeiros ofereceu aos jesuítas as Faculdades então em funcionamento em Porto Alegre, a incumbência de criar outras e transformar numa universidade. Acontece que não foi possível reunir número suficiente de quadro qualificados para aceitar a oferta. A participação direta dos jesuítas naquelas instituições públicas não passou da participação do Pe. Schupp na comissão da fundação da Escola de Engenharia, e as aulas que, por algum tempo ministrou na instituição. Uma situação similar impediu que os jesuítas assumissem a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a pedido do arcebispo D. João Becker no começo da década de 1940. Não havia recursos humanos suficientes preparados para assumir nem a direção acadêmica nem a administrativa. Depois de terminada a Guerra ficou ad vez mais evidente a urgência para investir pesado no ensino superior. Entre os jesuítas de então definiram-se dois grupos: aqueles que defendiam o ponto de vista de que os membros da Ordem de fato preparados numa determinada especialidade deveriam tentar entrar em alguma das universidades existentes. O alvo preferencial deveriam ser as universidades públicas. Esta linha tinha como um dos seus defensores o Pe. Balduino Rambo, fundador da cátedra de Etnografia e Etnologia da UFRGS. Por sua mão vários jovens jesuítas recém-formados assumiram postos nas diversas disciplinas daquela universidade. O próprio Pe. Urbano Thiesen, fundador da Unisinos regia a cátedra de História da Filosofia na UFRGS. Ao lado das preleções na universidade, lecionava nas Faculdades de Filosofia e Teologia Cristo Rei e do Seminário Central em São Leopoldo. Do tempo que sobrava das preleções acadêmicas, o Pe. Thiesen com seus colaboradores montou o processo para a oficialização da Faculdade de Filosofia da parte do Ministério da Educação, o que aconteceu em outubro de 1953. À oficialização do Curso de Filosofia, seguiu o de Letras e Pedagogia, todos para uso interno dos estudantes jesuítas, nas dependências do Colégio Cristo Rei. Em 1958, com abertura de vagas para candidatos leigos os cursos foram transferidos para os antigos prédios do Seminário Central no centro de São Leopoldo. Novos cursos foram criados, ainda na década de 1950: História Natural e Ciências Sociais e a  Faculdade de Ciências Econômicas. Ao mesmo tempo, Porto Alegre, junto à Santa Casa, tomava forma a Faculdade Católica de Medicina. Assim estavam sendo colocadas as bases para uma universidade: A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a Faculdade de Economia e Faculdade de Medicina. Esta última terminaria não integrando a Universidade do Vale do Rio dos Sinos, quando criada em 1969. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, foi enriquecida, no decorrer de 1960 pelos cursos de História, Física, Química, Matemática, Letras Anglo-Germânicas e Neolatinas; a Faculdade de Economia com os cursos de Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Na mesma década foram implantadas as Faculdades de Direito e Arquitetura. Esse complexo de cursos superiores serviu de  a base à Universidade do Vale do Rio dos Sinos, criada por decreto presidencial, em 31 de julho de 1969 e instalada no dia 10 de dezembro do mesmo ano.
Nos 45 anos que se seguiram à instalação da Universidade do Vale do Rio do Sinos, até hoje, a instituição multiplicou seus cursos de graduação, implantou a Pós-Graduação em nível de Mestrado e Doutorado, e, ultimamente instalou campi em sedes fora de São Leopoldo, está investindo no ensino à distância e está fazendo parcerias com  empesas de alta tecnologia, algumas com sedes no próprio Campus Central de São Leopoldo.

 A universidade do Vale do Rio dos Sinos em São Leopoldo


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